Aventuras de uma moto enxada

A minha moto enxada é bem velhinha. Já a comprei há quinze anos atrás e, nessa altura, já devia ter mais de vinte. Mas a verdade é que na aparência ela agora parece ter menos idade do que quando a comprei, apesar de ter durante estes quinze anos sujeitado a máquina a grandes esforços, tanto a efetuar trabalhos agrícolas como no transporte de diversos materiais como madeiras, pedras, areias, cimento, terra, etc. Na altura da compra ela parecia um “charuto” destinado à sucata a breve prazo, mas arrisquei comprá-la, atendendo à falta de poder de compra, uma "maleita crónica" à qual já me habituei.
Naturalmente a máquina está agora mais desgastada do que há quinze anos atrás, mas graças a uma manutenção regular como mudanças ou abastecimento de óleo do cárter, filtros e outras lubrificações necessárias e também a manutenções periódicas gerais que incluíram algumas pinturas do equipamento, a máquina está com aspeto razoável, não aparentando a idade que tem. É certo que também lhe fiz algumas alterações que lhe retiraram alguma originalidade, mas foram alterações que, quanto a mim, em muito beneficiaram o seu funcionamento e facilidade de uso. Entre essas alterações contam-se:

Troca das jantes originais por umas jantes de automóvel, com pneus mais largos. No rodado dianteiro as jantes foram colocadas ao contrário, o que fez com que as rodas ficassem separadas por uma distância maior, originando uma maior estabilidade na máquina, uma vez que o rodado era muito estreito e, devido a isso, o trator capotava com alguma facilidade em terrenos mais irregulares.

Troca do tanque de combustível de metal por um depósito transparente de plástico, para que esteja sempre à vista o nível de gasóleo existente. Este depósito foi adaptado de uma vasilha de cinco litros própria para combustíveis e funciona lindamente. Impede a formação de ferrugem, que foi, aliás, a primeira razão que motivou a troca. Pode parecer uma solução precária, eu próprio pensei isso inicialmente, mas afinal verifiquei, com o tempo, que foi a solução ideal, para resolver não só o problema da ferrugem, como também o aborrecimento que era de estar a espreitar para o interior do depósito para ver o gasóleo que tinha, ou mesmo a ter que lá enfiar um pau para verificar o nível.

Aplicação de um manípulo para que possa parar motor em qualquer altura, mesmo quando sentado ao volante. Também foi uma alteração importante porque anteriormente só podia parar o motor depois de sair do veículo, pois isso tinha que ser feito na parte mais baixa do motor. Não sei se originalmente a máquina vinha assim, se vinha, parece-me um falha de segurança, mas o problema ficou resolvido com esta alteração.

A alteração mais recente e que também veio facilitar o uso da máquina, foi a colocação de umas aplicações na capota do motor para a tornar basculante. A capota não era muito prática para aceder ao motor, fosse para meter óleo no cárter ou, no inverno, para colocar algumas gotas de gasóleo no pistão para facilitar o arranque, entre outras coisas, pelo que decidi minorar esse inconveniente fazendo uma espécie de dobradiças na capota que é fixada agora com apenas dois parafusos, sendo as porcas apertadas ou desapertadas à mão.

No vídeo que se segue o estimado leitor pode ver a capota a funcionar, assim como a forma como procedo para pôr o motor a trabalhar em tempo frio.



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