CONSTRUÇÃO DE UM TANQUE PARA ÁGUAS PLUVIAIS

O sistema de aproveitamento de águas pluviais da minha chácara conta agora com um novo depósito com capacidade para 8.500 litros. A área de captação que inclui os telhados de todas as pequenas construções da chácara é de apenas cerca de 60 metros quadrados, a que se somam mais cerca de 20 m2 que correspondem à própria área dos tanque abertos. No entanto, essa área tem sido mais do que suficiente para que, na época das chuvas, todos os três tanques que já existiam e que totalizam 20.000 litros de capacidade enchessem e transbordassem para fora, às vezes até antes do inverno acabar, pelo que entendi que seriam muito vantajoso aumentar a capacidade de armazenamento. Claro que por muita água que se armazene durante o inverno, ela nunca será demais para gastar no verão, mas se essa água for bem gerida, isto é: se for usada nas regas com alguma parcimónia é possível manter as árvores, a relva e algumas pequenas culturas saudáveis e verdejantes.


Com este tanque irá ser possível, já na próxima época de chuvas que se avizinha, armazenar 28.500 litros de água, o que mesmo assim não é muito, mas se cair alguma chuva nos meses mais adiantados da primavera ou mesmo no verão esse armazenamento poderá ser renovado. No entanto, como já disse, é preciso gerir bem essa água e adaptar a atividade da chácara aos recursos hídricos disponíveis. A título de curiosidade menciono que durante este verão que foi de seca extrema, alguns dos meus vizinhos queixaram-se de que os seus poços tinham secado e que já não dispunham de água para regar, enquanto na minha chácara consegui ter sempre água para regar as árvores de fruto, um gramado e algumas plantas, até que surgiram as primeiras chuvas em setembro. Isso só foi possível graças a uma boa gestão da água.

Optei por construir este novo tanque em cima de um pequeno lago que tinha apenas a profundidade de 20 cm e que tinha sido feito há alguns anos atrás. Esse lago tinha uma boa fundação em concreto armado e estava portanto apto a servir de fundo ao tanque. Assim foi mais fácil e mais barata a execução desta obra.



1 – Assentamento dos tijolos das paredes


Devo dizer que optei por utilizar tijolos cerâmicos na construção do tanque, por uma questão de economia e também porque o tanque não é de dimensão muito grande, sendo possível fazer um bom tanque dessa maneira. 

Comecei por limpar bem o cimo ou o bordo das paredes do lago que iria servir de base para o assentamento dos tijolos Depois molhei bem essa base e coloquei algum cimento em pó para uma melhor fixação da primeira fiada de tijolos. Utilizei nas peças cerâmicas, argamassa de areia dos rios de crivo médio e cimento na proporção de três partes de areia e uma de cimento, para que ficasse uma argamassa de boa qualidade. Um pormenor importante no assentamento dos tijolos foi o facto de ter deixado as juntas dos topos, na parte de dentro do tanque, um pouco abertas de modo a que depois ao rebocar a massa de reboco viesse a penetrar no interior dos tijolos o que é de primordial importância para a segurança do reboco e das próprias paredes.

2 – Colunas ou pilares dos cantos e cinta de travamento


Abri buracos na base de concreto nos cantos das paredes, onde chumbei uma pequena armação de ferro de 8 mm e enchi as colunas com concreto de areia, brita miúda e cimento, numa proporção rica em cimento. Procedi de igual modo na viga ou cinta de travamento no cimo das paredes, tendo deixado essa cinta inclinada para dentro de modo a que a água que irá cair no cimo das paredes escorra para dentro do tanque e não para fora. Essa cinta, conforme ia sendo feita, era logo de seguida afagada com pó de cimento para a tornar impermeável e também para evitar a deterioração do cimo das paredes.

3 – Chapisco das paredes


Para uma melhor aderência do reboco chapisquei as paredes no interior do tanque com argamassa de areia grossa e cimento, isto para além de, como já disse, ter deixado alguma abertura nas juntas dos tijolos. Ainda ponderei colocar uma malha ou rede de arame encostada aos tijolos que serviria de armadura ao reboco, mas desisti da ideia, pois como o reboco não iria ultrapassar os 2 cm de espessura existiria sempre o risco dessa malha ficar muito à superfície, enferrujar e fazer saltar a massa nalguns pontos do reboco, como por vezes acontece em colunas, vigas, etc. Quanto a mim a solução ideal seria um reboco bem aplicado fazendo a sua ligação com o interior dos tijolos através da abertura que tinha deixado nas juntas dos mesmos.

4 - Reboco do interior do tanque


Fiz a massa para este reboco com duas partes de areia dos rios, uma parte de areia fina isenta de gomas e uma parte de cimento. O reboco ficou com a espessura de 1,5 a 2 cm de espessura e tive o cuidado de fazer penetrar a massa nas juntas dos tijolos. De resto procedi como é normal num qualquer reboco de paredes que é deixar as paredes aprumadas e bem desempenadas.

No entanto o reboco do interior de um tanque, não é um reboco normal, pois tem que se fazer a impermeabilização das paredes com a aplicação de massa de cimento simples, sem mistura de nada a não ser água, pelo menos eu procedi assim e é assim que sempre tenho feito nos vários tanque que já construí, sem nunca ter tido problemas. Esta massa de cimento a que se dá também o nome de lasso de cimento é aplicada à colher ou à talocha por cima do reboco fresco, ou seja logo a seguir ao acabamento do reboco. A sua espessura não deverá ultrapassar os 2 mm de espessura para evitar rachaduras e, algum tempo depois, que varia consoante a secagem da mesma, mas que, na maioria dos casos, não deverá ultrapassar a meia hora, de ter sido desempenada e alisada com a colher, procede-se a um segundo alisamento com uma trincha molhada. Este procedimento para além de ajudar ao desempeno da parede deixa-a com uma leve rugosidade o que pode ser bom para quem quiser fazer uma super impermeabilização utilizando tinta própria para esse efeito. No caso deste tanque é isso que tenciono fazer quando terminar a cura do cimento que deverá demorar cerca de um mês.

5 – Fechar a última parede com tijolos (procedimento não aconselhável, mas vantajoso para quem não tem ajudante) 


Como não tinha ninguém para me ajudar na construção do tanque tinha optado por deixar uma abertura numa das paredes com a finalidade de poder passar com os materiais para dentro do tanque, principalmente a areia e o cimento para rebocar o interior do tanque. Assim reboquei as três paredes já acabadas e depois coloquei os tijolos que faltavam na parede que tinha ficado com a passagem aberta. Não é um procedimento muito normal na construção de um tanque, mas assim o trabalho ficou mais facilitado pois evitei ter que andar a saltar as paredes e a transportar para lá os materiais com dificuldade. De resto, a segurança da construção não ficou minimamente afetada pois os tijolos que faltavam foram colocados logo que acabei o reboco das três paredes, assim com a cinta de travamento e, no dia seguinte a parede, foi rebocada. 

6 - Impermeabilização do fundo do tanque 


O fundo do tanque já era impermeável, mas mesmo assim distribuí mais uma camada de argamassa pelo fundo e bordos do antigo lago, tendo no dia seguinte com a ajuda de uma trincha e de uma vassoura espalhado lasso de cimento por cima argamassa fresca colocada no dia anterior.

7 - Reboco exterior


Fiz a massa para o reboco exterior igual à do reboco interior, mas optei por um acabamento das paredes em areado com a finalidade de mais tarde serem pintadas com tinta plástica.

8 – Colocação da boca de rega


Não deixa de ser curioso, mas a verdade é que gastei quase tanto na aquisição da boca de rega como tinha despendido até então na construção do tanque. Tinha pago cerca de 80 euros pelos tijolos, areia e cimento e esta torneira de duas polegadas, nova, mas já bastante antiga custou 50 euros e ainda tive que discutir o preço para obter algum desconto. Poderia ter optado por uma solução mais barata, mas esta torneira ou boca de rega era perfeita para o que pretendia e era uma peça que tinha sido fabricada com a finalidade de ser aplicada em tanques de cimento.

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