Já fazia o aproveitamento da água da chuva, utilizando o pequeno tanque situado por debaixo do depósito. Agora decidi aprofundar mais esse aproveitamento. |
Já
falei no blogue de alguns pequenos projectos que idealizei com a finalidade de
conseguir alguma poupança em termos de consumo de energia, utilizando aquilo
que a natureza fornece gratuitamente. São tudo pequenas coisas, algumas até bem
rudimentares, e que exigiram investimentos pequenos, mas que são uma ajuda
preciosa para equilibrar um orçamento familiar bem exíguo, onde tudo é contado
ao cêntimo.
O meu sistema solar térmico, bastante original e que até pode parecer “terceiro
mundista”, tem contribuído para uma diminuição do consumo de gás que estimo em
mais de 50%. Desde o mês de Março que o esquentador de água praticamente não é
posto a funcionar e isto numa habitação de cinco pessoas, onde todos tomam
banho diariamente e portanto o consumo de água quente é bastante elevado.
É
a água, esse bem precioso, que é, nesta altura, uma das minhas preocupações em
termos da conta a pagar mensalmente. E não é pelo consumo da água em si, mas
antes pelas taxas duplicadas e cobradas, respeitantes não só à água, mas também
ao saneamento e aos resíduos sólidos. Nas facturas constam, para além do preço
da água, mais uma tarifa fixa (penso que é referente à água), mais uma taxa de
saneamento fixo, outra de saneamento variável, uma taxa de resíduos sólidos
fixo, mais outra variável. Depois tem o TRH – água e o TRH – saneamento (o que
é que isto significa?) e para terminar tem, como não podia deixar de ser, o
omnipresente IVA. Com todas estas alcavalas, a factura de Junho em que a
parcela da água é de 14,40 euros, o total é de 37,98 euros, o que quer dizer
que a parte de leão fica por conta das taxas e impostos, equivalendo a 23,58
euros.
Com a água a servir de trampolim para outras facturações, a única solução é tentar diminuir o consumo de água da rede. |
Penso
que as taxas variáveis funcionam em função da água consumida, no entanto, se em
relação ao saneamento isso ainda pode ter alguma lógica, uma vez que um maior
consumo de água pode aumentar a quantidade enviada para os esgotos, mas não obrigatoriamente,
pois pode acontecer que grande parte dessa água seja utilizada de outro modo,
como em regas, por exemplo, não me parece que, no que respeita aos resíduos sólidos,
isso seja coerente, e quem se lembrou de tal coisa deve ter deduzido que quem
consome mais água também produz mais lixo, o que também pode não acontecer.
Tudo
isto pode funcionar como incentivo à poupança de água, o que é benéfico, mas
não tem em conta a existência de agregados familiares numerosos onde há
necessidade de gastar muita água em banhos, lavagem de roupas, etc., o que
aumenta as dificuldades de equilíbrio do orçamento doméstico.
E
depois há também a dúvida sobre se esses contadores novos que os Serviços de
Águas instalam agora funcionam como deve ser. Eu, pessoalmente, tenho algumas
dúvidas, pois passei de uma média de 5 metros cúbicos , para 21 metros cúbicos ,
contabilizados em Junho, após terem mudado o contador. Das duas uma: ou o
antigo funcionava mal ou este agora funciona bem demais.
Ainda
pensei em ir reclamar, mas desisti, pois não adiantava nada e só ia perder
tempo, dado o estado a que as coisas chegaram. Em vez disso resolvi por em
funcionamento um sistema de aproveitamento de águas pluviais, uma ideia que já
não é nova, pois já fazia esse aproveitamento, não só em casa, mas também na
minha chácara, só que agora decidi aprofundá-lo um pouco mais e tentar através
desse método diminuir a conta da água.
Trata-se
de algo muito simples, um investimento de pouco mais de 100 euros, em que
utilizo um depósito de 1000
litros , para onde é direccionada a água proveniente do
telhado principal da habitação. Como o telhado é de duas águas, o depósito fica
situado junto a uma das caleiras, sendo a da outra caleira canalizada através
de tubos de pvc que descem ao nível do solo subindo depois no outro lado da
casa para o depósito. As juntas destes tubos têm que estar bem vedadas pois
ficam a aguentar alguma pressão, mas deste modo evitei o atravessamento dos
tubos pelas paredes do edifício, o que seria bastante inestético. Numa das
junções desses tubos apliquei um T por onde se pode fazer a limpeza da tubagem
e que permite que as primeiras chuvas, após um período de estio, se escoem por
aí, não seguindo para o depósito pois essas águas são muito sujas devido a
transportarem o pó e outros detritos acumulados no telhado quando estão vários
dias sem chover.
Durante
o verão tenho a possibilidade de encher o depósito com água de um poço situado
a cerca de 100 metros ,
utilizando para isso uma pequena motobomba de 1 polegada .
Posso
assim utilizar a água do poço ou da chuva para fazer lavagens de pisos, rega de
plantas, lavagem de roupa ou para alimentar os autoclismos das casas de banho.
Inicialmente, tinha pensado em construir uma estrutura para elevar o depósito,
com a finalidade de obter maior pressão e ligá-lo à canalização da casa,
fechando a água da rede, mas acabei por desistir, pois para isso era necessário
fazer a bombagem da água para o depósito o que obrigaria a um investimento
maior e, para além disso teria também de consumir energia eléctrica para o
funcionamento da bomba o que tiraria autonomia ao sistema, embora saiba que há
sistemas de aproveitamento de águas pluviais que funcionam desse modo.
De
qualquer maneira, como estas águas não são potáveis e não podem por isso ser
utilizadas para todo o consumo, a ligação à rede de água da habitação talvez
não fosse uma boa ideia. O ideal seria ter duas redes independentes, sendo uma
para as águas tratadas e outra para aquelas que seriam destinadas a fins que
não exigem o uso de água potável. E, por falar nisso, até acho um pouco absurdo
gastar águas que foram tratadas com produtos específicos para poderem ser
utilizadas para consumo humano, em regas, lavagens de chão, ou nas sanitas. No
caso das regas, penso que o cloro até deve fazer mal às plantas.
Afinal, aproveitar a água das chuvas é muito simples e penso que muitas pessoas já fazem
isso, desde que o tipo de habitação o permita. Sempre se consegue diminuir um
pouco a factura e é uma pequena contribuição para a sustentabilidade do
planeta.
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