Na pequena agricultura caseira, normalmente utilizam-se pulverizadores manuais. Nestes aparelhos, o cobre foi substituído pelo plástico, o que os torna mais leves. Este tem capacidade para 16 litros e tem o tubo telescópico, o que é vantajoso quando se trata de pulverizar árvores e também para abranger uma área maior quando se está no meio dos batatais. A calda é preparada num recipiente onde se coloca água suficiente para fazer a diluição do produto. Depois coloca-se o resto da água, sendo que normalmente a concentração é de 250/300 gramas para 100 litros de água, o que, grosso modo, equivale a duas colheres de sopa (a medida que é costume utilizar-se na pequena agricultura), para 10 litros de água.
Alguns
dos trabalhos agrícolas mais aborrecidos de fazer para os pequenos agricultores,
são os tratamentos contra as diversas pragas que afetam as culturas. Na
primavera, quando os dias estão amenos e húmidos, acompanhados de orvalho,
nevoeiro ou chuva e em que as noites são frescas e os dias são quentes está
composto o cenário ideal para a propagação do míldio, essa doença terrível que
afeta as batateiras, os tomateiros e as videiras, entre outras plantas.
Estas batateiras apresentam manchas acastanhadas nas folhas, o que significa que já foram atacadas pelo míldio. Tinham sido pulverizadas com um fungicida com propriedades curativas, sete dias antes da captação da imagem e, nessa altura, não apresentavam sinais de doença. O tempo que decorreu entre os tratamentos esteve bastante favorável à disseminação do fungo, mas, mesmo assim, é justo pensar que os químicos utilizados não foram eficazes, no entanto é bem possível que se não tivesse existido qualquer tratamento este batatal estivesse já completamente destruído pela doença.
É
então urgente fazer o tratamento dos batatais, de preferência antes que estes
estejam infetados, porque depois da doença instalada é mais difícil combatê-la
e terão de ser utilizados produtos mais agressivos, o que pode ter influências
nefastas no fruto. Os tratamentos deverão ser, então, preventivos, e mesmo que
os batatais estejam bonitos e saudáveis, se as condições do tempo estiverem
favoráveis à doença é de todo aconselhável fazer esses tratamentos.
Mas,
então, que produtos devem ser utilizados para a prevenção da doença nos
batatais?...
O
ideal seria não utilizar produtos químicos – a agricultura biológica é muito
romântica – mas ninguém estará disposto a arriscar a perda de uma cultura, em
que se investiu muito, não só financeiramente, mas também com trabalho próprio.
Para se semear um batatal, mesmo com apenas duas ou três centenas de metros
quadrados, é necessário fazer a preparação do terreno (lavragem e fresagem)
adquirir batatas de semente (quando não se têm do ano anterior) que são de
custo bastante elevado e depois, claro, proceder à sementeira e colocar adubo,
que também não é barato. Passados alguns dias, antes das batateiras nascerem e
se o tempo estiver seco, é conveniente arrasar, esgadanhando um pouco o terreno
com um ancinho, pois isso irá atrasar o aparecimento de ervas daninhas. Mais
tarde. quando as batateiras já estão com algum crescimento. é altura da sacha.
Normalmente (pode ser antes) é a seguir à sacha que, se o tempo estiver
favorável à doença, se iniciam os tratamentos preventivos contra o míldio.
Nesta
altura já foram aplicadas na cultura largas dezenas de euros e o bom senso
apela a esses tratamentos. Mas que produtos utilizar?...
Eu
apenas conheço produtos químicos e são estes que costumo utilizar, no entanto
fui à procura de produtos naturais e encontrei alguns que indicarei no final do
post, mas como não os testei não posso dar qualquer opinião sobre os mesmos.
Os
produtos químicos para tratamento do míldio da batateira dividem-se em três
grupos:
Fungicidas de contato
São
fungicidas que à superfície da planta permanecem ao nível da epiderme e impedem
a penetração do fungo parasita, actuando na germinação do esporo.
Penetrantes
Penetram
na planta, mas não são transportados pelo sistema vascular. Pelo seu poder
penetrante, são capazes de destruir o fungo no interior da planta até dois dias
após a contaminação. A persistência de acção é muito reduzida.
Sistémicos
São
absorvidos pela planta, entrando na circulação da seiva. Apresentam uma acção
curativa, sendo capazes de proteger todos os novos órgãos da planta que
emergirem após o tratamento. Possuem uma acção curativa de um a dois dias, e
uma protecção de dez a doze dias.
O
fungicida que utilizei no tratamento dos meus batatais, pelo que li nas instruções
do mesmo (é de toda a conveniência ler sempre as instruções), pode ser
considerado penetrante, uma vez que é composto de propinebe, um produto que tem
uma atividade apenas preventiva e por cimoxanil, um outro químico que penetra
nos tecidos da planta, exercendo atividade curativa, quando aplicado
imediatamente após a infeção, isto é: logo ao aparecimento dos primeiros
sintomas de doença.
Optei
por este fungicida porque tenho dois batatais e um deles apresenta já alguns
sinais de míldio. Decidi utilizá-lo também no batatal que não apresenta sinais
de doença, para não ter de comprar dois produtos diferentes e também porque a
sua ação penetrante é localizada, não entrando na circulação da seiva e por se
tratar de um batatal com menos de um mês. Devo dizer também que nunca utilizei
fungicidas sistémicos, dado o perigo que representam uma vez que os químicos
podem chegar ao fruto, optando por fazer tratamentos preventivos, evitando
descuidos na vigilância dos batatais, se bem que mesmo assim não consiga evitar,
de todo, o míldio.
Na primeira parte do primeiro vídeo está a ser pulverizado um batatal ainda jovem. Na segunda parte o batatal é mais crescido e apresenta alguns sinais de míldio. Neste caso e porque as plantas têm folhagem abundante, procuro pulverizar o interior da ramagem, incluindo a parte debaixo das folhas. No segundo vídeo estou a aplicar um produto biológico à base de potássio, cuja finalidade é fortalecer as plantas, aumentando a sua resistência.
Parece
um paradoxo estar a aplicar remédios em algo que não apresenta sinais de
doença. É quase como alguém estivesse a tomar comprimidos para combater uma
maleita de que ainda não sofre e que não se sabe ao certo se virá a sofrer. Neste
caso trata-se de plantas e talvez valha mais a pena prevenir do que remediar,
mas não deixa de ser chato andar a espalhar veneno em cima das plantas que nos
irão servir de alimento.
Quanto
aos produtos naturais, eles existem e era bom que fossem utilizados em lugar
dos químicos, mas era também preciso que resultassem. Eles estão pouco difundidos, mas
também é possível que não haja interesse na sua utilização porque o vil metal,
infelizmente, é que influencia o mundo…
Aproveitando o facto de estar "com as mãos na massa", fiz também o tratamento preventivo dos tomateiros com a mesma calda aplicada nos batatais.
Receitas para combater o míldio
Triture
um kg de alho em três litros de água (se possível da fonte) e um litro de
álcool, deixe macerar por 24 horas, de seguida coe e reserve. Use um litro
deste preparado para cada 20
litros de água. Aplicar preventivamente, com 15 dias de
intervalo entre a primeira e a segunda aplicação, no caso de plantas já infectadas
dar o mesmo intervalo nas duas primeiras e de um mês nas seguintes, até à cura
das plantas.
Fonte: nPlantas
Fonte: nPlantas
Fungicida
preventivo (míldio da batateira e do tomateiro e outra doenças criptogâmicas):
Sempre
que o tempo estiver húmido, aplicar infusão de cavalinha (Equisetum arvense).
Para preparar esta infusão, pôr as plantas, (um kg de planta fresca ou 150 g de planta seca para 10 litros de água) de
molho durante 24 horas e depois ferver durante 20 minutos, tapar e deixar
arrefecer. Diluir a 5% antes de pulverizar.
Para tratar o míldio da batateira pode também aplicar-se extracto fermentado de salva (Salvia officinalis) (um kg de folhas e flores em
Fonte: Horta do Pv
Míldio do tomateiro
Ferver
um molho de hortelã e coentros. Eles produzem uma calda bem cheirosa com a qual
se pulverizam os tomateiros.
Fonte: BEM-ESTAR
Fonte: BEM-ESTAR
Como
já referi em cima não efetuei qualquer teste destes produtos, portanto não sei
se são eficazes ou não. Como não são receitas minhas indico abaixo de cada uma
delas a sua origem.
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A geada queima as batateiras, eu sei e toda a gente sabe que isso acontece, portanto os batatais semeados em Janeiro e Fevereiro e até mais tarde, correm o risco de um dia para o outro ficarem completamente chamuscados, mais ou menos como ficavam as plantações de tabaco quando se encontravam na fase de secagem...
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