Por esta imagem ninguém diria que se está a fazer um suporte para bicicletas. |
Sempre
reparei em casa as minhas bicicletas e as dos meus familiares e não só, pois já
tenho feito alguns consertos em bicicletas de amigos que me pedem para o fazer,
aliás, até já um dia estive prestes a montar uma pequena oficina, mas recuei
nessa decisão por achar que não seria um negócio muito rentável. Depois de
muitos anos a fazer esse trabalho achei que era tempo de ter um suporte para
pendurar as bicicletas e fazer as reparações de uma forma mais cómoda, pois com
a bicicleta encostada a uma parede ou a outra coisa qualquer ou mesmo no
descanso (aquelas que o têm), não é muito prático, pois para alguns serviços é
necessário estar agachado ou muito curvado e as bicicletas estão sempre a
mover-se e também é preciso estar a virá-las de posição quando estão
encostadas, para se ter acesso às partes a reparar.
Depois
de ter consultado os preços de alguns suportes destinados a esse fim, cheguei à
conclusão de que pelo preço de um desses instrumentos de qualidade razoável,
poderia comprar uma também razoável bicicleta. Fiquei a pensar que uma
bicicleta nunca vou ser capaz de construir (apesar de em criança ter tentado
fazer uma de madeira), mas um suporte para as reparar com certeza que seria uma
tarefa que levaria a bom porto.
Foi
assim que resolvi fazer eu próprio um suporte para reparar as minhas
bicicletas. A maneira como o fiz é certamente pouco usual e arrisco-me a dizer
única, mas acho que o resultado final é bastante aceitável, ficando com um
instrumento prático, seguro e económico, pelo que vou arriscar a ser menos
modesto, trocando o aceitável por bom. Passo a explicar a forma como procedi:
É
meu costume utilizar cimento para grande parte dos meus pequenos projetos
caseiros, se bem que para alguns talvez existissem alternativas melhores se
recorresse a um aparelho de soldar, mas mesmo assim as coisas têm resultado.
Desta vez não foi diferente e, sem copiar o modelo de nenhum suporte existente
no mercado, imaginei e construí este, utilizando betão, cujo inconveniente
poderia ser o facto de ficar um pouco mais pesado em relação a modelos convencionais,
mas esse inconveniente foi anulado ou, até, transformado em vantagem, com a
utilização de rodas giratórias que permitem deslocar o instrumento, ou rodá-lo
da forma que achar mais propícia para o trabalho a realizar. Para além de
cimento utilizei o seguinte material:
O suporte pronto a ser usado. |
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Um tubo de PVC com 1,20m e 90mm de diâmetro.
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Dois vasos de plástico para alargamento da base do tubo.
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Três pedaços de ferro retângular oco, para os pés.
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Um pedaço de ferro oco um pouco mais largo, para o braço do suporte.
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Um bocado de ferro das obras com 12 para ficar dentro do tubo e do cimento.
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Dez litros de areia e brita.
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Um pequeno torno de bancada
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Três rodas giratórias com travão.
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Catorze parafusos.
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Um pouco de tinta.
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Dois recipientes de um frigorífico velho, para fazer duas pequenas prateleiras
para colocar pequenas peças ou ferramentas.
Todo
este material era de restos das minhas obras ou proveniente de sucatas, que vou
guardando, à exceção das rodas e do torno. As rodas tive que as comprar e foi o
material que ficou mais dispendioso, cerca de 10 euros, porque optei por rodas
de boa qualidade. Quanto ao torno trata-se de uma pequena e velha ferramenta
que estava inoperacional há muito tempo, porque era demasiado frágil para
serviços normais de bancada. Estava completamente enferrujada e sem utilidade
nenhuma, mas vi naquele torno um ótimo préstimo para o meu suporte. Tratei de o
recuperar, tendo resultado em pleno, mas primeiro tive necessidade de fazer
algumas alterações na peça. Assim, retirei-lhe os mordentes e no lugar de cada
um coloquei a metade de um tubo com 50mm de diâmetro, que foi revestido com
borracha de modo a não causar mazelas na pintura do quadro das bicicletas.
Depois
de reunido todo o material necessário fiz os buracos no tubo e num dos vasos
para enfiar os pedaços de ferro oco, de modo a que ficassem com as pontas
dentro, embutidas no betão. A argamassa entraria também no interior dos ferros,
ajudando à sua fixação. Depois de tudo bem organizado e com o ferro das obras
dentro do tubo, com este bem aprumado, enchi a coluna com betão, vibrando bem e
deixando depois a secar durante três dias, após o que fiz a sua pintura e um
dia mais tarde a montagem das rodas, deixando o instrumento pronto a funcionar.
Conclusão:
O suporte com a primeira bicicleta. |
Fazer
um suporte para reparação de bicicletas, afinal não é difícil nem muito
dispendioso. Qualquer pessoa o faz facilmente e em vez de usar cimento, pode
simplesmente soldar os ferros ao tubo que faz de coluna do aparelho, só que
neste caso o tubo tem de ser de ferro, como é natural, e isso é capaz de
encarecer um bocado a obra. Da maneira como o suporte foi construído o braço
não é regulável em altura, mas não acho que isso seja um grande inconveniente,
se houver o cuidado de o deixar à distância do chão ideal, de acordo com a
altura de cada um, de modo a proporcionar a melhor posição para o trabalho.
Este suporte, do chão até ao ponto de apoio do quadro, tem 1,50m, no entanto,
para a minha altura que é 1,75m, teria sido melhor que ficasse com menos dez a
20cm. Depois der testar o instrumento cheguei a essa conclusão, mas já descobri
a maneira, caso sinta necessidade disso, de o baixar mais ou menos nessa mesma
medida, bastando para isso mudar a posição do torno rodando-o 180 graus.
Para além das fotos fiz também um pequeno vídeo de demonstração, para melhor verificação dos resultados.
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