Era uma destas pontes que eu utilizava para ir à Quinta do Almegue. Penso que seria a da primeira foto mas também poderia ter sido a da segunda imagem e já agora, aproveitando para dar largas à imaginação
e brincando um pouco: "quem sabe se não teria sido aquela senhora, com a cesta à cabeça, que tropeçou no garrafão e o lançou ao rio?"
Como o episódio da ponte, ligado ao meu primeiro emprego, ficou indelevelmente gravado na minha memória, resolvi fazer uma pesquisa na Internet para tentar saber algo mais sobre esta ponte de madeira e sobre a Quinta do Almegue. Fiquei agradavelmente surpreendido quando encontrei um blogue http://historiasesabores.blogspot.com/2007/03/pontes-de-coimbra-as-pontes-de-madeira.html a falar precisamente desta e de outras pontes de madeira que existiram em tempos recuados nesta zona do rio. Embora nos apontamentos retidos na minha memória não exista concordância absoluta acerca da descrição que é feita sobre a localização exacta destas pontes, uma dessas estruturas constante de uma das fotos publicadas nesse blogue, atraiu-me imediatamente a atenção pelo facto do local, situado na margem esquerda do rio, me ser de algum modo familiar, com o seu arvoredo, os botes de madeira e o edifício onde existia uma loja comercial.
Para tentar obter mais esclarecimentos sobre a verdadeira configuração do local na altura e também sobre a Quinta do Almegue, que eu erradamente pensava que teria desaparecido completamente com a construção da via-rápida e, mais recentemente, o Centro Comercial Fórum, resolvi deslocar-me ao local, no dia 15 de Fevereiro de 2009, um domingo, aproveitando o facto de estar um tempo magnifico, com muito sol e de conciliar assim o meu habitual passeio de bicicleta dominical, com esta pesquisa que se veio a tornar muito agradável.
Pensava que a antiga estrada para o Almegue tinha sido totalmente absorvida pelos acessos ao centro comercial, no entanto quando cheguei ao local e, após uma análise da zona, verifiquei que a entrada para essa estrada se faz agora na via-rápida, no sentido Bencanta/Coimbra, muito perto do sítio onde se situava a quinta, mais ou menos no local onde existia o caminho vindo da ponte de madeira.
Verifiquei então que o que restava da quinta se resumia aos edifícios em ruínas e a uma área de terreno onde está um enorme monte de terra, porque aqui vai passar uma nova estrada, que irá atravessar o choupal em viaduto e que está a causar grande polémica, devido aos problemas ambientais que irá provocar. Mas descobri também que, caso tivesse efectuado estas investigações sobre a quinta alguns meses mais cedo, poderia ter chegado à fala com o seu proprietário, o Sr. Lourenço, que faleceu há poucos dias, com uma idade bastante avançada. Estes esclarecimentos foram-me prestados por um senhor de cerca de 60 anos, que se encontrava nas proximidades a guardar um pequeno rebanho de ovelhas, que também falou da existência no local da ponte de madeira e da loja na margem do rio.
Daqui dirigi-me para a parte inferior do Açude-Ponte, tendo atravessado o rio para a margem direita, onde se encontravam várias pessoas a pescar, tendo abordado duas que aparentavam idades de cerca de 60/70 anos, no sentido de obter mais esclarecimentos sobre a ponte de madeira. O que me foi dito por ambos, veio apenas confirmar a exactidão das minhas memórias sobre a localização da estrutura e também da portagem que era cobrada para a atravessar, que importava em 20 centavos (dois tostões).
Esta ponte ligava as duas margens do rio, da zona próximo do local onde hoje está o edifício da Segurança Social, ao Almegue, onde existia um poço que, segundo uma lenda da época, não tinha fundo, o que se veio a revelar não ser exacto, pois o dito poço foi aterrado aquando da construção do açude-ponte.
Segundo a página da Internet que consultei, estas pontes eram desmontadas no inverno por causa das cheias, o que desconhecia, sendo no entanto essa ignorância talvez devida ao facto de o tempo em que trabalhei na Casa de Saúde, seis meses, corresponder ao período de Abril a Setembro, altura em que o caudal do rio era menor
.
O facto das pontes não estarem em serviço durante os meses de inverno, poderá originar alguma confusão com a identificação das mesmas, que até poderão tratar-se da mesma via de comunicação, com estruturas diferentes, fotografadas em anos distintos.
Para tentar obter mais esclarecimentos sobre a verdadeira configuração do local na altura e também sobre a Quinta do Almegue, que eu erradamente pensava que teria desaparecido completamente com a construção da via-rápida e, mais recentemente, o Centro Comercial Fórum, resolvi deslocar-me ao local, no dia 15 de Fevereiro de 2009, um domingo, aproveitando o facto de estar um tempo magnifico, com muito sol e de conciliar assim o meu habitual passeio de bicicleta dominical, com esta pesquisa que se veio a tornar muito agradável.
Pensava que a antiga estrada para o Almegue tinha sido totalmente absorvida pelos acessos ao centro comercial, no entanto quando cheguei ao local e, após uma análise da zona, verifiquei que a entrada para essa estrada se faz agora na via-rápida, no sentido Bencanta/Coimbra, muito perto do sítio onde se situava a quinta, mais ou menos no local onde existia o caminho vindo da ponte de madeira.
Verifiquei então que o que restava da quinta se resumia aos edifícios em ruínas e a uma área de terreno onde está um enorme monte de terra, porque aqui vai passar uma nova estrada, que irá atravessar o choupal em viaduto e que está a causar grande polémica, devido aos problemas ambientais que irá provocar. Mas descobri também que, caso tivesse efectuado estas investigações sobre a quinta alguns meses mais cedo, poderia ter chegado à fala com o seu proprietário, o Sr. Lourenço, que faleceu há poucos dias, com uma idade bastante avançada. Estes esclarecimentos foram-me prestados por um senhor de cerca de 60 anos, que se encontrava nas proximidades a guardar um pequeno rebanho de ovelhas, que também falou da existência no local da ponte de madeira e da loja na margem do rio.
Daqui dirigi-me para a parte inferior do Açude-Ponte, tendo atravessado o rio para a margem direita, onde se encontravam várias pessoas a pescar, tendo abordado duas que aparentavam idades de cerca de 60/70 anos, no sentido de obter mais esclarecimentos sobre a ponte de madeira. O que me foi dito por ambos, veio apenas confirmar a exactidão das minhas memórias sobre a localização da estrutura e também da portagem que era cobrada para a atravessar, que importava em 20 centavos (dois tostões).
Esta ponte ligava as duas margens do rio, da zona próximo do local onde hoje está o edifício da Segurança Social, ao Almegue, onde existia um poço que, segundo uma lenda da época, não tinha fundo, o que se veio a revelar não ser exacto, pois o dito poço foi aterrado aquando da construção do açude-ponte.
Segundo a página da Internet que consultei, estas pontes eram desmontadas no inverno por causa das cheias, o que desconhecia, sendo no entanto essa ignorância talvez devida ao facto de o tempo em que trabalhei na Casa de Saúde, seis meses, corresponder ao período de Abril a Setembro, altura em que o caudal do rio era menor
.
O facto das pontes não estarem em serviço durante os meses de inverno, poderá originar alguma confusão com a identificação das mesmas, que até poderão tratar-se da mesma via de comunicação, com estruturas diferentes, fotografadas em anos distintos.
Relativamente a ponte de madeira a minha tenra idade faz com que a informação que tenho seja muito diminuta. Contudo gozo dos prazer de uma vista magnifica que a Quinta do Almegue(local onde resido) oferece sobre a cidade de Coimbra. Apesar disto tenho tambem o relato sobre estas outrora ferteis ínsuas bem como a ponte de madeira e os celebres Barqueiros do Mondego, atraves de uma sabedoria octagenaria da minha senhoria. Engraçado é pensar que em tempos o mondego pôde ser atravessado a pé!
ResponderEliminarGostei da abordagem feita sobre as antigas pontes de madeira que, sobretudo na época de Verão, atravessavam o Mondego e que ficavam localizadas em frente de alguns cais que, ainda hoje, se encontram edificados na margem direita. Lembro-me, particularmente, da ponte do "Modesto", situada em frente ao cais que dava acesso ao lugar da Guarda Inglesa, onde sempre vivi. Por isso a atravessei milhentas vezes no tempo de estio, porque no período invernoso, a travessia era feita de barco, face ao volumoso caudal de água, que não várias vezes galgava as suas margens, inundando os férteis campos de milho e laranjais então existentes.
ResponderEliminarA figura típica do "Modesto", o Ti Manuel de seu nome verdadeiro, era um homem de estatura baixa, mas de rija têmpera, com residência fixa na Guarda Inglesa, mas que no período de Verão se instalava com a família numa barraca de madeira junto à antiga feira dos 23, na margem esquerda. Ali guardava todos os seus utensílios, entre os quais o barco que utilizava, ao serviço das pessoas, no período de Inverno, na travessia entre as duas margens, cobrando-se, naturalmente, desse serviço. Ali tinha também as redes com as quais pescava os belos barbos e bogas então existentes. O "Modesto" tinha ao seu serviço, neste período invernoso, um indivíduo que tinha a particularidade de ter sido amputado de um braço e por isso ser conhecido como o "Maneta". Este facto não o impedia de manejar o barco, servindo-se do único braço que possuía e do seu ombro para empurrar a vara que utilizava na condução.
Recordo pessoalmente com saudade essa ponte, pois era o percurso que quase todos nós utilizávamos, sobretudo os que pretendiam aceder à Baixa da cidade (Rua das Solas - atualmente Rua Adelino Veiga, Rua das Padeiras, etc.), por ser muito mais perto do que utilizar a Ponte de Santa Clara, para nós muito mais distante.
No Verão o rio apresentava um aspeto totalmente contrastante, pois apenas passava um pequeno fio de água (por ficou sendo conhecido por "Basófias), que as lavadeiras aproveitavam para lavar as suas roupas de casa ou até mesmo as de algumas Instituições do Exército sedeadas em Santa Clara (Regimento de Artilharia Ligeira nº 2 e C.I.C.A. 4), trabalho que era feito pela Ti "Maria do Albano", também residente na Guarda Inglesa. Os inúmeros lençóis eram lavados nas pedras que cada lavadeira possuía e, de seguida, ficavam a corar e a secar nos extensos areais então existentes. Aos fins de semana, sobretudo no período das festas da Rainha Santa, era frequente algumas famílias fazerem no areal barracas construídas com canas e respetivas coberturas, ali dormindo durante a noite. Que jeito que davam durante as noites do fogo de artifício, pois tinham dele uma visão magnífica, apesar do inconveniente da queda dos correspondentes caniços, que no dia seguinte eram apanhados pela rapaziada de perto.
Que interessante o seu relato. Sabe dizer-me de quem era a casa, hoje em ruínas, que está junto a uma moderna oficina de pneus na Guarda Inglesa (entre o Convento de S. Francisco e a Rua Coelho da Rocha)? Se souber agradeço imenso que partilhe a informação...ou o que dela souber... (Miguel P.)
EliminarObrigado pelo comentário. Na verdade eu apenas conheço, ou melhor, conhecia aquela zona do Almegue, desde a quinta onde ia buscar leite, até às margens do rio. Isto foi nos anos 60 e, como certamente sabe, o local está completamente diferente. No entanto ainda consigo ver, na minha imaginação, como aquilo era naquele tempo.
EliminarQuanto à sua pergunta, lamento mas não o posso ajudar.