RECRIAÇÃO DA BATALHA DO BUÇACO


Monumento evocativo da batalha do Buçaco
O meu blogue tem sido pretexto para efectuar algumas viagens ao passado. Normalmente são recordações sobre momentos da minha vida que eu acho que merecem ser lembrados e por isso são viagens que normalmente não ultrapassam o espaço temporal de cinco décadas. Mas uma vez por outra lá faço uma viagem mais longa e hoje viajei no tempo 200 anos, tendo ido até ao ano de 1810, onde fui assistir ao vivo à Batalha do Buçaco.

A recriação desta célebre batalha, realizou-se às Portas de Sula, no local exacto onde, no dia 27 de Setembro de 1810, se defrontaram as tropas de Massena e o exército anglo-luso, comandado pelo general Arthur Wellesley. Esta recriação foi realizada por cerca de 200 participantes, oriundos de associações napoleónicas de vários países. Tratou-se de uma reprodução a preceito, com uniformes e armamento da época, que procurou dar a conhecer, tão fielmente quanto possível, as batalhas e os combates que se realizaram.

A batalha do Buçaco foi um dos episódios do período das invasões francesas, rotulado como determinante no contexto da Guerra Peninsular, que vieram negar a Napoleão o controlo das Península Ibérica.

Foi em 1810 que os franceses mandaram o general André Massena, à frente de um exército de 65.000 homens, para derrubar as forças luso-britânicas, que estavam em inferioridade numérica, num cálculo que rondava os 50.000 homens.

A táctica dos luso-britânicos no Buçaco acabou por fazer mossas no exército francês que ainda tentou chegar mais a sul, mas desfalcado de homens pela vitoriosa acção dos aliados no Buçaco, não passou as famosas linhas de Torres Vedras.

A batalha do Buçaco fez parte da terceira invasão francesa do território português, que teve início em 1810 sob o comando do Marechal André Massena, que avançou pela região nordeste de Portugal, conquistou a Praça-forte de Almeida em Agosto, na fronteira, marchando em seguida sobre Lisboa. No entanto foi interceptado pelas forças luso-britânicas, neste pesado combate na batalha do Buçaco, de onde saiu com o exército bastante debilitado.

Massena no entanto não desistiu, reagrupou as tropas e retomou a marcha flanqueando as tropas luso-britânicas e forçando-as a recuarem para defender a capital. Os franceses atingiram as Linhas de Torres a 14 de Outubro, erguidas na previsão dessa eventualidade e onde as tropas luso-britânicas os aguardavam desde o dia 10, retirando-se derrotados, ao final do dia seguinte.

Se não fosse a derrota do Buçaco, Massena teria sido mais ousado.

A derrota do Buçaco cortou as “asas” a Massena e impediu que “voasse” até aos cerros de Alhandra, do Sobral de Monte Agraço e de Torres.

Se não fosse a derrota do Buçaco, Massena teria sido mais ousado em frente das Linhas de Torres e, quem sabe, se não teria sido vitorioso.

A vitória do Buçaco teve, portanto, consequências imediatas e materiais e, mais ainda, consequências morais e futuras.

Todas as tropas portuguesas que tomaram parte activa na batalha se comportaram com grande valentia. Wellington e Beresford assim o reconheceram e manifestaram nas suas ordens do dia. Mereceram ser citados em especial os nomes dos coróneis Champalimaud, Xavier Palmeirim e Souto Maior; dos tenentes-coronéis Sulton, José Maria Bacelar, Douglas, Jorge de Avilez, Nixam, Luís do Rego Barreto, Sebastião Pinto de Araújo, Elder, etc.

Beresford, na sua ordem do dia de 28 de Setembro e Wellington na ordem do dia 30, elogiam e mostram-se reconhecidos para com as tropas portuguesas que tomaram parte na batalha do Buçaco.

A sua manifestação era um justo preito à bravura dos nossos soldados.

Números e curiosidades da batalha do Buçaco.

4.486 foi o número de baixas do lado francês, incluindo cinco generais. Os aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha que é considerada um modelo defensivo.

65.050 homens faziam parte do exército comandado por Massena, que tinha três Corpos de Exército e 114 bocas de fogo de artilharia.

52.272 homens faziam parte do exército de Wellington no Buçaco. Eram sete divisões de infantaria, três brigadas independentes, apenas quatro esquadrões de cavalaria e 60 bocas de fogo de artilharia. Daquele número total de militares, 25.429 eram portugueses.

Embora tivesse um número de divisões de infantaria igual aos franceses, as divisões não estavam agrupadas em Corpos de Exército. A infantaria tinha um efectivo idêntico ao dos franceses: 49.326 anglo-lusos contra 49.809 franceses. A artilharia era quase metade e a cavalaria disponível no Buçaco era francamente inferior da parte dos Aliados: 210 britânicos para 8.419 franceses.

Além das forças presentes no Buçaco, Wellington dispunha de várias unidades de cavalaria, 4.369 homens, perto da Mealhada e mais para sul do Rio Alva. Para lá deste rio estavam também estacionadas unidades de infantaria, a divisão portuguesa do coronel Carlos Frederico Lecor, com um efectivo de 4.811 homens, além dos efectivos deixados na guarnição de Lisboa e outros pontos do país.

Logo que em Coimbra se recebeu a notícia da vitória alcançada pelo exército anglo-luso, houve iluminações, músicas, bailes, repiques de sinos e outras manifestações de regozijo.

Segundo um ofício enviado por Wellington ao nosso ministro da guerra, D. Miguel Pereira Forjaz, o exército inglês, perdeu 40 oficiais, mortos ou feridos, e 560 praças de pré. As tropas portuguesas tiveram 31 oficiais, mortos ou feridos, e 571 praças de pré.

Ficaram prisioneiros dos franceses, 1oficial inglês e 50 praças de pré, sendo 20 portuguesas.

Pode ver de seguida algumas imagens dos participantes na recriação da batalha e também dois pequenos vídeos. Tentei fazer um vídeo com a totalidade da batalha, mas a capacidade do cartão de memória não o permitiu, tendo acabado a meio. No entanto já tinha feito outros filmagens, que postarei numa próxima oportunidade, assim como mais fotos. A qualidade dos vídeos na é a melhor, pois foram feitos com a máquina fotográfica, porque não possuo câmara de vídeo.








Fonte consultada: Revista do Jornal Mealhada Moderna, nº 358 de 22 de Setembro de 2010.
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