Quando há meio século
atrás a minha mãe me dizia para ir à mercearia “aviar um recado”, ou seja,
fazer aquelas pequenas compras para satisfazer necessidades do momento, estava
longe de imaginar que um dia pudesse entrar num supermercado, servir-me e
escolher eu próprio os produtos que desejo ou de que preciso, sem interferência
do vendedor, isto, bem entendido, desde que possua o dinheiro necessário para
os adquirir pois o que mudou também foi a relação de confiança, ou quase
familiar que existia entre comprador e vendedor e que permitia que se ficasse a
dever. O merceeiro ia apontando no livro os produtos que os clientes iam
adquirindo aos poucos e estes iam pagando no fim da semana ou do mês, conforme
as possibilidades de cada um.
Muitas mercearias e tabernas, ostentavam este quadro nas paredes, onde figurava um comerciante arruinado, porque vendera a crédito e o outro que enriquecera, porque vendera a dinheiro. |
No entanto, essas
facilidades eram só para os vizinhos e clientes conhecidos e muitas mercearias
e tabernas ostentavam quadros ou letreiros com frases onde se desencorajava os
fregueses a pedirem fiado. Algumas dessas frases ganharam alguma celebridade
como aquela que dizia “fiado só para maiores de 90 anos acompanhados dos pais”
ou “freguês educado não cospe no chão, não pede fiado e não diz palavrão” ou
ainda “aqui só se fia no dia 30 de Fevereiro”.
Naquele tempo não se
faziam listas de compras e quando a minha mãe me dizia, por exemplo:
- Zé! – Vai à venda
buscar 100 gramas
de café…
Então eu, para não me
esquecer do recado, fazia todo o caminho para a mercearia a repetir:
“- Cem gramas de café…
cem gramas de café… cem gramas de…”
Claro que, muitas vezes,
chegava a casa não com 100
gramas de café, mas com meio quilo de açúcar ou um quilo
de arroz, porque a mesma frase repetida durante um percurso de várias centenas
de metros, ia sofrendo modificações e às vezes chegava junto do merceeiro e já
não sabia o que ia para comprar.
E quando ia buscar
petróleo para o candeeiro!...
Aí não havia enganos,
pois já levava a garrafa do petróleo (quando não a partia pelo caminho) e mesmo
que pedisse vinho, o merceeiro logo via que era petróleo que eu queria. Mas se
calhar ele preferia vender vinho, pois notava-se algum enfado no seu rosto,
quando via a garrafa do petróleo, vá-se lá saber porquê!
Mas isto já se passou há
muitos anos e agora ninguém vai à mercearia comprar petróleo, nem outros
produtos, pois essas lojas já quase não existem.
Nos dias de hoje, em que
as necessidades são outras, muito mais diversas, mas em que as dificuldades
continuam para muito boa gente, é de realçar a importância das grandes
superfícies comerciais e da concorrência que existe nesse sector, pois se é
verdade que a sua finalidade principal é a obtenção de lucros, também é verdade
que essa concorrência, derivada do grande número de lojas que existem um pouco
por toda a parte, é benéfica para as pessoas de menores recursos, que têm assim
um amplo leque de escolhas em muitos produtos, podendo optar por diversas
marcas cujo preço varia imenso.
Promoções há muitas. É preciso saber aproveitá-las. |
Em principio os produtos
de mais baixo preço, deverão ser também de menor qualidade, mas nem sempre isso
acontece e a verdade é que algumas vezes a diferença é mesmo só no preço.
Saber comprar é hoje em
dia uma “arte” absolutamente indispensável para a sobrevivência de pessoas com
fracos recursos e as campanhas e promoções de produtos que são feitas
diariamente pelos super e hiper-mercados se forem bem aproveitadas podem ajudar
a equilibrar os magros orçamentos de muitas famílias.
Claro que é preciso estar
em cima do acontecimento e fazer visitas amiúde às lojas, pois estas costumam
pôr em promoção produtos que não estavam assinalados nos folhetos que elas
distribuem.
Deve-se ter também atenção e não nos deixarmos iludir com promoções que por vezes atingem os 50%
ou até mais em alguns produtos pois o seu preço poderá ter sido inflacionado e
o desconto real não ser esse ou até existirem produtos idênticos à venda que
mesmo sem qualquer desconto conseguem ser ainda mais baratos dos que se
encontram em promoção. E acontece também estarem produtos em promoção num lado
e noutro estarem os mesmos produtos ainda mais baratos.
Já há muito tempo que
ando à “caça” das promoções e quando encontro produtos em conta e com duração
prolongada, que não correm o risco de se estragarem, também gosto de
“açambarcar” um bocadinho. Gostava de poder entrar num supermercado e comprar
aquilo de que necessito, sem olhar a preços e dar preferência a produtos
nacionais, mas a lei da sobrevivência impede que isso aconteça. Temos pena.
Olá querido amigo! Vi que se passaram suas férias , achei engraçado o video dos melhores momentos.. ahaha, Ôh criatividade !! :D
ResponderEliminarAndo ocupada por demais aqui com meus afazeres, quase não sobra tempo para escrever no blog porque na hora de pensar a preguiça domina e desisto! Mas,sobrou um tempinho pra verificar os amigos e o que andam fazendo ...
Lendo sua publicação lembrei de minha época de criança, eu tb fazia meu caminho até a 'venda' para coprar as coisas para minha mãe, eu tb ia repetindo as coisas pelo caminho e eu SEMPRE trazia coisa errada ! :D ...
Beijinho meu amigo, espero que tudo esteja bem por ai, abraço para a família!
A amiga Cintia continua amável e super-simpática, como sempre. Grande amiga!
ResponderEliminarAfinal parece que vivemos na mesma época e no mesmo local, tantas são as semelhanças das nossas recordações. O Oceano Atlântico é apenas um pequeno ribeiro que nos separa.
Também eu desejo, para si e para toda a sua família, que esteja tudo bem. Por aqui vai correndo tudo dentro da normalidade.
Muito obrigado por não se esquecer do seu vizinho lusitano.
Muitos beijinhos para todos aí.