A QUINTA DOS LIVROS

A Biblioteca Itinerante nº 18 da Fundação Calouste Gulbenkian, que teve a sua sede em Miranda do Corvo foi, durante várias décadas, uma janela aberta para a cultura, uma fonte de conhecimentos que se deslocava de terra em terra espalhando a erudição, o sonho e a fantasia, presentes no conteúdo mágico dos livros.

Esta Biblioteca entrou em funções em Setembro de 1959, e foi durante muitos anos o maior contributo para a cultura das populações por onde passava, numa altura em que os livros eram, por excelência, a maior fonte de difusão dessa cultura. Deixou marcas positivas e indeléveis em gerações de leitores que a frequentaram e que ainda hoje sentem saudades dela e, certamente também, dos muitos livros que leram e das histórias que ficaram para sempre guardadas na memória.

Bibliomóvel  "Quinta dos Livros"
Esta Biblioteca não acabou, ela continua viva e bem viva, agora com outro nome e integrada noutra Instituição, mas lá bem no fundo a sua missão continua a ser a mesma: ir ao encontro das pessoas transportando cultura e possibilitando a todos o acesso gratuito ao livro.

Claro que agora os tempos são outros, vivemos em plena era do desenvolvimento informático, onde parece não haver tempo para mais nada a não ser para as novas tecnologias e onde o computador é rei.

Mas um livro é sempre um livro e terá sempre um lugar indestrutível e insubstituível na formação do ser humano.

Em 2001 o serviço itinerante da biblioteca da Gulbenkian foi transferido, através de um protocolo, para a Fundação Assistência e Desenvolvimento Profissional de Miranda do Corvo, passando a carrinha utilizada no serviço a ser designada por Bibliomóvel.

No dia 19 de Maio de 2010, a ADFP inaugurou um novo Bibliomóvel, designado por “Quinta dos Livros”, criando uma ligação da biblioteca à natureza e aos animais presentes na Quinta da Paiva e no Parque Biológico, coisas tão do agrado dos pequenos leitores.

Como não podia deixar de ser a “Quinta dos Livros” acompanha também a evolução dos tempos, estando equipada com material informático, permitindo o acesso às novas tecnologias e estando também acessível a pessoas com mobilidade reduzida.


Estas duas fotos estão separadas por um espaço temporal de meio século. No entanto, apesar da distância e
das diferenças naturais motivadas pela evolução, a missão destas bibliotecas continua a ser a mesma:
espalhar o conhecimento e a cultura entre as populações.
A Fundação ADFP tem também um pólo fixo na sede da instituição, aberto a toda a comunidade e possui um fundo bibliográfico de 30 mil livros. Actualmente com 2.700 leitores inscritos, visita escolas e infantários, fazendo igualmente paragens no centro das aldeias, permitindo que as populações de 62 localidades do distrito de Coimbra possam ter acesso gratuito ao livro. Para tal foram estabelecidos protocolos com as Câmaras Municipais de Coimbra, Góis, Miranda do Corvo e Penela, e ainda com as Juntas de Freguesia de Casal de Ermio e Serpins.

Trata-se de uma Biblioteca pró-activa com programas para todas as idades, tendo em 2004 lançado o programa “Ano Zero da Leitura” cujo objectivo é colocar os mais pequenos a “gatinhar” para o livro visitando Creches e Jardins de infância. Em 2010, implementou uma actividade semanal dirigida aos idosos, intitulada “No meu tempo é que era”, e que consiste na recolha e divulgação de vídeos, fotos e contos sobre actividades e profissões já extintas ou em vias de extinção, as quais fazem parte do imaginário deste grupo etário.

É bom saber que, volvido meio século, a Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo continua em plena actividade!

Fonte consultada: Site da Fundação ADFP

4 comentários:

  1. Oi querido amigo! Aqui temos nossas bibliotecas móveis também, funcionam do mesmo jeito e muitas delas ainda tem por acompanhantes atores que realizam presentações encenando peças infantis. Em muitos dos lugares mais afastados , nos sertões onde não há tecnologia, essa é uma ocasião de festa...sempre especial!
    Achei maravilhosa a primeira fotografia , antiga ... uma linda foto!

    Um beijinho ao meu amigo e, com o final de semana se aproximando, meus votos de muita diversão...aproveite!
    Cintia

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  2. Olá amigo José.
    Ainda bem que alguém tomou conta da biblioteca. Ninguém imagina a falta que estas B.I., fizeram e fazem às populações mais escondidas do nosso país. Pena que houve algumas que desapareceram completamente, como foi o caso da de Castelo Branco, porque o sr. presidente da Câmara da altura, devia ter pouco conhecimento do que é o livro ir ao encontro das pessoas e não o contrário. Na Guarda, onde estive a trabalhar nelas, ficou o carro e cerca de 15 a 25b mil livros. Já me constou que trabalhou algum tempo mas que agora está parada. Era bom que alguém viesse desmentir-me. Por fim, tenho a dizer que é muito fácil estar em gabinetes com ar condicionado em Lisboa, decidir sem ter conhecimento do trabalho de campo que esses autênticos guerreiros da cultura, fizeram por esse país fora. Não têm conhecimento do que é privar com uma senhora de 100 anos, que lia todos os clássicos portugueses, com Camilo ou Eça. Com chuva, neve e também o duro calor do interior, lá estavam eles, percorrendo estradas. Muito havia para contar. Pena é que alguém, com mais anos ao serviço das B.I., não nos conte as histórias delas. Seria muito interessante tenho a certeza.
    Ah! Já me estava a esquecer. Quando saí da Guarda, estive para ir para Miranda do Corvo.
    Mas elas estavam a terminar.
    Um abraço
    Victor Gil

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  3. Olá amiga Cintia. Obrigado por mais este excelente comentário.
    Gostei de saber que no Brasil também têm bibliotecas móveis e acho muito interessante essa participação de atores, que acompanham as bibliotecas fazendo representações de peças infantis. Não sei se isso acontece também por cá, penso que não, mas no que respeita a ser uma festa a visita das bibliotecas aos sertões, cá também é (ou era) assim, na visita às aldeias. Afinal, falamos a mesma língua, temos os mesmos costumes... estamos longe na distância, mas perto no coração..
    Beijinhos e bom-fim-de-semana.
    José Alexandre

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  4. Caro amigo Victor Gil:
    Realmente é pena que algumas bibliotecas tenham acabado. As aldeias e vilas que não têm biblioteca fixa deveriam poder continuar a usufruir desse serviço tão importante.
    Penso que o futuro destas bibliotecas passa também por levar as novas tecnologias até às populações, como acontece com a de Miranda do Corvo, que já está equipada com computadores.
    No entanto, acho que as antigas bibliotecas da Gulbenkian marcaram uma época de romantismo e ficaram para sempre com um cantinho reservado no coração de cada um dos seus leitores. Elas, de facto, fizeram História!
    Um abraço.
    José Alexandre

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