Com este número a Revista completava cinco anos de vida. Pela Nota de Abertura se pode constatar a importância que ela já tinha para todo o pessoal da Marinha. |
Durante alguns anos fui assinante da Revista da Armada e por isso tenho na minha posse exemplares que vão do número 26, publicado em Novembro de 1973, até ao número 100, de Janeiro de 1980. A revista iniciou as suas publicações em Julho de 1971 e sei que ainda se mantém viva e de boa saúde, pois todos os meses a consulto através da Internet.
Devo dizer que acho espectacular a apresentação da Revista da Armada em online, pois além da apresentação em PDF, ela pode ser vista tal como se a tivéssemos à nossa frente em formato de papel, podendo ser folheada como tal e se tivermos o som ligado até escutar o barulho das folhas a virar. Enfim… maravilhas das novas tecnologias!
No que respeita à apresentação e temas tratados, exceptuando o facto das imagens serem agora a cores, não me parece que tenham existido grandes mudanças de fundo, pois tenho à minha frente alguns exemplares de 1975 e verifico que até o número de páginas é o mesmo (34). A maior parte dos assuntos tratados continua a dizer respeito ao mar e à Marinha, como é lógico e se deseja.
Mas é verdade que existiram alterações, o que não é para admirar pois a Revista não tarda está a atingir 40 anos de existência, o que já é uma bonita idade.
Para já, na minha opinião, uma das alterações mais contundentes, em relação à década de 70 é a falta de participação “popular” ou seja a publicação de artigos escritos por marinheiros e por pessoal civil da Marinha, que nessa altura não faltavam na revista. Estou a recordar-me da “Voz da Abita”, tão popular, onde eram publicadas cartas de marinheiros e ex marinheiros, com destaque para as famosas “rabugices” do cabo M “Pezinhos”. Não tive o prazer de conhecer pessoalmente este assíduo colaborador da revista, no entanto era muito fácil imaginá-lo pois ele retratava-se muito bem nas suas crónicas, sempre com um grande sentido de observação crítica e muito humor. Não sei durante quanto tempo é que ele enviou as suas cartas para a Revista, mas das que referi acima, quase todas têm as suas crónicas. De salientar também as belíssimas ilustrações que acompanhavam as cartas do cabo “Pezinhos”.
O cabo Pezinhos, além das suas qualidades de escritor, era também um bom orador, como se pode ver por este seu relato, publicado na Revista nº 49, de Outubro de 1975. |
Mas era publicada poesia de grande qualidade, o que me faz pensar que o próprio facto de ser marinheiro ou pertencer à Marinha pode ser uma fonte de inspiração para se escreverem palavras bonitas. Entre o pessoal que publicava os seus poemas na Revista, destaco os textos de uma grande poetisa de seu nome Helena Luísa M. Coentro Bonjour, funcionária da D.S.E.C., que escrevia textos poéticos com grande intensidade.
Este poema de Helena Bonjour, "SAUDADE", dedicado aos marinheiros do passado, reflecte a nostalgia comum a todos os antigos marujos. |
Gostei do post,faltou a capa e contracapa,aguardemos em nova oportunidade.
ResponderEliminarAbraço
Moleiro
Amigo Alexandre
ResponderEliminartem toda a razão, também eu fui assinante da Revista da Armada, e a partir de determinada altura comecei a desinteressar, e isto porque a revista deixou de ter toda essa temática a que se refere, dedicando-se quase toda a assuntos, no meu ver demasiado eruditos sobre área militar, altos estudos navais de guerra, tecnologia naval e militar extensiva a outros ramos, política, publicidade, propaganda, enfim...assuntos meritórios talvez, mas que interessarão a estudiosos da matéria.
A marujada, que é mais terra a terra, quer coisa que o divirta ensinando e o ensine divertindo. Foi descurada toda a área lúdica, popular, didática, anedótica e de interesse geral.
Dir-se-á talvez que a geração é outra, as mentes mudaram, temos que nos adaptar etc, etc...
Bem se assim é , eu prefiro a Revista da Armada como ela era, simples mas que conseguia reconfortar o marujo nos longos dias passados no mar. Hoje não sei como será vista pelas novas gerações de "homens do mar", prefiro chamá-los assim, porque Marinheiros fomos nós...
Basta olhar para a forma como se vestem as guarnições de hoje a bordo...já nem se vêem panamás brancos, como é que querem que se diga que naquela embarcação vão marinheiros...? Poderão ser confundidos com polícias, bombeiros, mecânicos ou outra coisa qualquer.
Perdoem-me mas não me identifico com a Marinha de hoje.
Com todo o respeito para quem anda no mar, isto foi apenas um desabafo de um velho saudosista que passou muitos dias sem pisar terra.
Um abraço
Camilo
Ex Cabo M 196/70