A minha chácara está agora com um aspeto mais tropical.
Fazendo, como é meu costume, a utilização de materiais desaproveitados, sempre
que isso é possível, construí uma cobertura em forma de alpendre para ali
estacionar o meu barco a remos durante o inverno, tendo alargado a área relvada e feito a
plantação, por estaca, de dois troncos de Yucca elephantipes, uma planta originária da América Central,
que tem algumas semelhanças com as palmeiras e que, na minha opinião, dá um ar
bastante tropical àquela área do terreno.
Construí o alpendre utilizando quatro manilhas de cimento
que tinha em armazém e que não me estavam a servir para nada. Essas manilhas foram
chumbadas em pequenas sapatas abertas no terreno e depois ficaram a segurar os
barrotes inclinados, barrotes esses que ficaram presos às manilhas através de
pregos e de uma peça em ferro chumbada no cimento que foi colocado no cimo das
manilhas. Depois, por cima dos barrotes, preguei algumas tábuas que ficaram a
suportar a cobertura. Essa cobertura foi feita com um material que normalmente
não é utilizado para esse fim, mas eu sempre tive o hábito de flexibilizar a
utilização dos materiais de que disponho e fazer com isso projetos bastante
originais e acho que este alpendre não foge à regra dessa originalidade. O material
de que tenho estado a falar são persianas de pvc que encontrei abandonadas,
algumas em locais pouco próprios para isso, causando poluição visual e ou
ambiental.
Mas porquê utilizar persianas numa cobertura, quando tenho armazenado
uma grande quantidade de telhas provenientes da substituição de telhados e que
ainda se encontram em bom estado? A resposta é, como disse em cima, gostar de
projetos originais e também para que a própria cobertura ficasse a condizer com
o barco que ficou a proteger. Esse barco foi construído em madeira e folhas de
metal zincado, mas foi todo forrado com persianas e por isso o nome que lhe
dei, “João Persiana”, tentando fazer um trocadilho com “João Pestana”, uma
personagem da mitologia infantil que significa “o sono a chegar”.
Quando concluí o alpendre preparei o terreno em frente, onde
plantei os dois troncos de Yucca
e fiz uma sementeira de grama, de um género que estava publicitado como tendo
muita pouca necessidade de regas, o que seria o ideal visto na chácara não ter água
em abundância. A água disponível para regar na propriedade é proveniente de
água da chuva armazenada em tanques e tem por isso de ser usada com muita
parcimónia. Esta sementeira foi feita no início do outono e foi um autêntico
fracasso, poucas sementes germinaram, talvez devido à completa ausência de
chuva e temperaturas elevadas, apesar de ter regado a terra quase diariamente,
até à altura em que verifiquei que estava simplesmente a desperdiçar água e que
a sementeira estava perdida.
Não quis arriscar a fazer novo lançamento de sementes à
terra com receio de estar a gastar mais dinheiro e a fazer trabalho em vão,
pelo que decidi arrancar pedaços de grama, que já tinha plantado antes em
outras áreas da chácara, a maior parte delas com alguma raiz e plantá-las no
terreno, tendo para isso aberto regos afastados entre si cerca de 20 cm, nos
quais ia colocando os pedaços de grama também separados por cerca de 20 cm.
Usei este método de fazer a plantação porque assim os regos iriam permitir a
irrigação das plantas sem ter que regar o terreno todo, poupando assim alguma
água.
Este modo de fazer um gramado resulta, mas demora algum
tempo, direi mesmo que leva mais de um ano até que o gramado fique devidamente
composto, porque fica algum espaço entre as plantas que, antes de ficarem
preenchidos com grama, vão ser invadidos por ervas de várias espécies e a grama
vai ter que lutar para conquistar esse espaço, luta que se torna mais difícil
se as ervas não forem arrancadas e também porque no inverno a grama entra em
dormência e sofre muito com as geadas ao contrário de outras ervas que resistem
melhor ao inverno. De qualquer modo e tenho conhecimento disso por experiência
própria, a grama irá vencer e formar um tapete verde uniforme, expulsando as
outras espécies.
Passados dois meses após a plantação da grama o terreno já está com um manto verde, mas a maior parte desse verde são ervas invasoras.
O vídeo que se segue mostra como foi feita a construção do alpendre.
João Persiana é um barco que o autor do blog construiu para navegar em lagos ou pequenos rios. Na sua construção foram reaproveitadas madeiras em desuso e também persianas de pvc encontradas em aterros ou lixeiras. O barco foi batizado com o nome "João Persiana" devido aos materiais utilizados e também para fazer um trocadilho com "João Pestana", uma personagem da mitologia infantil que significa "o sono a chegar"... Quero ler o artigo