MÁQUINAS DE CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS

Em 1920, o brasileiro Washington Luís, fez da frase “governar é abrir estradas” o lema da sua campanha para governador do Estado de S. Paulo. A prioridade de seu governo era o povoamento do interior do estado, mas não se povoa sem se abrirem estradas, e de todas as espécies; governar era, portanto, fazer estradas!

Governar não era apenas isso, mas essa seria, certamente, uma das grandes prioridades dos governos em todo o mundo, em favor do desenvolvimento das regiões que viriam a ser servidas por essas estradas.
Construção da primeira estrada em macadame, nos Estados Unidos da América (1823).
Pintura de Carl Rakeman. (Wikipédia)

Uma estrada, actualmente em construção, na zona de Lamas, Miranda do Corvo.
Em Portugal, após a revolução de Abril, construíram-se muitos milhares de quilómetros de estradas, ao ponto dos governos chegarem a ser criticados por investirem demasiado nessa área. O certo é que, actualmente, a rede rodoviária nacional, comparativamente ao que se passava na década de 70, teve uma grande evolução não só no número de estradas de todas as categorias que foram construídas, mas também na qualidade dos seus traçados.

Actualmente, a construção de estradas envolve um número elevado de máquinas de vários tipos, consoante os trabalhos a que se destinam. Em estradas principais pretende-se que o traçado seja o mais direito possível, sem declives muito acentuados e, por isso, em terrenos acidentados é necessário efectuar grandes movimentações de terras, que são escavadas nos montes, carregadas em camiões e transportadas para zonas baixas em que é preciso ganhar altura. Estas terras são dispostas em camadas e calcadas com os cilindros compactadores, para que mais tarde o pavimento não ceda. Para encurtar distâncias constroem-se viadutos e pontes, rasgam-se montanhas…

A construção de estradas envolve um grande número de máquinas.
A evolução das estradas está inevitavelmente ligada à evolução das máquinas concebidas para a sua construção. Não seria possível construir essas estradas do modo que são construídas, se não existisse a maquinaria que hoje existe e, por isso, os operários que trabalham nessas estradas são, na sua maioria, os operadores dessas mesmas máquinas.

A melhoria das estradas não se reflectiu apenas nos traçados. Para além de estradas mais largas, mais planas e com curvas menos acentuadas, os pavimentos também passaram a ser mais regulares, graça ao tapete betuminoso que substitui o antigo método de alcatroar estradas, quando este trabalho era feito pulverizando o alcatrão sobre camadas de brita que eram depois cobertas com areão e pisadas com os antigos cilindros que, graças ao seu peso elevado devido à sua construção maciça em ferro, compactavam com os seus rolos o pavimento.


Antigos cilindros compactadores.
Esses antigos compactadores foram evoluindo e hoje a compressão dos terrenos e pavimentos é feito também através da vibração dos rolos, em máquinas que podem ter também rodas pneumáticas e onde o manobrador tem, decididamente, melhores condições de trabalho, pois muitas dessas máquinas têm agora cabines com ar condicionado. Actualmente, alguns desses modernos compactadores provocam uma grande vibração no terreno chegando a fazer estremecer as casas que eventualmente se encontrem próximas da sua área de actuação. Foi o que aconteceu na aldeia onde vivo quando, há poucos anos, ali foi construída uma estrada e alguns habitantes reclamaram desse facto, pois a vibração dos cilindros estaria a abrir fendas nas paredes de algumas casas.

As espalhadoras de alcatrão tinham uma caldeira onde o alcatrão era aquecido para ficar liquidificado e poder, assim, ser pulverizado. Algumas não tinham tracção própria e tinham que ser puxadas por veículos ou, em tempos mais recuados, por animais, estando equipadas com uma fornalha a lenha, para aquecer o alcatrão.

Um espalhadora de alcatrão.
Esta espalhadora da foto era mecanizada e, provavelmente, o alcatrão seria aquecido por meio de resistências, mas desconheço a forma do seu funcionamento, pois o meu contacto com estas máquinas resumiu-se às máquinas de caldeira a lenha.

Estas máquinas antigas encontram-se em Eiras, num estaleiro da Câmara Municipal de Coimbra e em algumas são visíveis inscrições com as iniciais CMC, identificando o seu proprietário. É pena que estas máquinas não sejam mais bem preservadas, a exemplo do que aconteceu com outras que se encontravam num estaleiro da J.A.E. e que foram transferidas para junto do Museu da Chanfana, em Miranda do Corvo que, na altura se encontravam bastante degradadas, mas que foram posteriormente alvo de trabalhos de recuperação, encontrando-se agora em condições dignas de poderem ser admiradas por todos aqueles que apreciam estes equipamentos, agora obsoletos em termos de funcionalidade, mas que deixaram marcas na história da construção de estradas e no desenvolvimento tecnológico nos séculos XIX e XX. Seria bom que estas seguissem o mesmo caminho e fossem também restauradas e colocadas num local onde pudessem ser devidamente apreciadas, dado o seu valor museológico.

1 comentário:

  1. Amigo, achei interessante voce começar essa publicação falando de uma coisa que conheço tão bem ... por um momento a sensação era de que voce morasse aqui ao lado de casa. Vivo nessa cidade imensa, e nesse estado do mesmo nome São Paulo e, aqui temos estradas para todos os lados do País! As muitas avenidas tão movimentadas e importantes dessa cidade começaram dessa forma, foram abertos os caminhos para que nossos pés caminhassem ...
    Beijinho e muito carinho ... ótimo final de semana para voce J. Alexandre! :)

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