SEMEAR E PLANTAR EUCALIPTOS


Eucalyptus grandis
Quem vive em ambientes rurais irá precisar de madeira, inevitavelmente. Seja para pequenas ou grandes construções, para empregar na agricultura, seja em cercas ou noutra coisa qualquer, a madeira é um produto indispensável que convém ter sempre à mão.

Os troncos de eucalipto são das madeiras mais utilizadas em trabalhos caseiros como seja a construção de barracões e telheiros, utilizados sobretudo como barrotes, mas podem servir para muito mais, inclusivamente a construção de uma cabana ou casa de troncos feitas apenas com troncos dessas árvores.

A madeira de eucalipto é muito durável, quando não exposta a humidades, e mesmo quando é aplicada em exteriores, se tiver sido previamente descascada, também pode durar muitos anos. O seu descasque é muito fácil de fazer, e o maior inconveniente é que algumas espécies têm tendência a torcer e a rachar durante a secagem. Para diminuir esses contratempos, quando a sua aplicação se destine a trabalhos mais exigentes pode ser uma boa opção colocar a madeira a secar à sombra.
Quem tiver terrenos apropriados para o efeito pode fazer plantações de eucaliptos, para seu uso ou para vender, podendo rentabilizar desse modo muito bem esses terrenos, uma vez que em cerca de oito a dez anos uma plantação de eucaliptos estará com as árvores com um diâmetro aproximado de 15 cm, estando apta para cortar e vender para as fábricas de celulose. No entanto, é preciso ter em atenção que as plantações de eucalipto obedecem a regras e não podem ser implantadas em qualquer terreno, sendo necessário tomar conhecimento da legislação correspondente.

Um exemplo do que não se deve fazer:
Repare-se no número exagerado de
rebentos nesta cepa.
O processo de sementeira e plantação de eucaliptos não é muito complicado, não envolvendo custos elevados e mesmo que, inicialmente, se tenha que gastar algum dinheiro com a preparação do terreno, isso acontece apenas uma vez em muitos anos porque uma plantação dura várias dezenas de anos, uma vez que, após o corte, das cepas dos eucaliptos surgem vários rebentos ou brotos devendo, próximo dos doze meses de idade dos rebentos, ser feita a desbrota. Nessa altura os brotos ou rebentos deverão estar com cerca de três metros de altura. O número de brotos que surgem na cepa depende do diâmetro da mesma e também da espécie que foi plantada e devem-se deixar apenas os que estiverem bem inseridos na cepa, que sejam fortes e tenham boa forma e aspeto saudável.

Para quem se interessar por apicultura pode obter um excelente mel se, no meio do eucaliptal, instalar algumas colmeias (caixas de abelhas). O mel com origem no néctar das flores de eucalipto tem um ótimo paladar e é particularmente benéfico para as vias respiratórias. Actua sobre os efeitos nocivos da poluição, ajuda a combater a bronquite, tosse, asma e sinusites.


SEMEAR EUCALIPTOS EM VIVEIRO


Fruto de eucalipto, de onde se extraem as sementes.
Para a sementeira escolha sementes de Eucalyptus grandis, comprando as sementes a produtores idóneos. Mas, se preferir, colha as sementes de árvores altas, com mais de dez anos de idade. Corte os ramos deixando-os cair em tecido encerado. Exponha-os ao sol até que os frutos comecem a abrir e soltem as sementes, que são minúsculas. Por esse motivo, semeie-as em canteiros bem adubados, com boas condições de drenagem e nivelados. As dimensões ideais do canteiro são as seguintes: 1 metro de largura por 50 cm de comprimento e 50 cm de altura.




Preparação do canteiro

Faça os canteiros deste modo: preencha os primeiros 20 cm de altura com cacos de telhas, para drenagem. A seguir, coloque por cima uma mistura de terra argilosa, esterco de curral bem curtido e terra arenosa, em partes iguais. Essa mistura deverá ter cerca de 25 cm. Uma camada de 5 cm de terra fértil completará os 50 cm de altura ficando o canteiro pronto. Depois faça a desinfecção contra ervas daninhas, fungos nematóides e insetos. Utilize brometo de metila.

Regue bem o canteiro e cubra-o com lençol de plástico, formando uma câmara bem vedada. Deixe coberto por uns quatro dias, para o nascimento do mato. Nessa altura, então, aplique 20 cc de brometo de metila por metro quadrado de canteiro. Cubra as laterais da lona com terra, para evitar a saída do produto. Deixe-o agir por 48 horas. Depois desse prazo comece a sementeira.

Sementeira

Escolha, de preferência, os meses de Maio a Agosto para espalhar as sementes nos canteiros. Nesse caso, as plantinhas poderão ser plantas no local definitivo entre Janeiro e Outubro. Mas nada impede de fazer a sementeira de eucalipto durante o ano todo. Irrigue bem o canteiro, até saturar com água. A seguir coloque cerca de 30 a 50 gramas de sementes por metro quadrado, distribuindo a lanço (com a mão), uniformemente. Para um canteiro de 1 m x 20 m, 1 quilo de semente é suficiente. Cubra as sementes com uma camada de terra peneirada de 2 milímetros. Proteja a superfície com cascas de arroz ou lascas de plaina (encontradas facilmente em serrarias), sem tocos ou pontas de madeira. Uma camada de 2cm de altura de um desses materiais protegerá as sementes, servindo como cobertura do viveiro. Essa medida dispensará as tradicionais coberturas laterais e as telhas de amianto.

Por volta do 5º ou 6º dia da sementeira a mudinhas começam a nascer. Nesse ponto, inicie as regas diárias, com regador de crivo para evitar o arrancamento das sementes. Cerca de 30 dias após a sementeira, faça a repicagem das mudas. Molhe bem o canteiro, para faciliatr o arrancamento das plantinhas. Tire as mudas, uma por uma, e coloque-as numa vasilha com água ou sobre terra molhada. Depois plante as mudas, individualmente, em sacos plásticos, ou em laminados de pinho. Coloque a muda com cuidado, evitando o enovelamento das raízes. Regue bem as mudas e coloque-as juntas, num local protegido do vento. Faça um ripado para protegê-las do sol. Pode usar cobertura de rapé ou esteiras.


Nesse viveiro improvisado, deixe as mudinhas protegidas até ao quinto dias após o transplante. A partir daí, aos poucos, exponha-as ao sol da manhã e do final da tarde. Finalmente, a partir do oitavo dia do transplante, deixe as mudas totalmente expostas aos raios solares. A partir dessa data, comece a tratar das plantinhas, eliminando manualmente as ervas daninhas surgidas no viveiro. Irrigue as plantinhas do viveiro com uma solução de três quilos de salitre do Chile, seis quilos de superfosfato simples e três quilos de cloreto de potássio. Dilua 20 gramas dessa mistura em 20 litros de água e aplique quatro litros por metro quadrado de viveiro. Repita a operação a cada 15 dias. Regue bem as mudas após cada aplicação para evitar a queima das folhas.

É importante pulverizar as mudas, a cada 15 dias, com fungicidas, Essa medida evitará o damping-off ou tombamento das mudas no viveiro. Alterne dois ou três fungicidas. Irrigue após cada aplicação. Combata as formigas, grilos e outros predadores com armadilhas ou iscas granuladas e inseticidas naturais.


Plantação definitiva



Faça o plantio definitivo das mudas em época chuvosa ou dias nublados, quando elas estiverem com cerca de 30 cm. Prepare o solo antes, fazendo desbravamento. Gradeie, are e faça covas bem amplas. Faça adubação e calagem segundo o resultado da análise do solo. Use um dos seguintes espaçamentos: 2 mx2m; 3mx1,5m; 2mx2,5m; e 3mx2m. Coloque cada muda numa cova, retirando os sacos com cuidado para não danificar as raízes. Deixe o torrão ao nível do solo e chegue a terra à planta. Capine as ervas daninhas e combata as formigas quén-quén com Aldrin a 2,5 ou 3%, colocando 30 gramas, por montículo. Aplique Aldrin também contra os cupins subterrâneos (cerca de 5 a 10 gramas por planta). Evite o pisoteio de animais no campo de plantio, mesmo de plantações mais idosas.


Referência bibliográfica:
ALZUGARAY, Domingo; ALZUGARAY, Cátia. Copyright Editora Três Ltda. São Paulo, Brasil. VIDA, Um Guia de Auto-Suficiência.

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