ENERGIA EÓLICA NA SERRA DA LOUSÃ

A serra é assim, agora.
A Serra da Lousã está transformada num imenso parque eólico. O início deste século tem sido marcado por uma grande expansão desta forma de produção de energia no nosso país, sendo as zonas mais elevadas os locais preferidos para a instalação dos aerogeradores, devido à maior incidência de ventos. Desde que em 2001 entraram em funcionamento os Parques Eólicos de Malhadas e Cadafaz, no concelho de Góis, estes modernos moinhos de vento têm-se multiplicado nos pontos mais altos das montanhas da serra da Lousã, estendendo-se como gigantes por todas as linhas de cumeada da serra. Um realizador de cinema destemido teria aqui um belo cenário para um filme baseado no romance de Miguel de Cervantes, adaptado para um D. Quixote dos tempos modernos.

D. Quixote de La Mancha teria aqui muitos gigantes com quem lutar. 
Perante o majestoso cenário da serra a imaginação voa.
Iniciando uma viagem pela parte sul da serra, no concelho de Penela, entra-se no Parque de Malhadizes, com seis aerogeradores. Logo a seguir começam a aparecer as torres eólicas do parque de Vila Nova e, no alto de Relva de Tábuas, a 940 metros de altitude e junto ao marco geodésico, encontra-se o observatório astronómico, estendendo-se este parque para oeste por uma estrada que foi asfaltada depois da sua construção e que desce em direcção à povoação de Souravas. Seguindo na direcção norte encontramos o parque de Vila Nova II, de construção recente, que conta com 12 aerogeradores e se estende até próximo da zona da Catraia e da E.N. 236. Continuando a viagem, a caminho do Trevim, temos a companhia das torres eólicas do Parque de Lousã II e de Coentral e depois de passar pelo ponto mais alto da serra, a 1220 metros de altitude, estende-se em duas direcções o Parque Eólico de Lousã I. Para oeste, até ao Cabeço da Ortiga, foram implantadas quatro torres e para norte, em descida acentuada na direcção de Ponte de Sótão, mais dez aerogeradores.
A Serra da Lousã em dia de nevão.

Na estrada nacional 236, depois do entroncamento do caminho para o Trevim e antes de se iniciar a descida para Castanheira de Pêra, junto a um antigo abrigo de montanha, para a direita, encontra-se uma estrada florestal por onde se prolonga o Parque Eólico de Lousã II, numa extensão de oito km, numa zona de cumeada de onde se avista, para leste, a vila de Castanheira de Pêra e, para oeste, os Parque de Malhadizes, Vila Nova e Vila Nova II. Quem seguir por este caminho vai desembocar na EN 347, a poucos km de Castanheira de Pêra.

Mas, quem se dirigir ao aeródromo de Santo António da Neve tem a seus pés o Parque eólico de Safra, numa zona muito bonita da serra, como são todas, aliás.

Percorri todos estes caminhos e, no alto do Trevim, estive a tentar contar os aerogeradores existentes na serra mas foi uma tarefa impossível, pois fiz várias contagens que ultrapassavam a centena, mas essas contagens nunca bateram certo pelo que consultei vários sites, principalmente os Estudos do Impacto Ambiental dos Projectos, tendo obtido o número de 122, o que segundo uma contas que fiz, deve dar para produzir energia suficiente para cerca de 350.000 a 400.000 habitantes. Estes cálculos não têm qualquer rigor técnico e são baseadas em dados obtidos no estudo das empresas envolvidas nos vários projectos e também sobre a informação disponibilizada no Parque Eólico de Vila Nova.

Este parque é um dos poucos, se não o único, que tem junto à sua subestação informações detalhadas sobre a características dos aparelhos instalados e também sobre o próprio parque, como a velocidade média do vento, a potência instalada, a produção anual de energia e muitas outras informações importantes, que é pena que os outros parques da zona, pelo menos por enquanto, ainda não possuam, segundo me foi dado observar.

O ponto mais alto da Serra da Lousã. Neste local não existem aerogeradores, 
mas a paisagem foi alterada há muitos anos com a instalação das antenas de televisão.

As maravilhosas paisagens das zonas altas da serra foram assim completamente alteradas e embora, na minha opinião, as torres eólicas não sejam visualmente agressivas, os postes metálicos, as linhas de transporte de energia e também os edifícios de comando e subestação, destoam bastante naquele ambiente de paz e de vistas deslumbrantes. Mas as paisagens serranas já começaram a ser estragadas há muitos anos atrás com a instalação das antenas de televisão e outros sistemas de comunicação, existentes em vários pontos da serra. Os custos do progresso chegam a toda a parte.


1 comentário:

  1. Olá José Alexandre. Cima, fala do parque que tem instaladas informações sobre a velocidade média do vento, e de outros que talvez não tenham. Porque será que outros não têm?!. Temos a carta dos ventos elaborada pelo instituto de meteorologia, (que pelos vistos não servia, e tiveram de lhe mudar o "sexo", e deram-lhe outro nome), Se olhar esse mapa, sabendo qual é a velocidade mínima para que um gerador eólico inicie a produção, e qual a necessidade de velocidade do vento para que a produção se mantenha, de que essas "coisas" não produzem (eu diria) qualquer energia. Da minha varanda olho para duas dezenas dessas coisas, e nunca as vi com rotações que atingissem as vinte por minuto. com esta rotação, a produção de energia é irrelevante. E como se isto não bastasse, temos ainda o fator da inconstância! de que servem uns "pós" de energia de vez em quando? As distribuidoras fornecem energia ininterruptamente, e não, ao sabor do vento. Um abr, Fernando

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