EDIFÍCIOS HISTÓRICOS, EM DECADÊNCIA, NA SERRA DA LOUSÃ

A "Catraia da Ti Joaquina"

Na Serra da Lousã existem edifícios com História que se encontram num estado de grande abandono, alguns em tamanho estado de degradação que causa bastante mágoa, pois, certamente, mereciam melhor sorte. São edifícios isolados que, apesar de não conhecer totalmente a sua história, sei que num passado não muito longínquo tiveram a sua importância.


Um desses edifícios, que está completamente arruinado, situa-se na Catraia, já na parte alta da serra, junto à E.N. 236, do lado direito da estrada para quem vai no sentido Lousã/ Castanheira de Pêra. Este local é conhecido pelo nome de “Catraia da ti Joaquina” e foi em tempos um grande entreposto comercial, por onde passavam pastores, comerciantes e muita gente que demandava a serra.

Este edifício tem na sua parede frontal dois interessantes painéis de azulejos. Um deles, segundo julgo, representa a própria figura da Ti Joaquina, que, pelo que sei, se tratava de uma senhora de rija têmpera, que era a dona daquela casa, onde se abrigavam pessoas e gados quando o mau tempo assolava aquela zona. O outro representa um pastor, importante figura serrana que caracteriza uma actividade, a pastorícia, que noutros tempos era, em termos de economia, uma das mais importantes destes povos.

Um dos edifícios da Unidade Militar
A caminho do Alto do Trevim, um pouco antes do entroncamento com a estrada que segue para Santo António da Neve, encontra-se um conjunto de edifícios, onde, num passado recente, funcionou uma unidade militar da Força Aérea que fazia vigilância ao recinto das antenas de televisão no Trevim. Isto passou-se no período conturbado que se seguiu à revolução de Abril de 1974 e, apesar de não saber exactamente quanto tempo durou esse sistema de prevenção, lembro-me de ter encontrado soldados dessa força militar a circularem na serra e também de sentinela, numa guarita à entrada do centro emissor de televisão, já na década de 1980.

Sempre achei um pouco estranho este serviço ser efectuado pela Força Aérea, devido às características do mesmo, mas talvez o facto de existir um aeródromo a cerca de dois ou três quilómetros de distância seja a explicação para esse motivo.

Os edifícios desta força militar encontram-se também em muito mau estado, mas não se encontram totalmente abandonados, pois numa deslocação recente que fiz para aqueles lados, vi que estavam lá tropas, possivelmente em visita ou para fazer a limpeza das matas em redor, tendo esta última suposição algum fundamento, pois, posteriormente, verifiquei que foi feita essa limpeza, mas os edifícios, por enquanto, continuam com o mesmo aspecto de decadência.

A entrada do Posto Emissor do Trevim
No ponto mais alto da serra, no Trevim, a 1200 metros de altitude, o importante complexo do Centro Emissor está agora de portas escancaradas e com um notório ar de abandono, podendo entrar-se lá livremente, o que quer dizer que deixaram de existir razões para vigorar o sistema de segurança que funcionou durante algum tempo, o que tem a sua lógica, pois o período revolucionário já faz parte de um passado distante e o perigo de uma ocupação do local por motivos políticos estará assim completamente afastada, a não ser que este centro emissor de televisão já não tenha a mesma importância de outrora, devido ao aparecimento de novas tecnologias de emissão, mas isto são só suposições minhas, porque na verdade não percebo nada disso.

3 comentários:

  1. Sr.José Alexandre a função principal não era de fazer segurança.A Lousã era um destacamento da base de Monte Real.Funcionava como uma estação repetidora das comunicaç~oes da F.A.P.Tive o prazer de aí estar nessa serra maravilhosa em 81/82.Eramos doze militares de várias especialidades.

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  2. Caro visitante:
    Agradeço a sua presença no blogue e a sua participação, ainda para mais tratando-se de um militar que esteve na serra da Lousã que, como diz, é de facto uma serra maravilhosa! Obrigado pelos seus esclarecimentos e volte sempre!

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  3. Também recordo com saudaes os tempos que por la passei, 84/85 de dois em meses lá ia eu la passar umas semanas (sempre ganhava-se um pouco mais do que na Base.

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