O átomo |
Hoje, vou falar mais um pouco sobre o processo RVCC – nível secundário. O meu artigo anterior com o título, Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, tem sido uma óptima porta de entrada no blogue, estando já no segundo lugar das páginas mais visitadas, o que quer dizer que o tema da certificação e validação de competências continua na ordem do dia, com muita gente à procura de informação sobre o assunto, facto a que eu não podia ficar indiferente, uma vez que, como qualquer blogueiro que se preze, desejo ter o máximo de leitores possível, pois de outro modo não fazia qualquer sentido manter um blogue, apesar de no meu caso escrever apenas por gosto. Lembro-me muito bem que quando eu próprio me encontrava a elaborar o Portefólio, fazia pesquisas intensas na Internet procurando ajuda e informações para tentar descodificar os diversos temas do Referencial de Competências-Chave. Chegou agora a altura de eu, apesar dos meus modestos conhecimentos, tentar de algum modo contribuir um pouco para aumentar a oferta de pesquisas e assim poder ajudar alguém.
Devo dizer que, para mim, as aprendizagens e conhecimentos alcançados ao longo da vida, estão sempre acima de qualquer conhecimento teórico que se adquira em pesquisas esporádicas na Internet, no entanto, penso também que sem fazer a pesquisa de alguns temas será impossível a alguém concluir o seu Portefólio, o que não invalida que, na minha opinião, o percurso de vida de cada um deva ter sempre o papel principal no processo e ser sempre enquadrado nos temas do Referencial.
É verdade que, muitas vezes, poderemos dar connosco a pensar que não temos nada na nossa vida que nos possa relacionar com este ou aquele tema. No entanto, se nos debruçarmos com mais atenção sobre o nosso passado, se meditarmos bem, verificamos que, afinal, acabamos por ter sempre algo que nos relacione com um ou outro contexto dos domínios de referência.
Os exemplos sobre os critérios de evidência de todos os núcleos de STC e CLC começam sempre pela palavra “actuar” o que me levou a interpretar os mesmos como implícitos na exigência de competências adquiridas nos quatro domínios de referência, com especial ênfase para o nível de complexidade III – Intervenção, que, no meu entender, só poderá ser alcançado com o relato de experiências efectivamente vividas e com intervenção prática.
Saberes Fundamentais, foi de todos os núcleos do Referencial aquele que me pareceu, em princípio, ser o mais difícil devido ao grau de dificuldade que aparentava, no entanto, quando me debrucei profundamente sobre ele, verifiquei que tinha passagens e experiências da minha vida que se enquadravam perfeitamente nos critérios de evidência o que fez com que acabasse por ser um dos que me deu mais prazer elaborar, tendo desenvolvido bastante os diversos temas.
Os exemplos dos critérios de evidência do tema “O Elemento” tanto em STC como em CLC, neste núcleo, pareceram-me de início bastante difíceis de compreender, tanto mais que, na altura, não me foram dados qualquer exemplos de situações de vida que pudessem ajudar na sua descodificação. O primeiro exemplo em STC é o seguinte:
“Actuar de modo eficaz em processos de integração social dos elementos de uma dada sociedade, compreendendo o sentido de acção social (no sentido weberiano) como atribuição de sentido às práticas e características individuais”.
Perante isto interpretei que, em primeiro lugar, teria que saber qual era o conceito de Weber sobre acção social para poder desenvolver o tema enquadrando-o, se possível, no percurso de vida. É que “acção social” no sentido mais comum significa o atendimento e reparação de situações de carência e desigualdade, o que no conceito de Weber não é bem a mesma coisa. Por isso fui pesquisar sobre Max Weber e fiquei a saber que para este sociólogo alemão a acção social consistia na conduta humana dotada de sentido. Vejamos, então, o início do meu trabalho neste núcleo:
Max Weber Sociólogo alemão. 1864-1920 |
"Segundo Max Weber, a acção social consiste na conduta humana dotada de sentido. Por ex: os operários que constroem uma casa. Neste sentido a acção é relacionada com os outros. Ou seja, na acção social os seres humanos ajustam-se de situação para situação tendo os outros em mente. Neste caso os operários construíam a casa actuando de forma planeada e avaliada sobre o fim a atingir em relação a outro fim, transformando-se esta acção num instrumento de trabalho para o bem comum. Mas o conceito de Weber sobre acção social era mais abrangente e compreendia a conduta humana como movida por motivos que resultavam da influência da tradição, dos interesses racionais e da emotividade.
Neste pressuposto sou levado a concluir que para proceder eficazmente à integração social de elementos de determinadas sociedades se deve compreender e respeitar a sua cultura, mesmo que haja afinidades, pois cada sociedade deve ser analisada sob uma perspectiva histórica.
Acho que a minha actuação nesta matéria e, reportando-me ao meu contacto e convivência com pessoas de outras nacionalidades, culturas ou religiões, tem estado de acordo com esta perspectiva de acção social. Na Marinha quando contactei e convivi com cidadãos de Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde, tentei ser sempre racional de modo a estabelecer acções correspondidas e conseguir uma boa relação social. Mas esta é também a minha forma de agir na convivência diária com pessoas de outras culturas, religiões ou nacionalidades, como, por exemplo, os alunos estrangeiros que frequentam a escola onde trabalho."
Continuei o texto falando sobre uma situação complicada que envolveu um familiar, em que tomei parte activa na ajuda à sua resolução e que se enquadrava muito bem neste tema.
Os exemplos que são dados no Referencial sobre os critérios de evidência estão escritos com uma linguagem muito cientifica o que faz com que, numa primeira abordagem, pareça difícil existirem factos na nossa vida que se coadunem com todas as suas exigências, mas, após uma leitura mais aprofundada, verificamos que existe sempre algo que faça essa relação. Foi isso que aconteceu comigo e como é apenas necessário abordar quatro domínios de referencia dentro de cada núcleo de STC e CLC e dois nos núcleos da área de Cidadania, poderemos sempre escolher aqueles em que tenhamos mais conhecimentos sobre os assuntos tratados, mas haverá sempre a possibilidade de ir muito mais além. A atestar isto e, como curiosidade, refiro que no dia em que fui a júri foi dito pelo próprio que tinha muito recentemente certificado um adulto com 88 créditos.
Artigo relacionado
Sem comentários:
Enviar um comentário