A BICICLETA


Para mim, a bicicleta foi uma das grandes invenções da humanidade. O homem sempre teve necessidade de se movimentar e, para isso, inventou ao longo dos tempos vários modos de locomoção que foi aperfeiçoando, tendo sempre em vista uma maior rapidez e conforto nas suas deslocações. Os vários tipos de transporte foram evoluindo e as bicicletas não fugiram a essa regra, tendo essa evolução chegado ao ponto de se construírem bicicletas movidas com a ajuda de motores eléctricos ou de explosão. No entanto, para mim, a bicicleta continua a ser um veículo que se movimenta através de pedais, pelo utilizador, e que assim continuará, por muito que se modernize, e será bom que assim seja pois o seu uso em detrimento de veículos motorizados será sempre agradável para o futuro do planeta. A bicicleta poderia e deveria ser mais utilizada em pequenas deslocações, o que seria muito benéfico para todos, bastando para isso deitar para trás das costas um certo comodismo que nos faz fazer deslocações de poucos quilómetros ou até de metros, utilizando o automóvel.

Uma bicicleta pasteleira de travões
de alavanca
Nos meus tempos de criança havia muito poucos automóveis a circularem nas ruas. Por isso, podia-se jogar à bola ou andar de bicicleta sem perigo de atropelamentos. Ainda não se fabricavam, ou não estavam difundidas no meu meio, bicicletas para crianças e, por isso, eu e os meus amigos utilizávamos por vezes, sem autorização e à socapa, as dos nossos pais. Como eram muito altas e não conseguíamos chegar com os pés aos pedais, aprendíamos a andar pedalando com uma perna metida por entre o quadro, o que era um exercício bastante difícil e até perigoso e que originava algumas quedas.

A minha primeira bicicleta foi comprada em segunda mão e custou 400$00 (quatrocentos escudos). Era uma pasteleira marca “Vouga”, de roda livre, sem mudanças e era de travões de alavanca. Nessa altura a maioria das pasteleiras tinham esse género de travões; no entanto, nessa altura, começavam a aparecer cada vez em maior número as bicicletas equipadas com travões de espia que eram, de facto, mais eficientes. Também os sistemas de mudanças que ainda eram pouco vistos em bicicletas pasteleiras, pelo menos na minha região, começaram a ser difundidos, sobretudo as chamadas mudanças ao cubo, pois era no interior do cubo da roda traseira, que por isso era algo volumoso, que funcionava um mecanismo que fazia as alterações na força a empregar aos pedais. Estes sistemas tinham três velocidades e nós costumávamos dizer que a 1ª era para subir, a 2ª para terreno plano e a 3ª para descidas. Um dado curioso é que, ao contrário do que acontece com as mudanças actuais (sistemas externos), em que as mudanças são engrenadas a pedalar, nas mudanças ao cubo era necessário interromper a pedalada para mudar de velocidade.

Naquela altura, antes da aquisição das nossas primeiras bicicletas de corrida, começamos a fazer uma autêntica revolução nas pasteleiras, tentando tirar-lhe aquele ar pesado e demasiado sóbrio, passando a despi-las dos guarda-lamas, guarda-correntes, porta-bagagens e outros acessórios que considerávamos completamente inúteis. Com a intenção de as tornar mais leves alguns chegavam até ao ponto de lhes tirar o dínamo e os faróis!

Na altura era obrigatório ter licença de condução de velocípedes (carta) para circular na estrada e também pagar o imposto de circulação. Recordo-me que quando comecei a usar a minha primeira bicicleta ainda não tinha a carta e, um belo dia, ou melhor numa bela noite (pois lembro-me que foi de noite) fui apanhado pela G.N.R., que me aplicou uma multa de cinquenta escudos. Parece pouco, mas naquela altura 50 “paus” era muito dinheiro e tive dificuldades em arranjar essa importância para fazer o pagamento da multa.

Entretanto já passaram mais de quatro décadas, mas as bicicletas continuam a fazer parte da minha vida. Actualmente tenho três ao serviço: uma BTT, para circular em estradas de terra e serras; outra, de rodas muito finas para viagens mais longas e estradas com bons pisos e uma terceira que serve para pequenas deslocações entre a minha casa e a chácara, deslocações dentro da vila e para ir às compras e fazer transporte de pequenas coisas.

Como em dias de chuva, é necessário um grande amor à modalidade para a praticar, adquiri em tempos uma bicicleta de ginástica onde pensava praticar ciclismo dentro de casa, evitando o desconforto dessa prática em dias típicos de inverno. No entanto nesta bicicleta não “percorri” mais de duas ou três dezenas de quilómetros, devido à monotonia deste desporto praticado dessa maneira. A verdadeira essência do ciclismo é a estrada, a natureza, o ar puro das montanhas, são os cabelos ao vento, o rosto fustigado pela chuva, é a verdadeira aventura e toda a adrenalina que isso representa.

Travões de disco
Travões V-Brake. Qual a melhor opção?
Devo dizer que sou eu que faço a manutenção e reparação das minhas bicicletas e que sempre adquiri modelos baratos, não só pela vantagem do preço inicial, mas também pelos custos de manutenção pois as peças das bicicletas de preços mais altos são também mais caras, como é lógico, o que pode tornar a prática do ciclismo um pouco dispendiosa. Apesar disto a última bicicleta todo-o-terreno que adquiri é uma excepção pois foi um pouco mais cara e isto aconteceu devido ao facto de me ter iludido um pouco com os novos sistemas de travões de disco usados nas bicicletas BTT. Um pouco erradamente pensava que estes sistemas seriam sinónimo de ter bons travões e portanto mais segurança, no entanto, após dois anos de utilização desta bicicleta, verifico que não é bem assim. É certo que têm algumas vantagens, a começar pelo facto de não desgastarem os aros da roda, e esta foi a principal razão pela minha opção por este sistema, pois nos travões V-Brake se não houver cuidado na substituição atempada dos calços, se o ferro dos mesmos atingir a roda, é certo que o aro é depressa destruído. Isto mesmo me aconteceu em várias rodas, portanto é recomendável vigiar os calços de modo a substitui-los antes das partes de ferro ou alumínio atingirem o aro.
Uma das grandes desvantagens dos travões de disco é, sem dúvida, o preço das pastilhas, que rondam os 15 euros ou mais cada par, dependendo do modelo. Em relação à qualidade da travagem, também não sei, não… É certo que isso pode depender de alguns factores, como o desgaste das pastilhas, o seu aquecimento e outras. Mas a experiência diz-me que os travões V-Brake quando bem afinados levam vantagem não só na qualidade da travagem, mas também no preço. Já me aconteceu em algumas descidas de montanha, mais acentuadas, ter de descer da bicicleta devido a não conseguir, com os travões, limitar o seu andamento. Devo dizer que estou a falar de travões de disco mecânicos (não hidráulicos) e que isto é apenas a minha opinião, que dou, baseada na minha experiência pessoal.

A respeito de bicicletas tenho muito para contar, mas tem que ficar para outra altura, porque afinal isto é um blogue, não um livro!

Artigos relacionados:
A bicicleta como instrumento de trabalho
Ferrarias de S. João - Centro de BTT
BTT na Serra da Lousã



3 comentários:

  1. Remodulação da casa,e praticante de desporto radical.
    Parabéns
    Moleiro

    ResponderEliminar
  2. Boa noite, caro amigo!
    Estou a tentar dar um jeito nisto, mas não está nada fácil!
    Um grando abraço e muito obrgado pela visita.

    ResponderEliminar
  3. Meu amigo seu blog é fantástico, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
    Um grande abraço tudo de bom
    Ass:Rodrigo Rocha

    ResponderEliminar