FERRARIAS DE S. JOÃO, CENTRO DE BTT

Ferrarias de S. João vista do alto da crista quartzítica.

Ferrarias de S. João é uma aldeia do concelho de Penela, situada no extremo sul da Serra da Lousã. Rodeada por montes rochosos, faz parte de uma paisagem algo agreste e selvagem mas de uma rara beleza, comparável às míticas paisagens do Oeste Americano que há algumas décadas atrás eram com frequência transmitidas pelos filmes de western. Esta foi pelo menos a impressão com que fiquei quando visitei esta zona da serra pela primeira vez.

Esta aldeia tem estado a mudar nos últimos anos e está agora a começar a mostrar a beleza da sua paisagem aos amantes da natureza e aos caminhantes e praticantes de BTT.

Um destes domingos resolvi ir dar mais uma volta até este local, onde já não ia há bastante tempo, tendo sido surpreendido com uma construção à entrada da povoação, que verifiquei tratar-se de uma estrutura de apoio a praticantes de ciclismo de montanha, um desporto mais conhecido como BTT, que foi inaugurada em 14 de Março de 2009, tratando-se do 1º Centro de BTT do país, integrado na rede de Aldeias do Xisto. Estranhei um pouco o facto do muro ao lado e que tem um letreiro em ferro identificando a estrutura, ter sido construído em pedra branca de calcário, provavelmente proveniente da região vizinha de Sicó, onde ela é abundante e não em xisto, como seria mais lógico.


Centro de BTT Aldeias do Xisto

Esta estrutura está apetrechada com estacionamento, balneários, estação de serviço para bicicletas (lavagem, ar e mini-oficina) em regime de self-service.

Ferrarias de S. João já faz parte dos meus percursos de bicicleta há imensos anos. Já aqui vinha na minha velha pasteleira, ainda antes de existirem as actuais bicicletas todo-o-terreno, naquele tempo em que os habitantes destes lugares, com quem me cruzava, ficavam a olhar um tanto desconfiados e incrédulos por verem um ciclista desconhecido por estas paragens.



A crista quartzítica

Esta zona é de facto muito bonita e a aldeia tem a norte uma montanha de onde sobressai um afloramento rochoso, geologicamente designado como crista quartzítica. De resto as rochas de quartzito são as que mais abundam por aqui e por esse motivo a maior parte das habitações da aldeia foram construídas com pedras desse tipo e não com xisto como se pode erradamente pensar dada a designação de aldeia de xisto, embora também possa ter sido utilizado o xisto mas em menor proporção. Esta elevação rochosa aparenta ter, num passado não muito distante, sofrido algumas convulsões originadas talvez por abalos sísmicos ou vulcanismo pois em alguns locais da crista a rocha encontra-se bastante fragmentada e disposta de tal modo que leva a fazer crer a possibilidade de terem aqui ocorrido derrocadas.


Marco geodésico em ruínas.

Fiquei com esta ideia quando subi ao cimo da crista pela segunda vez num espaço de cerca de dez anos e verifiquei que um marco geodésico que aqui existia se encontra agora completamente desmoronado, desmoronamento que era apenas parcial quando ali fui pela primeira vez. Não me parece que a destruição do marco geodésico se deva apenas a uma possível má construção do mesmo, num local inacessível a qualquer veículo e muito possivelmente escalado por um reduzidíssimo número de pessoas.

Os meus conhecimentos sobre geologia são mínimos, no entanto acho que o local e aquela zona oferecem alguns motivos de interesse para os estudiosos dessa ciência.


S. João do Deserto.

A noroeste desta crista rochosa e à distância de cerca de dois quilómetros, ergue-se uma outra, no local denominado de S. João do Deserto, onde existe um santuário dedicado a esse Santo popular.

No cimo dessa crista de quartzito foi construído um miradouro, cujo acesso é feito por uma escadaria de pedra e cimento e vale a pena o esforço da sua subida, pois ele é largamente compensado pela soberba paisagem que dali se avista.

Estes locais não são os únicos da Serra da Lousã, que ostentam estes afloramentos rochosos e para norte encontram-se os imponentes Penedos de Góis, um local que também conheço e de que falarei num próximo artigo.

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1 comentário:

  1. Apesar de ter essa aparencia de oeste Americano como o lugar é bem interessante , gostei da ideia de BTT , esportes radicais são tendencia mundial ...e, nesse caso ai radical é um termo que define bem...sei não se eu teria fôlego para fazer essa caminhada ou à pé ou de 'bike'.

    Bom final de semana amigo querido!

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