Motoman, o robot cozinheiro. |
É que uma das metas a atingir pelas empresas quando fazem a actualização do seu equipamento é sempre a de reduzir ao máximo o número dos seus trabalhadores. Mas não creio que isto resulte sempre e há casos de empresas que encerraram as suas actividades, passado pouco tempo após terem feito grandes investimentos na aquisição e modernização de equipamentos com vista a reduzirem o seu pessoal. Isto foi o que aconteceu, por exemplo, numa unidade fabril onde trabalhei durante dez anos que, na altura, dava trabalho a cerca de 40 pessoas mas que, já depois da minha saída, investiu fortemente na aquisição e modernização do seu equipamento, com vista à redução dos operários. Infelizmente, a essa empresa nem a drástica redução de efectivos lhe valeu, pois acabou por encerrar totalmente, sendo a crise dada como culpada desse encerramento, mas não acredito que fosse só por isso; quem sabe se a culpa não teria sido até dessa grande modernização. Penso que, por vezes, a cegueira pelo lucro impede as pessoas de raciocinarem convenientemente e fazem-se investimentos megalómanos que depois podem não trazer o devido retorno financeiro, tornando-se autênticos fracassos de gestão.
Um braço capaz de fazer o trabalho de dezenas de operários. |
O facto é que muitas máquinas são pensadas apenas para fazerem o trabalho que até então tem sido feito pelo homem, pois muitas delas são baseadas no principio da continuidade do braço humano, como a moderna escavadora ou, em indústrias como as de produção de automóveis, onde a maioria dos trabalhos são efectuados por robôs, que podem apertar parafusos, pintar, soldar, cortar, perfurar, transportar objectos de um lado para outro e muitos outros trabalhos. Com esta evolução, apontando sempre para a redução do trabalho humano, é de prever que a cada dia que passa seja mais difícil conseguir-se um posto de trabalho.
Uma linha de produção de automóveis. |
No caso de alguns equipamentos domésticos a sua evolução foi benéfica para as famílias, pois veio facilitar o seu trabalho, reduzindo o seu tempo de execução e podendo assim usufruir-se de um maior período de descanso ou, em alternativa, a dedicação a actividades desportivas ou culturais. Mas, por outro lado, o aparecimento e a constante evolução dos equipamentos audiovisuais, principalmente a televisão, vieram desviar as pessoas dessas mesmas actividades, tendo o cinema, o teatro e a indústria livreira sido as maiores vitimas dessa evolução. Mas também o convívio de pequenas comunidades existentes nas aldeias foi prejudicado pela televisão, pois lembro-me de, em miúdo, as pessoas se reunirem em determinados locais da terra, em convivência saudável, fazendo jogos tradicionais, pequenos bailaricos, ou simplesmente conversando. Quando a televisão teve o seu início em Portugal, ainda proporcionou algum convívio entre as pessoas, pois estas juntavam-se para assistir aos programas em cafés ou em outros estabelecimentos públicos, comentando o que viam, fazendo críticas divertidas e trocando opiniões. Recordo-me, por exemplo, de que quando eram transmitidos os Festivais da Canção, o café da aldeia rebentava pelas costuras, tal era o interesse que esse programa despertava. Isto passava-se na altura em que as pessoas ainda não tinham televisão em casa, numa época nostálgica, marcada pela curiosidade da descoberta e quando as emissões eram frequentemente interrompidas, sendo colocada no ecrã a seguinte informação: “Pedimos desculpa por esta interrupção. O programa segue dentro de momentos”.
Com o aumento do poder económicos das famílias, a televisão começou a ser introduzida no seio destas, com alguns benefícios, mas também com muitos prejuízos que daí advieram, que se têm agravado, pois hoje em dia já é raro o lar que não possua mais do que um aparelho, o que pode prejudicar também o convívio familiar.
Este texto foi extraído, com algumas adaptações, do meu Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, referente ao Núcleo "Equipamentos e Sistemas Técnicos".
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