O símbolo da classe de Abastecimento |
Devo confessar que as recordações deste período da minha vida militar não estão tão vivas na memória, quanto as da recruta, talvez porque a partir desta altura se passou a uma fase mais rotineira e teórica do serviço.
Logo no início de Abril surgiu a única situação um pouco diferente, quando fui chamado a fazer parte do Batalhão que foi prestar honras militares ao então Presidente da República, Almirante Américo Tomás, quando este se deslocou ao Brasil, na altura em que foram trasladados para esse país os restos mortais do rei D. Pedro I. Não me recordo de grandes pormenores sobre o acontecimento e julgo que o pessoal que integrou esse Batalhão o terá sido, talvez, pela prática recente de exercícios de Ordem Unida, adquirida na recruta.
A Escola de Abastecimento |
Não me recordo das diferenças existentes entre as duas primeiras fases, sei que a I.T.E. terminou em 26/06/72 e, depois de alguns dias de intervalo, iniciei o 1º Grau em 10/07/72. Penso que nesta fase do curso eram ministradas algumas disciplinas mais técnicas e mais complexas relativamente à I.T.E.
As funções dos militares da classe de Abastecimento eram as seguintes:
Cuidar da arrumação, guarda e conservação do material, géneros sobressalentes, fardamento e pequeno equipamento, armazenado em depósitos, paióis e câmaras frigoríficas, com excepção de munições e material de saúde e efectuar o respectivo fornecimento e distribuição.
Executar os trabalhos relativos à manutenção dos níveis de existências dos depósitos e paióis.
Exercer as actividades relacionadas com o serviço de embalagem, preservação e transporte do material.
Desempenhar as funções inerentes ao serviço das cantinas
Executar os trabalhos manuais e mecânicos de correspondência e escrituração, cálculo e contabilidade, relativos ao serviço de abastecimento e aos conselhos administrativos e efectuar os trabalhos correntes de secretaria.
Processar e liquidar os vencimentos do pessoal, sob a responsabilidade do chefe de serviço e efectuar pagamentos ao pessoal dos navios ou serviços que se encontrem fora da sede dos seus conselhos administrativos.
Arquivar e guardar os livros e documentos ao seu cargo.
Cooperar no serviço de limitação de avarias.
Cooperar no serviço de vigilância.
O curso tinha disciplinas de Português, Matemática, Caligrafia, História e Geografia, Inglês e Dactilografia, entre outras. Os professores que ministravam estas disciplinas eram todos oficiais ou sargentos da Marinha à excepção do “teacher” que era civil e de nacionalidade inglesa.
A disciplina de dactilografia, devido à sua especificidade, foi essencialmente prática, e as máquinas de escrever de teclado HCESAR, tinham as letras de identificação das teclas tapadas, o que tornava esta prática difícil e de início martelávamos as teclas completamente ao acaso.
Este processo de aprendizagem tinha a finalidade de se escrever sem olhar para as teclas, o que aliado à exigência que era feita de utilizar todos os dedos das duas mãos, veio a mostrar-se muito eficaz e, no meu caso, apesar de já anteriormente escrever à máquina, o curso foi muito produtivo e creio que me transformei num razoável dactilografo.
Na disciplina de Caligrafia utilizávamos canetas de pau, sem depósito de tinta, a fazer lembrar os tempos da escola primária em que esse tipo de caneta e o mata-borrão faziam parte do material escolar.
A Quinta das Torres, junto ao portão traseiro do Grupo 1 e o apeadeiro do Caminho de Ferro. |
Penso que foi aquela altura que começou a ser publicado um pequeno jornal que, se a memória não me falha, era da autoria da Escola de Abastecimento, julgo até que era elaborado com a colaboração de alguns alunos da minha turma., Não me recordo de grandes pormenores e até posso estar enganado, mas lembro-me perfeitamente do nome do jornal que era: “O Eco das Torres”, título inspirado no nome do local, onde o Grupo 1 estava instalado: a “Quinta das Torres”.
No dia 22 de Dezembro de 1972, terminava o 1º Grau e partia rumo à Companhia de Adidos, no Alfeite. Terminava a fase de aprendizagem e ia iniciar uma nova etapa do serviço militar, onde iria pôr em prática os conhecimentos adquiridos durante quase um ano no Grupo nº 1 de Escolas da Armada. Era o adeus a Vila Franca de Xira.
Os artigos relacionados com o serviço militar estão listados em ÁREA MILITAR
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Afirmativo Filho da Escola, aqui está o relato completo daquilo que foi o nosso ano de 1972, passado entre a EAM e a Escola de Abastecimento. Também estive presente na ida do Tomás ao Brasil. O nosso curso dividia-se em 2 turmas, A e B, eu era da A e tu da B. Obrigado pela recordação e parabéns pela forma sucinta como o fizeste! Abraço!
ResponderEliminarJPeixe
Caro amigo Filho da Escola, parece que temos todos muito em commun. Creio que além de sermos todos da mesma incorporação eramos muita bons a marchar. Por isso fomos escolhidos, creio eu.
EliminarBom Se me lembro foi na doca do bom sucesso ou algures perto de sta apolónia. Tava um calor do caraças nesse dia e as fardas azuis não ajudavam nada. Alguns desmaiaram e eu soava que nem uma besta. Tive lá um ponto que senti os joelhos a abanar mas aguentei-me com umas inalações de ar muito longas e lentas. hihi. Na podia deixar mal a nossa escola o Cabo Nazaré e os outros Monitores, na é...
Éramos bons a marchar porque ainda estavam frescas as aulas de infantaria da E.A.M. A propósito, as aulas de Infantaria e Ordem Unida eram as disciplinas de que eu mais gostava. O bater compassado e certo dos tacões na parada, o manejo de armas, o som do clarim, as vozes de comando do cabo ou do sargento da companhia, são das coisas de que melhor me recordo dos tempos da recruta.
EliminarAgora que o amigo José Flor fala nisso, também tenho uma vaga ideia de um desmaio que aconteceu a um filho da escola e do calor que estava.
Um abraço.
Caro Amigo José Alexandre, aqui vai o meu email para troca de impressões e possíveis notícias de reuniões.
ResponderEliminarTambém fiz parte do batalhão de honras aos restos Mortais de D. Pedro.
jose.flor@az-zauia.com
Um abraço
J. Flor
Boa tarde,
ResponderEliminargostaria de saber se têm contectos de camaradas "L" que tenham sido incorporados em 1981. Tento reunir camaradas do meu pai, que por lá esteve em 1981, antes de ser colocado na escola de LA nos anos seguintes. Chama-se Moura e é natural do Porto. Agradeço a eventual ajuda que me possam dar e desejo a todos as maiores felicidades.
Eu, pessoalmente, não conheço nenhum filho da escola desse ano, pois sou muito mais antigo, de 1972, mas se pesquisar no Facebook há lá um grupo denominado "Cantinho dos Ls", onde talvez se encontrem camaradas de 1981.
EliminarObrigado pela visita e pela participação.
Boa noite também servi a Briosa, sou da 2ª Incorporação de 1980, Fiz Abastecimentos, e fiquei na Escola de Abastecimento, na sua secretaria, tive como chefe o Ex.mo Sr. Contra-Almirante Luís Carlos Calceteiro Serafim. Nunca mais soube de ninguém da minha incorporação, tenho saudades de encontrar os meus "camaradas" os filhos da escola. Aqui fica o meu endereço de correio electronico para quem souber de alguém dos "L´s" desse tempo.
Eliminarazcouto@gmail.com
Agradecimentos ao responsável pelo Blog.
Abraços ao Camaradas Filhos da Escola.
Também por lá passei entrei em Setembro de 1976, fiz parte da 2ªCompanhia e fiz o curso de abastecimentos, era então o 2013/76 (o fotografo),gostava de contactar com camaradas desse tempo para matar saudades.
ResponderEliminarfotogaspar@hotmail.com.
Um abraço a todos os filhos da escola.