A Utilização Profissional de Equipamentos e Sistemas Técnicos

Ao longo do meu percurso profissional, que iniciei com apenas dez anos, utilizei muitos e variados equipamentos profissionais, dado que o meu trabalho tem sido efectuado em diversas áreas, algumas bastante diferentes entre si, mas em todas tive necessidade de operar com máquinas e equipamentos, o que me tem proporcionado aprendizagens interessantes e diversificadas neste campo.

Nos trabalhos para o RVCC, do núcleo equipamentos e Sistemas Técnicos, em contexto profissional (DR2), era exigido aos adultos que, entre outras coisas, fizessem a descrição detalhada do funcionamento de um equipamento profissional com o qual tivessem operado.

Do Rabaçal a Conímbriga pelos Caminhos de Santiago


 Este artigo foi atualizado em Maio de 2017

Os Caminhos de Santiago são os percursos percorridos pelos peregrinos que afluem a Santiago de Compostela desde o Século IX. Estes são chamados de Peregrinos, do latim "Per Aegros", "aquele que atravessa os campos". Têm como seu símbolo uma concha, normalmente uma vieira designada localmente por "venera", costume que já vinha do tempo em que os povos ancestrais peregrinavam a Finisterra.

Os caminhos espalham-se por toda a Europa e vão todos entroncar aos caminhos franceses que posteriormente se ligam aos espanhóis, com excepção das várias vias do Caminho Português, que têm origem a sul, e do Caminho Inglês que vinha do norte.
Fonte: Wikipédia

Zambujal.

O percurso do Rabaçal a Conímbriga pelo Caminho de Santiago tem alguns pontos bastante interessantes sendo, desde logo, o facto de se tratar de um percurso que assenta, senão na totalidade, pelo menos em grande parte, na antiga via romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Brácara Augusta (Braga), um motivo de interesse.

Este percurso é de cerca de 12 km e outro aspecto interessante é o facto de grande parte dessa distância ser feita junto ao Rio Caralio Seco (Caralium Secum) que hoje, por decência, conforme é referido no livro “Penela História e Arte” de Salvador Dias Arnaut e Pedro Dias, mais conhecido por Rio Pau, Ribeira de Alcalamouque, Rio dos Mouros… A respeito deste rio dizem ainda os autores: “… No verão, pedras musgosas no leito (por vezes musgo negro, feio), lagartos e cobras ao sol. No inverno súbita fúria. Invade os campos, tenta roubar azeite e ovelhas, leva consigo latas, roupas, pneus, cestos, tudo o que vorazmente apanha; e vai pendurando na selva do vale estreito e medonho a montante de Conímbriga e ao som pavoroso que dá no Esguicho, plásticos, farrapos, que ali ficam no alto a adejar sinistramente.

Enfim, um rio com características muito próprias das regiões cársicas em que as águas das chuvas são rapidamente absorvidas pelo solo e por esse motivo o leito do rio, em algumas zonas do seu curso, se encontra frequentemente sem água e a justificar assim o seu nome de Carálio Seco.

Fonte Coberta - Pintura de Pier Maria Baldi.

A localidade seguinte ao Rabaçal, que se encontra no caminho é o Zambujal, sede de freguesia, que pertence ao concelho de Condeixa-a-Nova. Ali o Caminho de Santiago está muito bem sinalizado por placas que indicam o caminho a seguir sem possibilidades de engano e o mesmo acontece na aldeia de Fonte Coberta, onde até a rua principal tem o nome de “Rua do Caminho de Santiago”. Esta aldeia está muito bem cuidada e aqui as suas ruas e travessas têm nomes assinalados em pequenos painéis de azulejos colados nas esquinas das casas. À entrada e à saída da aldeia ostenta placas de boas-vindas, também em azulejos. Com um painel de azulejos é também assinalado o Largo Piere Maria Baldi, local onde está exposta a reprodução de uma pintura que foi feita em 1669 pelo pintor e arquitecto toscano Pier Maria Baldi, que acompanhava o príncipe Cosme de Médicis numa peregrinação a Santiago de Compostela.

Ponte Filipina 1636/1637.

A última placa identificativa do Caminho de Santiago encontra-se à saída da aldeia e assinala também ali, a poucos metros, uma ponte sobre o Rio Carálio construída, no reinado de Filipe III de Portugal, entre 1636/1637. Neste local foi construído, em data muito recente, um parque de merendas onde está exposto um painel de azulejos mostrando a ponte Filipina e contando um pouco da sua história.



Parque de merendas junto à ponte Filipina


A partir daqui o caminho que, desde o atravessamento da estrada do Rabaçal, era em alcatrão passa a ser em terra batida e assim vai continuar até Conímbriga.

O caminho entre Fonte Coberta e Poço.

Até à aldeia do Poço o caminho segue sempre paralelo ao rio, juntinho à margem esquerda e é apenas um carreiro que não permite a passagem de automóveis. De resto este percurso como muitos outros dos Caminhos de Santiago são percorridos na sua maioria por praticantes de BTT e eu próprio o fiz nessa condição, tendo-me cruzados com vários ciclistas. De salientar que as margens do Carálio Seco, que contrariando nesta altura o seu nome, transporta bastante água, são aqui despidas de arvoredo ao contrário do que acontece com outros rios, não muito longe daqui, como o meu bem conhecido Rio Dueça, onde abundam os salgueiros, amieiros ou choupos.

O Rio Carálio entre a aldeia do Poço e Conímbriga.

Para lá da povoação do Poço o caminho afasta-se ligeiramente do rio, mas apenas durante algumas centenas de metros, pois mais à frente encosta-se de novo a ele, antes do rio entrar num vale profundo, encostado a um monte de paredes abruptas, entrando então o caminho em íngreme subida. Este vale é certamente o que é referido no livro de Salvador Dias Arnaut e Pedro Dias como o vale estreito e medonho a montante de Conímbriga.

O rio deixa de ser avistado durante cerca de dois ou três quilómetros e o caminho passa a estar rodeado de pinheiros, não existindo placas a identificar o caminho, o que faz, por vezes, surgir algumas dúvidas sobre o percurso, no entanto sempre se vão encontrando algumas setas amarelas pintadas em árvores ou em pedras, à beira da estrada.

Depois desta pequena ausência o rio surge de novo, após uma acentuada descida, onde é atravessado por uma ponte estreita de cimento começando, logo após a travessia, a estrada a subir de novo enquanto o rio se vai precipitando ravina abaixo, rodeado por abruptas encostas adornadas com enormes rochas calcárias. É uma paisagem simultaneamente espectacular e selvagem que se avista, enquanto se vai subindo pela estrada que, daí a nada, desemboca junto às ruínas da cidade romana de Conímbriga.

A Casa de Cantaber em Conímbriga. O Caminho de Santiago passa a poucos metros daqui.

Este percurso apesar da sua pequena extensão é, em termos de paisagens e de simbolismo histórico, absolutamente inesquecível. Aqui é fácil viajar no tempo. Sonho, aventura e mistério de mãos dadas!


CONSTRUÇÃO DE MINIATURAS DE NAVIOS

O navio "ancorado" dentro de um móvel envidraçado, feito de propósito para guardar as minhas miniaturas.

Há alguns anos atrás dediquei-me, durante alguns meses, à construção de miniaturas de navios. Já publiquei um artigo com o título “Os Meus Navios”, onde abordei ligeiramente esse assunto, mas agora decidi aprofundá-lo um pouco mais, explicando melhor a forma como procedi e os materiais que utilizei. Era uma actividade que me ocupava muito tempo, pois não utilizava qualquer tipo de peças já prontas como acontece, por exemplo, naquelas construções em que se vão comprando aos poucos todos os materiais já fabricados e em que se faz apenas a colagem e pouco mais.

O que fiz, foi tudo um pouco ao sabor da imaginação, não obedecendo a nenhum modelo ou escala em concreto, socorrendo-me apenas de algumas imagens de quadros ou revistas.

As madeiras que utilizei foram, na sua maioria, aproveitadas de móveis antigos que iam para o lixo ou para queimar, mas, no modelo de que vou falar neste artigo, utilizei também restos de parquet para pavimentos, em madeira de mogno.

Promenor da zona de vante.

As minhas miniaturas, como não pretendem ser cópias de nenhum modelo antigo ou actual, nunca foram baptizadas; são apenas “os meus navios”, uma “Armada” que para mim tem muito valor, não só pelo seu aspecto decorativo, mas também porque marcam uma fase da minha vida em que, quase como por milagre, de madeiras velhas nasceram miniaturas de navios, daqueles navios que na infância me faziam sonhar.

Para o casco deste navio de que passo a falar e que foi o último que construí, utilizei lâminas de madeira prensada (tipo peças do fundo das gavetas) que foram cortadas mais ou menos com a forma do casco, ou seja, mais largas ao meio, estreitando um pouco para o lado da popa e mais para o lado da proa. De seguida, estas peças foram coladas umas em cima das outras, mas de modo a fazerem uma curvatura que foi conseguida com as peças colocadas em cima de dois bocados de madeira e depois forçadas com pesos em cima e pregadas.

A zona de ré.

Depois disto procedi como de estivesse a construir uma casa com tijolos, assentando as pequenas peças de parquet, utilizando sempre cola branca para madeira e deixando já as aberturas para as vigias e para os sítios onde iriam ser aplicadas as peças de artilharia. Toda a estrutura do navio foi construída utilizando quase sempre esse sistema, talvez devido ao facto de naquela altura trabalhar na construção civil e estar assim como que a construir uma casa em miniatura. Era como se as peças de madeira fossem os tijolos e a cola, o cimento.

Antes de proceder à colocação dos mastros e a outras construções na coberta, fiz uma primeira lixagem do material já aplicado, incluindo o casco, que foi feita utilizando uma lixadora rotativa.

Para os mastros, a madeira que usei também foi aproveitada de peças de móveis, na maioria de madeira de castanho, que é uma madeira de grande duração, quase eterna, poder-se-á dizer.

Pormenor dos mastros e cestos das gáveas.

Para as peças mais pequenas, como aquelas utilizadas nos cestos das gáveas, em escadas, corrimões e outras, socorri-me de madeira aproveitada das mais diversas coisas como: palitos das espetadas de carne, lápis de pau, palitos dos dentes, etc. e as escadas para os mastros foram feitas com cordão de nylon, tendo utilizado a seguinte técnica:

Em cima de uma mesa preguei quatro pequenos pregos, (cinco para as escadas do mastro grande) separados por cerca de dois cm. (maior distância na parte correspondente ao fundo e menos ao cimo). As cordas foram atadas aos pregos e esticadas e depois colei as travessas ou degraus de escada, utilizando o mesmo tipo de cola que usei para a madeira, pois esta cola tem a propriedade de ficar transparente quando seca. As escadas depois da cola ter secado bem foram presas ao cimo dos mastros, esticadas e atadas à estrutura do navio, com o método que se pode ver nas fotos.

Quando faltava colocar apenas as velas, o navio foi todo polido, tendo de seguida sido aplicado um produto para protecção da madeira e finalmente envernizado.

Vista aérea do navio com as velas enroladas.

Quanto às velas deste e dos meus outros navios, foram feitas com cartolina, o que é talvez o seu ponto mais fraco no que respeita a material e a semelhanças com a realidade do que são as velas de um navio. No entanto, nesta miniatura de aqui falo, já fiz a colocação de novas velas, em pano, mas não ficaram do meu agrado, pelo que as enrolei nos mastros, estando à espera que “soprem novos ventos” que me levem a fazer outras com um tecido mais apropriado do que este, que foi extraído de um lençol velho.

Para terminar, quero fazer também referência às peças de artilharia e às âncoras para as quais utilizei chumbo que foi aquecido até ficar em estado líquido, após o que foi vertido em moldes preparados previamente para ficar com a forma pretendida.

Quem tiver gosto por este tipo de ocupação, tempo livre e móveis velhos que já não sirvam para mais nada, pode embarcar nesta aventura da construção naval. A recompensa final é óptima: um belo adorno para casa e a satisfação pela obra realizada.

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