ACIDENTE AÉREO NA SERRA DE ALVAIÁZERE

A Serra de Alvaiázere. Entre as duas turbinas eólicas encontra-se algo que, visto à distância,
se parece com  a vela latina de uma embarcação.

A EVOLUÇÃO DOS MEIOS E MÉTODOS DE ESCRITA


Não pretendo estar a escrever a historia da escrita, pois para isso teria de recuar alguns milhares de anos no tempo e isso sairia do âmbito deste blogue, que se destina apenas a relatar, na primeira pessoa, algumas experiências e aprendizagens adquiridas num espaço temporal de apenas algumas dezenas de anos. Por isso este artigo refere-se apenas à evolução dos meios e métodos de escrita nos últimos 50 anos.

A escrita manual

Tinteiro, canetas e lápis de pedra.
Ainda sou do tempo em que se utilizava uma caneta de pau, cujo bico se ia molhando no tinteiro para escrever. Não é que não existissem já outros tipos de canetas, mas esse método ainda estava em uso nas escolas primárias em 1960 e as carteiras estavam preparadas para esse tipo de escrita, pois tinham furos onde encaixavam os respetivos tinteiros. Era necessária alguma prática para que o bico não transportasse muita tinta de cada vez que ia ao tinteiro, pois isso podia originar a queda de tinta em locais menos próprios, mas para isso existia o mata-borrão, um pedaço de cartão que absorvia a tinta e que era um utensílio indispensável na pasta do aluno.

O MOINHO DO AVIADOR

O Moinho do Aviador
Um destes domingos andei por Penacova a fazer umas pesquisas para escrever um artigo sobre o rio Mondego e sobre a barca serrana, quando reparei num edifício circular que se encontra no cimo de um monte sobranceiro à rotunda de acesso ao IP3. Este edifício, que se encontra com a base meio escondida pelos matos e arvoredo, tem uma arquitetura invulgar com uma cúpula bastante aguda e que, inicialmente, pensei tratar-se de algum templo religioso, ou coisa do género, pois mesmo à distância deixa adivinhar que não se trata de um moinho de vento.

AGUARDENTE DE MEDRONHOS

A época das vindimas está a chegar ao fim e agora preparam-se os alambiques para fazer a destilação do bagaço das uvas para obter a aguardente, ou cachaça, como também é conhecida, principalmente no Brasil.

Há bastantes anos atrás eu também fazia aguardente das minhas uvas morangueiras, também conhecidas por uvas americanas, mas, entretanto, acabei com isso, pois deixei de fabricar vinho para consumo próprio, devido a falta de tempo e também porque o vinho morangueiro era difícil de conservar, entre outros motivos.

No entanto, pode-se produzir aguardente a partir da destilação de vários frutos e entre esses pontua o medronho, um fruto silvestre também conhecido por morango bravo, que dá uma excelente aguardente, desde que se conheça o método correto do seu fabrico.

É de aguardente de medronho que venho aqui falar, não para ensinar ninguém a fazê-la, mas apenas para contar a minha experiência com a produção de uma alambicada de aguardente de medronhos, já lá vão para aí uns 30 anos.

Falava-se muito da aguardente de medronhos, como sendo de excelente qualidade e foi isso que me levou a calcorrear montes e vales para colher uma quantidade de frutos que fosse suficiente para encher a panela do alambique.

Se é verdade que no final se obtém uma bebida de grande qualidade para quem aprecia este género de bebidas alcoólicas, não é menos verdade que grande também é o trabalho que dá, desde o início da colheita dos frutos até sair o fiozinho de liquido pelo cano do alambique.

Depois de ter colhido cerca de 60 litros de medronhos (convém que estejam bem maduros) e de já estar farto de andar a saltar de medronheiro em medronheiro, pois tentava apanhar apenas os frutos mais maduros (e a maior parte deles estavam ainda verdes), decidi parar por ali. Penso que fiz a colheita cedo de mais, mas os medronhos também têm um amadurecimento muito irregular.

Devo dizer que os meus conhecimentos sobre os métodos de fabrico da aguardente de medronhos se resumia ao que ouvia falar nas conversas de taberna, locais onde naquela altura se desenvolviam autênticos fóruns de discussão e onde todos opinavam sobre os assuntos mais variados, embora muito do que lá se aprendia carecesse de fontes fidedignas.

Seguindo algumas dessas opiniões, coloquei os medronhos num bidão de plástico onde iriam ficar a fermentar durante pelo menos um mês. Diziam os entendidos na matéria que todos os dias se deviam remexer os medronhos e só quando estes já estivessem em papa e cheios de mosquitos é que estavam prontos para ir para o alambique.

Como remexer bem os medronhos era bastante difícil, especialmente os que estavam mais no fundo do bidão, arranjei uma peça de uma vara de ferro de 6 mm. com cerca de 1 metro de comprimento à qual fiz umas curvas junto a uma das pontas (tipo a peça de uma batedeira) ,que apliquei a um berbequim e assim remexia o produto mais ou menos como se faz com uma varinha ou uma batedeira. Deu resultado e facilitou muito o trabalho.

Passado um mês, mais ou menos, e quando os medronhos já estavam feitos em papa, excepto alguns mais teimosos, porque estavam ainda verdes (lá estava o inconveniente de os não apanhar todos bem maduros) e também rodeados por uma nuvem de mosquitos, decidi que estava na altura de proceder à sua destilação.

O alambique onde eu costumava fazer aguardente, embora fosse de propriedade particular era uma espécie de alambique comunitário, onde toda a população da aldeia ia destilar o seu bagaço, na maior parte, ou então fazer aguardente de outro tipo, mediante a entrega de um litro de bebida por cada alambicada produzida.

Fazer uma alambicada de aguardente é um processo que pode demorar muitas horas e no caso da aguardente de medronhos ainda é mais demorado, pelo menos da forma que eu procedi, conforme tinha aprendido com os populares, mas a verdade é que nunca tive a certeza de ter procedido da melhor forma.

Para fazer aguardente de bagaço de uvas era costume revestir o fundo da panela com carqueja, para evitar que o produto a destilar pegasse ao fundo, e colocava logo o capacete do alambique sobre a panela, sendo só necessário esperar até que o vapor começasse a entrar no cano de saída, onde era arrefecido, pois o tubo encontrava-se mergulhado na água de um pequeno tanque, e assim o vapor transformava-se num fiozinho de liquido que saía diretamente para as garrafas ou garrafões. No entanto, para os medronhos tinha sido informado de que deveria estar sempre a mexê-los até que a papa começasse a ferver e só então colocar o capacete na panela.

Naquele tempo não havia Internet, como hoje, onde se pode pesquisar sobre tudo e mais alguma coisa, embora o problema da fidedignidade continue e por isso reafirmo que isto é apenas o relato de uma experiência pessoal e não para ensinar o melhor processo de fabrico, pois na realidade eu também não o sei.

Foram cerca de duas horas de “seca” a mexer os medronhos desfeitos com uma colher de pau grosseira que tinha preparado de propósito para o efeito, até que finalmente começaram a aparecer umas erupções na papa indicando que começara a ferver pelo que tratei de pôr imediatamente o capacete na panela, tratando de o vedar convenientemente com massa de farinha. Naquela altura já estava com muitas dúvidas sobre aquele modo de proceder, devido ao imenso tempo que a papa demorara a começar a ferver o que já originara uma considerável perda de vapor, que talvez pudesse ter sido transformado em aguardente, mas o certo é que tinha cumprido as regras de fabrico de acordo com o tal “fórum de taberna” e estava confiante de que o produto não tivesse agarrado ao fundo, nem às paredes da panela.

Depois de ter colocado o capacete na panela não demorou muito até que um fiozinho de aguardente começasse a brotar do cano, mas daí até acabar a alambicada ainda teria de esperar mais umas cinco ou seis horas, pois para a aguardente sair em boas condições e com um bom grau alcoólico tem que se manter a fervura lenta, não se podendo espevitar muito o fogo e, portanto, o fio de liquido a sair do cano deve ser muito fino.

Fiz cerca de 12 litros de aguardente e quando finalmente a provei, apesar de não ser um especialista em bebidas alcoólicas, percebi que tinha acabado de produzir uma excelente bebida, dentro do género, o que depois foi confirmado por várias pessoas que tiverem o privilégio de a saborear.

Naquele alambique comunitário era costume, no final da alambicada, abandonar o local sem fazer limpeza ao alambique, sendo essa limpeza feita sempre pelo utilizador seguinte, sendo um dos motivos para isso o facto do sistema ter que arrefecer para se poder extrair o conteúdo da panela e efectuar a sua limpeza. Vim para casa depois de ter entregue a maquia ao dono do alambique, satisfeito, apesar do imenso trabalho que tivera e que já se prolongava há mais de um mês, desde que começara a apanhar os medronhos. Vinha também descansado e pouco preocupado com o utilizador seguinte, pois como procedera de acordo com as normas do “fórum de taberna” esse teria apenas de despejar a panela e fazer a sua limpeza normal, como eu também já tinha feito no início.

Passados alguns dias fui abordado pelo dono do alambique que me disse:

- É pá! … Deixaste agarrar aquela porcaria toda. Foi lá um gajo fazer aguardente de figo e teve um trabalhão do cara… para limpar a panela!

- Então?!... Mas… eu procedi como me tinham indicado. Estive sempre a mexer os morangos e só coloquei o capacete quando a panela já estava a ferver! – Repliquei admirado.

- Pois é!... Fias-te nos gajos da tasca, mas eles não percebem nada daquilo. Devias ter posto carqueja no fundo para não se agarrar!

Naquele momento fiquei bastante confuso, mas a verdade é que nunca mais fiz aguardente de medronhos e fiquei sem saber, ao certo, qual devia ser o procedimento correto.

Artigos relacionados:

Nas zonas rurais, antes do aparecimento da Internet, para fazer pesquisas sobre qualquer assunto de que tínhamos pouco ou nenhum conhecimento, era costume irmos “pesquisar” ao café ou à taberna da aldeia. Nesses locais desenvolviam-se autênticos “fóruns” onde se discutia sobre os mais diversos assuntos. A agricultura era um dos temas mais falados...

APRENDER COM OS MELHORES

Este blogue foi criado com a finalidade de partilhar algumas experiências e conhecimentos, adquiridos (conforme o título do blogue indica) durante meio século de existência. No entanto este espaço tem proporcionado ao seu autor não só essa partilha de conhecimentos, mas também a aquisição de novos saberes, tendo chegado à conclusão de que são em maior número as aprendizagens recebidas do que as que são transmitidas.

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7 DE OUTUBRO


Livro de leitura da 1ª classe,
usado nos anos 60. 
De todos os acontecimentos importantes, que  assinalam o dia 7 de outubro, o mais marcante na vida da maioria das pessoas com idades superiores a 40 anos é, sem dúvida, a entrada para a Escola que, nos anos anteriores à década de 70, se fazia no dia 7 de outubro, marcando o início de uma nova fase da vida que começava aos seis anos.

Nessa altura, as aulas nas escolas primárias iniciavam-se nesta data e, por esse motivo,  era um dia muito importante e aguardado com muita ansiedade, numa época em que não existiam jardins de infância ou pré-escolar e a aprendizagem das primeiras letras era feita a partir da entrada na Escola Primária.