A autoestrada na zona de Almalaguês. Ao longe avistam-se os pilares de um viaduto em construção, no lanço que se dirige para Coimbra. |
Em
Lamas – Miranda do Corvo, foram construídas três rotundas para acesso à
autoestrada e esta localidade, graças a esta nova estrada, ficou agora com uma variante
à E.N. 342, que permite a quem circule nesta estrada a sua passagem por fora da
povoação. Esta variante que, na altura da alteração do traçado da E-N. 342,
fora muito reivindicada e discutida, foi levada a cabo num contexto
completamente diferente do existente na altura. Agora, com a abertura de dois
acessos à A13 em pontos extremos da povoação, ficou também pronta a dita
variante que, provavelmente, para além dos benefícios em termos ecológicos que
certamente daí advirão, terá também o reverso da medalha, pois com o trânsito a
passar ao largo o comércio local deverá arcar com os custos desses benefícios.
Em cima: As escavações arqueológicas na Eira Velha. Em baixo: A estrada que deu origem à descoberta das ruínas da Vila Romana cobre agora, com o seu tapete asfáltico, os vestígios do passado. |
Há
pouco mais de um ano a construção do novo IC3, agora chamado de autoestrada13,
trouxe um período de alguns meses de glória efémera para Lamas, quando a
terraplanagem do terreno onde iria passar a estrada, na Eira Velha, um local
próximo da povoação, pôs a descoberto aquilo que foi classificado como uma
antiga vila romana. Rapidamente foram enviados para o local equipas de
arqueólogos e muito pessoal para procederem a escavações na mira da descoberta
de uma possível cidade perdida, soterrada debaixo das videiras produtoras do
bom e justamente afamado vinho de Lamas. A urgência era grande, pois a estrada
necessitava de avançar e se montes agrestes e vales profundos não eram motivo
suficiente para a parar, ou sequer desviar, muito dificilmente poderiam umas
simples ruínas ser obstáculo suficiente para isso.
Em
Lamas, na festa das vindimas de 2011, já se brincava aos romanos e talvez
existisse a esperança de Eira Velha vir a tornar realidade velhas histórias e
lendas de tesouros e príncipes encantados ou que pelo menos ali nascesse uma
nova Conímbriga, mas as escavações arqueológicas não revelaram que o local
merecesse a alteração da rota prevista para a nova estrada e a vila romana, que
acordou de um sono letárgico de muitos séculos, voltou a adormecer, agora
coberta com um manto novo, este de asfalto e, se calhar, definitivo que veio
substituir o verde da folhagem das videiras ou, no inverno, o castanho dos seus
troncos atarracados e ramos rebeldes e nus.
Uma zona de portagens. Para que não hajam dúvidas lá está um painel com o valor das taxas. |
Quando
o troço que está em construção desde a zona de Almalaguês até, segundo se diz,
à Ponte da Portela, de que falei em “As pontes do novo IC3, Lamas e toda a
região envolvente, fica com um ótimo acesso a Coimbra, o que sendo uma velha
aspiração de Miranda, poderá não ser o mais desejado devido ao pagamento de
portagens e, por ser uma distância curta, pode vir a ser uma opção relegada
para segundo plano se as contas entre custo/benefício não forem favoráveis.
De
qualquer maneira esta é uma obra grandiosa que trará os seus benefícios para a
região e que espanta pela rapidez de execução, visto que atravessa terrenos
muito acidentados onde foi preciso construir grande número de pontes e
viadutos; uma estrada que, não querendo comparar o incomparável, contrasta com
a pobreza da variante à E.N. 342 Miranda-Lousã que apesar de ter acessos e
cruzamentos desnivelados, semelhantes aos de uma autoestrada, tem apenas duas
faixas de rodagem e um traçado que não permite ultrapassagens em segurança e com
bermas muito reduzidas, sendo vulgar encontrar carros avariados a ocuparem
parte de uma das faixas de rodagem, com o perigo que isso representa e que na
altura da sua construção, em tempo de “vacas gordas”, levou mais de uma dezena
de anos a ser concluída, apesar de ter um percurso de apenas cerca de 20 quilómetros .
Assim, uma obra como a A13, realizada com tanta rapidez e perfeição e para mais
em tempos de crise, é um facto memorável.
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