IC3/A13 - UMA NOVA ESTRADA

A autoestrada na zona de Almalaguês. Ao longe avistam-se os pilares
 de um viaduto em construção, no lanço que se dirige para Coimbra.
Já se encontra aberto ao trânsito o troço da A13, entre Penela e Condeixa, na extensão de 23 quilómetros. Esta estrada que resulta da conversão do novo IC3, no âmbito da subconcessão do Pinhal Interior que irá ligar Tomar a Coimbra, deverá estar concluída no 1º trimestre de 2013.


Em Lamas – Miranda do Corvo, foram construídas três rotundas para acesso à autoestrada e esta localidade, graças a esta nova estrada, ficou agora com uma variante à E.N. 342, que permite a quem circule nesta estrada a sua passagem por fora da povoação. Esta variante que, na altura da alteração do traçado da E-N. 342, fora muito reivindicada e discutida, foi levada a cabo num contexto completamente diferente do existente na altura. Agora, com a abertura de dois acessos à A13 em pontos extremos da povoação, ficou também pronta a dita variante que, provavelmente, para além dos benefícios em termos ecológicos que certamente daí advirão, terá também o reverso da medalha, pois com o trânsito a passar ao largo o comércio local deverá arcar com os custos desses benefícios.

Em cima: As escavações arqueológicas na Eira Velha.
Em baixo: A estrada que deu origem à descoberta das ruínas
da Vila Romana cobre agora, com o seu tapete asfáltico, os vestígios do passado.
Há pouco mais de um ano a construção do novo IC3, agora chamado de autoestrada13, trouxe um período de alguns meses de glória efémera para Lamas, quando a terraplanagem do terreno onde iria passar a estrada, na Eira Velha, um local próximo da povoação, pôs a descoberto aquilo que foi classificado como uma antiga vila romana. Rapidamente foram enviados para o local equipas de arqueólogos e muito pessoal para procederem a escavações na mira da descoberta de uma possível cidade perdida, soterrada debaixo das videiras produtoras do bom e justamente afamado vinho de Lamas. A urgência era grande, pois a estrada necessitava de avançar e se montes agrestes e vales profundos não eram motivo suficiente para a parar, ou sequer desviar, muito dificilmente poderiam umas simples ruínas ser obstáculo suficiente para isso.

Em Lamas, na festa das vindimas de 2011, já se brincava aos romanos e talvez existisse a esperança de Eira Velha vir a tornar realidade velhas histórias e lendas de tesouros e príncipes encantados ou que pelo menos ali nascesse uma nova Conímbriga, mas as escavações arqueológicas não revelaram que o local merecesse a alteração da rota prevista para a nova estrada e a vila romana, que acordou de um sono letárgico de muitos séculos, voltou a adormecer, agora coberta com um manto novo, este de asfalto e, se calhar, definitivo que veio substituir o verde da folhagem das videiras ou, no inverno, o castanho dos seus troncos atarracados e ramos rebeldes e nus.

Uma zona de portagens. Para que não hajam dúvidas lá está um painel com o valor das taxas.
Quando o troço que está em construção desde a zona de Almalaguês até, segundo se diz, à Ponte da Portela, de que falei em “As pontes do novo IC3, Lamas e toda a região envolvente, fica com um ótimo acesso a Coimbra, o que sendo uma velha aspiração de Miranda, poderá não ser o mais desejado devido ao pagamento de portagens e, por ser uma distância curta, pode vir a ser uma opção relegada para segundo plano se as contas entre custo/benefício não forem favoráveis.

De qualquer maneira esta é uma obra grandiosa que trará os seus benefícios para a região e que espanta pela rapidez de execução, visto que atravessa terrenos muito acidentados onde foi preciso construir grande número de pontes e viadutos; uma estrada que, não querendo comparar o incomparável, contrasta com a pobreza da variante à E.N. 342 Miranda-Lousã que apesar de ter acessos e cruzamentos desnivelados, semelhantes aos de uma autoestrada, tem apenas duas faixas de rodagem e um traçado que não permite ultrapassagens em segurança e com bermas muito reduzidas, sendo vulgar encontrar carros avariados a ocuparem parte de uma das faixas de rodagem, com o perigo que isso representa e que na altura da sua construção, em tempo de “vacas gordas”, levou mais de uma dezena de anos a ser concluída, apesar de ter um percurso de apenas cerca de 20 quilómetros. Assim, uma obra como a A13, realizada com tanta rapidez e perfeição e para mais em tempos de crise, é um facto memorável.



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