Não
sou jardineiro, nem sequer tenho qualquer formação ou alguma vez aprendi a arte
da jardinagem, então… por que motivo é que venho aqui falar de relvados?
O
motivo é simples e tem como suporte, tal como na maioria dos artigos que
escrevo, as experiências e aprendizagens ao longo da vida, ou como eu gosto de
dizer: na “Escola da Vida”.
Poderia
fazer um artigo muito bonito, com tópicos sobre os modos de preparar o terreno,
escolher as sementes apropriadas, montar um sistema de rega, etc. e tal…, mas
para quê, se para isso teria que ir buscar noutros sites as informações
necessárias e acabaria por transmitir apenas conhecimentos teóricos? A verdade
é que para se obterem conhecimentos práticos, só praticando… perdoem-me a
redundância…
O relvado, no início. |
Vou
então contar aqui as minhas experiências, adquiridas com a sementeira de um
relvado que, por não ter conhecimentos práticos sobre as necessidades da sua
manutenção, trabalho, despesa e outros, acabou dando lugar, para já, ao que eu
espero se venha a tornar num lindo batatal. As consequências desta mudança não
são graves, aliás, até podem ser e serão de certeza vantajosas e benéficas a
vários níveis, mas, e se em vez de relva se tratasse, por exemplo, de um animal
de estimação que adquiríssemos sem avaliar os riscos económicos e sem ter todas
as condições necessárias para lhe dar uma razoável qualidade de vida? Uma
tristeza para o animal e para o dono!... Bem, mas vamos à história…
Um
belo dia resolvi criar um relvado na minha chácara. Achei que daria um ar de
beleza e frescura ao local, como de facto veio a acontecer, mas não avaliei as
necessidades da relva sobre a quantidade de água necessária para a rega e de
manutenção em termos de adubação e do seu corte regular. Principalmente na
primavera e verão, a manutenção de um relvado exige muito trabalho e também
despesa em energia na rega e no corte. A falta de água no verão veio a originar
o fracasso deste relvado.
Tive
que semear a relva por duas vezes, pois na primeira sementeira, apesar de uma
boa germinação das sementes, o terreno encheu-se de ervas daninhas e ainda
comecei a tentar arrancá-las, mas estas eram tantas que acabei por desistir, pensado
que talvez a relva acabasse por vencer a ervas daninhas, porém tal não
aconteceu. O terreno tinha sido estrumado e preparado convenientemente; as
sementes foram lançadas à terra em Junho, talvez um pouco tarde, pois o verão
estava a chegar, mas o que originou uma tão grande invasão de ervas daninhas
terá sido o facto da terra não ter sido cavada uns dois ou três meses antes
para que o sol queimasse algumas raízes que tivessem escapado à sua extração do
terreno na altura da cava. Isso e talvez também o facto do estrume utilizado
ser de aves, estrume que é muito forte, ótimo para fazer adubação, mas que,
provavelmente, continha muitas sementes de erva ruim.
Ainda
estive tentado a comprar um herbicida para tentar secar as ervas infestantes,
no entanto desisti da ideia porque pensei (não sei se foi uma dedução certa,
mas que me pareceu óbvia) que o herbicida para esse tipo de trabalho teria que
ser muito seletivo, ou então mataria também a relva e como as ervas infestantes
me pareciam muito mais robustas que a própria relva, então estaria a estragar
tempo e dinheiro.
O local vai ficar de novo verde quando aparecem as batateiras. |
Tomei
a opção de cavar de novo o terreno, tendo o cuidado de esperar algum tempo
antes de fazer nova sementeira. Desta vez optei por um tipo de relva que,
segundo as indicações da embalagem, era muito resistente à seca e requeria
pouca manutenção. Esta nova sementeira foi feita no princípio do outono, tendo
nascido forte e sem grandes falhas. De ervas daninhas nem sinal e as que
porventura tenham nascido foram asfixiadas pela relva, pois esta germinou e
cresceu vasta e de uma cor verde carregada e até, em algumas zonas, me pareceu
vasta demais. Como as sementes foram distribuídas no terreno de forma igual,
provavelmente isso aconteceu em sítios mais férteis ou mais adubados do
terreno.
O
resultado da nova sementeira foi um sucesso. O outono decorria ameno e chovia
espaçadamente, o que evitou trabalho e gastos de água com regas, na altura em
que a relva mais necessitava dela.
Ainda
antes do começo do inverno foi necessário começar a aparar a relva que crescia
muito rapidamente. Não tinha máquina de cortar relva apropriada e ia-me
desenrascando com uma roçadora com o acessório de fios aplicado. Entretanto,
chegou o inverno e com ele veio o frio e a relva passou a crescer menos, ou até
a parar de crescer e o relvado deixou de necessitar de cuidados durante alguns
meses.
Com
a chegada da primavera, regressou também o sol e o calor e a relva começou de
novo a crescer e tinha de ser aparada pelo menos duas vezes por mês. A roçadora
não era muito indicada para fazer um corte de relva perfeito e estive tentado a
comprar uma máquina de cortar relva a gasolina, mas não o fiz porque para a
área do relvado (cerca de 50
m2 ), e também devido à sua utilidade, que me começava a
parecer um pouco fútil, achei que era um investimento demasiado grande e um
luxo desnecessário, ainda para mais em tempos de grande crise como se vive atualmente.
Nos
primeiros meses de verão ainda fui regando o relvado com alguma regularidade,
mas acabei por verificar que não iria ter água suficiente nos meus reservatórios
para aguentar as regas até ao fim do verão e comecei a desanimar, até porque
tinha plantas e árvores de fruto para regar e estas eram, sem dúvida, mais
importantes do que a relva. O resultado da escassez de água foi que, para o
final do verão, algumas partes do relvado começaram a ficar castanhas e quando
finalmente começou a chover alguma da relva já não recuperou, tendo começado a
aparecer de novo as ervas ruins.
O
lindo relvado começou a ficar com um aspeto pouco apresentável e acabei mesmo
por desistir de gastar água com ele, até que decidi que o melhor era utilizar o
terreno para culturas mais prementes, tendo fresado a terra e semeado batatas
no lugar da relva. Eu sabia, qualquer pessoa sabe, que os relvados dão trabalho
porque mesmo que não os tenhamos, todos nós vemos as pessoas que têm jardins,
sobretudo aos fins de semana, ocupados a tratarem da relva, a regar, aparar,
etc. Mas a ver parece fácil, a fazer já parece mais difícil…
O gramado, com a grama acabada de cortar. |
Mas
eu gosto do verde da relva e não desisti totalmente dela, pois tenho noutro
local da chácara um outro tapete verde, só que com este não tenho nem metade do
trabalho que tinha com o outro, nem gasto tanta água. Isto acontece porque se
trata de grama que foi plantada com pedaços provenientes do corte ou poda de
outros gramados. Este tipo de relva é extremamente resistente à seca e mesmo
que não seja regada, ficando totalmente castanha no verão, a grama tem a
capacidade de se regenerar e, quando regressam as chuvas, ela rejuvenesce.
O
inconveniente da grama plantada é que são necessários pelo menos um ou dois
anos até que o terreno fique totalmente coberto de verde, mas quando há pouca
água para regar é uma ótima opção e acontece também que é mais fácil de cortar
do que a relva, quando se utiliza uma roçadora. Tem também o inconveniente de
ficar castanha no inverno, sobretudo quando há geadas, mas nada que seja muito
grave. Afinal os tempos são de crise e não se pode ter tudo…
qual grama foi utilizada?
ResponderEliminarObrigado.
Penso que se refere à grama de que falo no final do post, no entanto não sei exatamente de que espécie era, pois ela foi aproveitada de pedaços provenientes da limpeza de jardins. É de folha larga e forma um excelente tapete.
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