Quando
num local elevado olhamos a paisagem e avistamos o casario de aglomerados
populacionais sejam cidades vilas ou aldeias, o vermelho das telhas cerâmicas
dos telhados ainda é a cor que predomina, no entanto, nos últimos anos, esse cenário
tem mudado um pouco, principalmente quando se trata das vistas sobre cidades e
algumas vilas, devido aos métodos de construção e materiais utilizados nas
coberturas de novos prédios, em que se abandonou o tradicional telhado e se
passaram a fazer as coberturas em terraço, principalmente nos grandes blocos de
apartamentos.
Não
me compete estar aqui a dissertar sobre o porquê dessas mudanças, nem a
analisar pormenores técnicos que não domino e certamente que existem vantagens
e desvantagens nas coberturas em terraço, mas pelos conhecimentos que tenho da
área da construção civil e também pelo que me tem sido dado observar, as
desvantagens serão em maior número, se atendermos ao conforto das divisões
habitadas da parte superior dos prédios, devido principalmente ao calor que
sempre trespassa para o interior através dessas coberturas de teto, mesmo tendo
em conta todo o isolamento utilizado nesse tipo de construções.
Normalmente
os sótãos das casas são locais muito quentes no período de verão, mesmo com a utilização
de poliestireno
expandido por debaixo das telhas. Em divisões onde o teto é constituído
diretamente pelo piso de telhado ou por um terraço sucede a mesma coisa, o que
significa que o sótão de uma casa que, normalmente, não é uma parte habitada,
se torna numa caixa de ar que impede a passagem de frio, calor e humidades para
o interior da habitação propriamente dita. Essa é uma das grandes vantagens dos
sótãos que, mesmo não tendo condições de habitabilidade, servem perfeitamente para
outras utilizações, principalmente como arrecadação ou arrumo de diversas
coisas.
Nas
coberturas em terraço de grandes prédios de apartamentos, são empregados, para
além de telas em borracha para impedir a infiltração de água ou humidades,
muitos outros materiais de isolamento que variam consoante o grau de qualidade
de cada construção e também, como será lógico pensar, da introdução de
inovações e o aparecimento de novos materiais como consequência de
conhecimentos e experiências que vão sendo adquiridas nesse campo.
Por
muito bons que sejam os novos métodos de construção de coberturas e os
materiais isolantes, é justo pensar que os tradicionais telhados, com o sótão
por debaixo, ainda seja o método mais eficaz para proporcionar um maior
conforto nas divisões superiores das habitações. Também a parte estética dos
edifícios parece ficar a ganhar com a tradicionalidade, mas, em boa verdade, os
prédios muito altos localizados em novas urbanizações, em pequenas vilas e aldeias,
vão destoar sempre do ambiente, independentemente da sua cobertura.
Apesar
do número imenso de grandes prédios de apartamentos, que têm surgido nos
últimos anos, com as coberturas em terraço, parece estar a existir alguma
mudança no tipo de construção, pelo menos isso está a acontecer em edifícios
públicos, como novas escolas que foram ou estão a ser construídas, em que esse
tipo de cobertura parece estar a ser abandonado voltando à utilização das velhinhas
telhas de barro. A esse facto talvez não seja alheio o fracasso dessas coberturas
que permitiam a passagem de humidades para o interior das salas de aula e
também muito calor, o que levou a que algumas dessas coberturas tivessem que
ser mais tarde, elas próprias cobertas com painéis metálicos com isolante
incorporado.
Parece
evidente que essas coberturas não estavam devidamente isoladas ou estariam com
defeitos de construção, no entanto um regresso às construções de coberturas com
telhados inclinados, pode também indicar o reconhecimento da maior eficácia das
coberturas tradicionais e também preocupações ambientais, visual mais
agradável, talvez uma maior economia e sobretudo maior conforto para os
utilizadores dos edifícios em questão.
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