A ORIGEM DO NOME DA VILA DE MIRANDA DO CORVO

Brasão de Armas de Miranda do Corvo
O brasão de armas do concelho de Miranda do Corvo,
baseia-se na lenda da donzela cativa na torre do castelo.
As estrelas de oito pontas significam vitórias contra os
mouros, causa essencial da fundação do castelo.
Uma donzela apaixonada por um cavaleiro doutra raça e religião, ao ver de dentro do castelo, numa encosta próxima, o seu amado em êxtase perante a sua beleza, assomou a uma fresta ou janelão e gritou-lhe: “mira e anda!”, para que as sentinelas não dessem sinal de inimigo à vista.

Hoje, muitos mirandenses acreditam que pode estar nessas palavras de aviso da donzela para o seu amado a origem do nome “Miranda”. No entanto, em bom rigor filológico, o nome da terra poderá vir do latim mirandus, que significa miradouro ou atalaia, o que, na verdade, corresponde à primitiva função do monte onde foi construído o aglomerado militar, ao redor do qual depois se desenvolveram as construções civis.

O certo é que a lenda romanesca da donzela sobreviveu a quaisquer outros motivos ou sucessos que poderiam impressionar as imaginações e veio a ser oficialmente legalizada, tendo vindo a constituir o motivo central do selo e do escudo de armas.

Mas porque é que o nome da vila é constituído por três palavras e não apenas por Miranda?

Diz a História que a vila no início do século XVI se chamava “Miranda dapar de Coimbra” e também “Miranda dapar de Podentes” e só no 3º quartel desse século se começou a chamar do Corvo, uma povoação próxima e que ao tempo era muito importante por se situar junto à Estrada Real que seguia para as Beiras. No Corvo existiu uma estalagem e estação de muda de cavalos e devia ser de facto uma aldeia importante, talvez mesmo mais do que Miranda, pois o nome “do Corvo”, parece querer indicar alguma dependência ou sujeição à povoação com esse nome. Talvez, naquele tempo, Miranda tivesse sido “obrigada” a fazer a diferenciação entre as duas “Mirandas” mais conhecidas: Miranda do Corvo e Miranda do Douro.

Aliás as semelhanças entre a vila beirã e a cidade transmontana não se esgotam no nome e até continuam nas próprias deduções para a descoberta da sua origem, se excluirmos a hipótese do “mira e anda” e nos debruçarmos apenas na filologia.  

Sobre a origem do nome Miranda escrevia em 1984 o ilustre historiador e escritor espanhol Juan G. Abad Zapatero, muito amigo de Miranda do Douro:

Perante o nome Miranda cabe sempre a dúvida. Miranda é um vocábulo vivíssimo e desde logo antigo, como apelativo, pelo menos na linguagem do ocidente. O seu sentido como Mirador, ou lugar com boas vistas parece claro.

Documentalmente está este nome expresso e disperso por múltiplas ocasiões, desde os séculos XII e XIII e costuma ser utilizado como acepção secundária desde estes séculos até ao século XIX.

Chama-se Miranda ao ponto mais alto dos torreões existentes nos castelos, ponto desde o qual é possível uma ampla observação – Miranda –, mas a base desta utilização será sem dúvida a de Mirador, como a definiu Mistral.

Na península Ibérica Miranda é nome muito antigo e muito vastamente difundido. D. Pascual Madoz, no seu celebérrimo dicionário, não desamortiza o nome, mas cita-o constantemente.

Fontes consultadas:
Belisário Pimenta Escritos Dispersos
http://mirandum.blogs.sapo.pt/351.html


  

2 comentários:

  1. Foi a página que mais me elucidou. Gostei e agradeço. Excelente trabalho. É cultura. Estou sempre à procura dos porquês dos nomes, por isso falta a saber o porque do "corvo"! Nesse lugar existia muitas aves (corvo) devido à permanecia dos cavalos? Se podesse esaclarecer agradeço. M. J

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    1. Pelo que sei o nome não tem nada a ver com as aves. Recentemente, tomei conhecimento de que a origem do nome "Corvo" terá a ver com o facto da vila ser atravessada por um pequeno rio que passa também na aldeia do Corvo e que se chama ou chamava "rio Corvo", porque o rio agora, pelo menos na zona que atravessa Miranda, tem o nome de Alhêda. Sinceramente, não percebo o motivo porque o rio que se chamava "Corvo" e que terá dado origem a uma parte do nome da vila, foi mudado para "Alhêda. Enfim... esta é uma vila que tem a sua História ainda bastante envolvida em brumas.
      Não sei se antigamente existiam muitos corvos por aqui, mas atualmente são bastante abundantes. Estas aves são domesticáveis e, se forem bem ensinadas, aprendem a pronunciar palavras. Quem sabe se não terão também contribuído para o nome da terra...
      Obrigado pelo comentário.

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