GERINGONÇAS QUE FUNCIONAM



O gerador eólico de William Kamkwamba é uma das máquinas de vento mais curiosas e rústicas, mas também das mais famosas que se encontram na Internet. A imprensa deu grande destaque ao feito de William e, na Internet, ele pode ser encontrado em pesquisas que se façam em todas as línguas, ou quase.
Eu próprio já falei do projeto de William Kamkwamba, em um artigo anterior e, se essa engenhoca desperta grande curiosidade e até alguma incredibilidade sobre os resultados práticos que possa produzir, o certo é que é sempre de louvar a construção deste tipo de engenhos, não só pelo efeito benéfico da energia limpa que possa produzir, mas essencialmente pelo efeito didático que pode proporcionar a quem gosta deste tipo de engenharia caseira. Neste caso ele é ainda mais admirável porque foi feito por um miúdo de 14 anos.


Estes foram alguns dos materiais utilizados por William, no seu projeto.

O gerador de William Kamkwamba, apesar de poder parecer uma engenhoca um pouco tosca, foi uma máquina que produziu resultados práticos, contrariamente a outras que, muito bonitinhas e perfeitas, não chegaram a produzir nada. O gerador de William, segundo as palavras do próprio autor, acendeu quatro lâmpadas e ligou dois rádios, o que não parece pouco para a energia produzida por um dínamo de bicicleta.


Claro que ninguém dúvida dessa história e eu, que fiz algumas experiências com geradores eólicos, incluindo dínamos de bicicleta, depois de observar com muita atenção a máquina de Kamkwamba, cheguei à conclusão de que esse resultado obtido pelo seu gerador só foi possível devido a uma grande multiplicação de rotações entre a turbina e o gerador e também, claro, a um bom tamanho das pás e de muito vento.

Existem muitos vídeos sobre o gerador de William, mas não encontrei nenhum que falasse exatamente sobre a forma como ele foi feito, pelo que decidi observar a máquina para ver como é que o mecanismo de multiplicação de rotações funcionava e então deixo a minha opinião sobre o assunto que, obviamente é apenas a minha opinião, podendo perfeitamente estar errado:
  


Kamkwamba, terá soldado uma peça metálica redonda a um tubo ou eixo de aço. A essa peça redonda iriam ser aparafusadas as pás. Depois terá enfiado esse eixo pelo tubo do quadro da bicicleta, no local do selim e que sairia pelo fundo, no sítio do eixo pedaleiro. Fez alguns cortes e modificações no quadro para que a forqueta traseira onde ficaria a funcionar a roda da bicicleta ficasse em ângulo de 90 graus com o eixo. Talvez o tubo do quadro onde assentava o selim tenha sido substituído por outro tubo mais resistente, mas o eixo ficaria a suportar uma roldana ou talvez mesmo a roda dentada de uma pedaleira (inclino-me mais para esta última hipótese) e faria a transmissão, através de uma corrente, ao carreto ou catraca da bicicleta. Desse modo era possível obter uma grande multiplicação de rotações no dínamo, uma vez que este rodaria de encosto ao pneu da roda, como acontece nas bicicletas.


Como já disse, eu fiz várias experiências com geradores eólicos e sei que só com rotações muito elevadas é possível obter rendimento, seja com que tipo de gerador for e o vento, por si só, não transmite essas altas rotações diretamente nas pás da turbina, sendo absolutamente necessário existir um grande aumento de rotações.

Quem pensar que pode construir um gerador eólico caseiro, ligando um pequeno gerador diretamente no eixo da turbina e assim produzir energia, está redondamente enganado e só perderá tempo.