Um destes dias encontrava-me a fazer algumas arrumações no sótão da casa, quando encontrei algo que me obrigou a fazer uma viagem aos tempos da minha infância e juventude. Trata-se de um livro da autoria de Richmal Crompton, da Editorial Estúdios Cor, Lda. Este livro faz parte de uma colecção em que o principal protagonista é uma criança com uma imaginação prodigiosa, um ídolo dos meus tempos de criança, o famoso Guilherme, ou William, do original inglês.
Adorava os livros do Guilherme. Identificava-me muito com a personagem irreverente do protagonista e dos seus companheiros o Ginger, o Henrique e o Douglas e deliciava-me com as suas aventuras e as trapalhadas em que se metiam, muito alegres e divertidas.
A contracapa do livro. Com este discurso, tão "eloquente e poético", se vê a imaginação prodigiosa do herói. |
"Os Cinco" |
Os Cinco fazem parte da grandiosa obra produzida por Enid Blyton. Na minha imaginação de criança esta escritora era uma deusa envolta em mistério, pois dela apenas conhecia o nome, mas agora que conheço algo sobre ela, admiro a sua capacidade tão imensamente criativa, a facilidade com que imaginava as suas histórias e as transpunha para o papel. Acho que os escritoras britânicas tinham uma especial apetência para escrever livros de aventuras para crianças, pois criavam enredos imaginativos e com muito suspense, o que tornava a leitura muito atractiva para os pequenos leitores.
Mais recentemente surgiram em Portugal duas escritoras, que enveredaram também por este género de literatura. Trata-se de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com a sua colecção “Uma Aventura”. Estes livros também têm tido um grande sucesso e embora estes já tenham apontado para outra geração de jovens, ainda cheguei a ler alguns, mas quem leu os livros de Enid Blyton, não creio que os troque por mais nenhuns.
Mas, “Uma Aventura” transporta-me também para outra série de livros da escritora inglesa que tem a mesma designação. São também livros que relatam as aventuras de um grupo de crianças, mas estas em vez de um cão possuíam uma catatua que falava.
Enid Blyton |
Li também toda esta série e interiorizei de tal modo o conteúdo desses livros e das suas personagens que era como se fosse eu próprio uma delas, de tal modo que quando terminava a sua leitura eu chorava porque, afinal, não podia abraçar os meus companheiros, não os tinha ao pé de mim…
Naquele tempo, a luz eléctrica ainda era um bem que não estava ao alcance de todos e eu e os meus irmãos íamos para a cama ler os nossos livros à luz pálida de candeeiros a petróleo. A este propósito lembro-me de algumas pequenas brigas que fazíamos para ver quem é que ficava com o melhor candeeiro. Lia muito na minha infância e, embora mais tarde, como é natural, tenha enveredado pela leitura de outro tipo de livros, as histórias de Enid Blyton ficaram para sempre na minha memória. Elas marcam um tempo em que a leitura era uma forma de entretenimento, mas também uma fonte de cultura.
Faz-me muita confusão, hoje que temos acesso a tudo… e os livros já não são censurados… tão pouco ou nada se ler…
ResponderEliminarMário Santiago
São os sinais dos tempos, amigo Mário. Ele agora é a televisão, são os computadores, os jogos... enfim!
ResponderEliminarMas que é pena, é...