A Utilização Profissional de Equipamentos e Sistemas Técnicos

Ao longo do meu percurso profissional, que iniciei com apenas dez anos, utilizei muitos e variados equipamentos profissionais, dado que o meu trabalho tem sido efectuado em diversas áreas, algumas bastante diferentes entre si, mas em todas tive necessidade de operar com máquinas e equipamentos, o que me tem proporcionado aprendizagens interessantes e diversificadas neste campo.

Nos trabalhos para o RVCC, do núcleo equipamentos e Sistemas Técnicos, em contexto profissional (DR2), era exigido aos adultos que, entre outras coisas, fizessem a descrição detalhada do funcionamento de um equipamento profissional com o qual tivessem operado.

No meu caso a maior dificuldade, pensava eu, era escolher o equipamento, pois tinha trabalhado com muitas máquinas desde serras de fita industriais até máquinas de escrever, passando por betoneiras, gruas, empilhadores, ou injectores de combustível em fornos. Mas isso fazia tudo parte do passado e, nessa altura, os equipamentos profissionais que utilizava era um computador e algumas máquinas de reprodução de documentos. Optei por fala de uma dessas máquinas, uma fotocopiadora/impressora, devido à actualidade dessa utilização, mas uma coisa era escrever para o Portefólio e outra, bem diferente, é escrever para o blogue. O Meio Século nasceu do entusiasmo que criei com a elaboração dos trabalhos para o RVCC, digamos que é um Portefólio de Aprendizagens sempre em actualização e a sua finalidade é a de partilhar os modestos conhecimentos que tenho adquirido ao longo da vida. Por esse motivo o percurso profissional, devido às aprendizagens que proporciona não pode, de modo nenhum, deixar de ser aqui exposto.

O problema é que, se não tenho qualquer dificuldade em falar das experiências desse percurso nas várias profissões que exerci no passado, até porque a maior parte das empresas onde trabalhei já não existem, não posso dizer o mesmo do meu trabalho actual pois, na verdade, não me sinto muito à vontade para falar dele. De qualquer maneira e como já levo quase dezassete anos nesse serviço, um período que inevitavelmente tem proporcionado imensas aprendizagens, penso que posso, unicamente numa perspectiva positiva de partilha de conhecimentos, abordá-lo aqui também.

Devo dizer que no Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, escrevi várias páginas referentes ao Tema dos equipamentos profissionais, descrevendo minuciosamente todo o funcionamento duma fotocopiadora, mas uma parte do que escrevi tinha sido pesquisado na Internet, pois tratava-se de elementos técnico-científicos, não se tratando, portanto, propriamente de conhecimentos adquiridos, pelo que me abstenho de os colocar aqui, até porque podem facilmente ser encontrados em vários sites, limitando-me por isso a apresentar apenas um pequeno resumo do funcionamento da máquina, sendo as descrição das suas funções e a forma de utilização totalmente da minha autoria. De resto eu sempre fui da opinião de que o Portefólio Reflexivo de Aprendizagem deveria ser produzido mais com a descrição dos conhecimentos teóricos e práticos próprios de cada um e menos com o que se vai procurar à Internet, pois a verdade é que a maioria das pessoas que o elaboram têm, sem dúvida, conhecimentos a vários níveis e os equipamentos profissionais fizeram ou fazem parte da vida laboral de todos, ou de quase todos.

De seguida vou fazer a descrição de algumas funções do equipamento, que considero as mais importantes e a forma como utilizo a fotocopiadora que, no caso, é uma Xerox Workcentre 7655:

Esta máquina tem a velocidade de impressão de 55 cópias por minuto a preto e 40 a cores, com cinco bandejas para papel, com uma capacidade total de 5.260 folhas e com alimentador automático Duplex (impressão em duas faces), com capacidade para 250 folhas; redução/ampliação automática (25%-400%; selecção automática do papel; comutação automática de bandejas; originais de vários formatos; realização de booklets (livretos); melhoramentos da qualidade de imagem; segmentação do trabalho; cópia de livro frente e verso.

Quando se trata de originais com formato padrão em bom estado, livres de agrafes, dobras ou sujidades, geralmente coloco esses documentos no alimentador automático, seleccionando depois a quantidade e o tipo de cópias desejado, como cópias a preto e branco, a cores, impressão em uma ou duas faces. Escolho também a qualidade de imagem mais indicada para o tipo de original a fotocopiar como texto, foto-texto, foto, ou mapas, seleccionando também a intensidade da cor, consoante a característica do original, pois esta máquina possui um elevado número de opções. Como já tenho bastante prática deste serviço basta dar uma olhadela aos originais para optar por uma dessas funções. Claro que para a maioria dos originais nada disto é necessário, bastando seleccionar o número de cópias desejado e carregar no botão de impressão. Mas, como esta máquina tem função de separador e permite também que originais com diferentes definições de cópia sejam agrupados num único trabalho, utilizo muitas vezes a função de criar trabalho, disponível no menu Criar Trabalho podendo assim fazer a digitalização dos originais separados por segmentos que são memorizados, ficando o trabalho retido, sendo depois libertado quando termina a digitalização. Assim, as várias páginas de um trabalho ficam agrupadas, separadas por conjuntos, o que facilita bastante o trabalho, principalmente quando tem de ser agrafado. Neste menu encontra-se também disponível a função de trabalho de prova, possibilitando a produção de uma prova do trabalho que se pretende fotocopiar, saindo apenas um exemplar do mesmo e ficando o restante retido, podendo após a examinação desse trabalho libertá-lo se estiver em boas condições ou apagá-lo, em caso contrário. Nesta máquina existe também a possibilidade de criar bookleets (livretos), disponível no menu do Formato de Saída, o que permite, depois de seleccionadas as respectivas funções, reproduzir documentos em forma de livro que pode ficar com formato A4 (folhas A3) ou A5 (folhas A4), fazendo a máquina a redução automática neste último caso. Outra função importante é também a possibilidade de repetição de imagem, colocando na mesma folha duas ou mais vezes a mesma imagem e também a reprodução de imagens diferentes na mesma folha. No menu do Formato de Saída encontra-se também a função que possibilita fazer a inserção de anotações, comentários, data e numeração de páginas.

Outra característica muito importante desta máquina é a de permitir obter fotocópias de livros com grande qualidade, eliminando bordas e lombadas, podendo fotocopiar duas páginas simultaneamente em uma ou duas faces. Neste caso o livro deve ser colocado aberto no vidro de exposição e depois de seleccionado o menu de Ajuste de Layout, se o livro não tiver formato padrão, há necessidade de inserir as medidas do livro, na opção de formato manual, na parte horizontal e vertical e também a área da lombada que se pretende eliminar e depois seleccionar as opções de imagem que melhor se ajustem ao conteúdo do livro. O vidro de exposição tem nos seus limites uma escala métrica, que permite fazer a leitura da medida dos livros ou dos documentos que aí são colocados, mas como devido ao reduzido tamanho dos caracteres dessa escala é difícil fazer aí a leitura, utilizo quase sempre uma régua. A inserção de medidas também é necessária sempre que se reproduzem documentos cujos originais não são de formato padrão e que se pretendem reduzidos ou ampliados para determinados tamanhos. O menu de Ajuste de Layout contém também uma função que permite fazer a gravação de definições, que podem ser recuperadas mais tarde, sendo muito útil pois sirvo-me dela sempre que estando a fotocopiar livros sou obrigado a interromper esse trabalho para efectuar outros mais urgentes, evitando ter que voltar depois a ter o trabalho de estar a inserir novamente essas definições na máquina. Tenho aqui gravadas definições que me permitem fazer fotocópias de Bilhetes de Identidade e outros documentos do género com alguma facilidade, podendo fotocopiar a frente e o verso do documento no rosto de uma folha tendo de virar apenas o original no vidro de exposição.

Esta máquina possui também funções que permitem uma informação constante sobre o estado das bandejas de papel, o nível dos consumíveis e sobre falhas do equipamento, pois apresenta mensagens no monitor sempre que existe qualquer anomalia. É também possível observar o progresso do trabalho que está a reproduzir e em caso de necessidade, para maior rapidez do serviço, fazer digitalizações seguidas de diferentes trabalhos, que depois vão aparecendo separados no tabuleiro de saída. Existe também a possibilidade de um amplo leque de ampliações/reduções de 25% a 400% que podem ser vertical e horizontalmente independentes.

Janela a partir da qual são seleccionadas as várias opções de cópia.
Este equipamento exige alguns cuidados de manutenção sendo necessário fazer a substituição dos consumíveis em tempo útil, efectuar a sua limpeza externa e em algumas partes internas, colocar o papel nas gavetas bem acondicionado; em caso de encravamento actuar com cuidado para evitar possíveis danos em algum dos seus componentes, actuando da mesma maneira na colocação dos consumíveis. Os fotorreceptores não podem ser expostos à luz por muito tempo, sendo portanto preciso actuar com rapidez quando se procede à sua substituição, o mesmo acontecendo em relação ao corotron de carga que é um componente que se encontra acoplado aos cartuchos de tambor, ou fotorreceptores. É também necessário um cuidado especial com a colocação dos originais no alimentador automático, para não causar encravamentos, sendo de evitar a colocação de folhas em mau estado de conservação, ou com gramagem muito alta e especialmente de folhas com agrafes. É também aconselhável fazer com frequência a limpeza do vidro de exposição, para manter uma óptima qualidade das cópias.

Esta máquina possui outros recursos como: possibilidade de digitalização, fax, agrafamento automático ou controle de acesso através de códigos, entre outros.

O monitor aqui apresenta a informação sobre o nível dos consumíveis podendo, a partir daqui procurar outras informações sobre o estado do equipamento.
Componentes cuja substituição é feita pelo operador:
Cartuchos de Toner – Nesta máquina um cartucho de toner preto dá para cerca de 30.000 cópias
Fotorreceptores
Corotron de Carga
Unidade Fusora

Todos estes componentes são de fácil substituição e, quando algum deles está perto do fim, é enviada para o monitor uma mensagem indicando a necessidade de encomendar esse consumível e outra no exacto momento em que é preciso proceder a essa substituição.

Os Fotorreceptores
O processo de xerografia (XERO = seco GRAFIA = escrita) tem a sua principal característica centrada na utilização de cargas eléctricas para a obtenção das cópias. Um importante componente nesse processo é o cilindro fotorreceptor, pois é ele que tem a propriedade de se tornar condutor na presença de luz, e semi-condutor na ausência da luz. A sua estrutura possui uma base de alumínio, ou material condutor e uma camada externa do material foto condutivo. Podemos considerar o cilindro fotorreceptor o coração do equipamento, pois sem ele o processo electrográfico das copiadoras actuais não seria possível

A Unidade Fusora
O papel antes de entrar na unidade fusora já tem impressa a imagem que foi transferida do cilindro para a folha, mas o toner ainda não se encontra fixado ao papel, o que só vai acontecer quando a folha passar pelos rolos do fusor, onde através de calor e pressão vai ocorrer a fusão do toner no papel, saindo depois a folha ainda quente para o tabuleiro de saída.

O Corotron de Carga
Este componente tem a finalidade de enviar para o cilindro cargas eléctricas que irão carregar toda a área do cilindro com uma camada uniforme de cargas negativas.

O Depósito de Resíduos de Toner
Durante a transferência da imagem do cilindro para o papel nem todo o toner passa para a folha. Fica algum toner residual na superfície do cilindro que é raspado por uma lâmina de borracha e depositado num depósito reservado para esse fim. Essa é a limpeza física do cilindro. Depois existe o que se chama de exposição de pré-condicionamento, que é uma limpeza eléctrica do cilindro. Isso é feito expondo toda a superfície do cilindro à luz. Todas as cargas restantes na superfície do cilindro, do ciclo de cópia anterior, são eliminadas fazendo com que o fotorreceptor esteja preparado para um novo ciclo de cópia.

O Toner
A palavra toner provém do inglês e significa tonalizador. Utilizado em fotocopiadoras e em impressoras laser, o toner consiste de uma substância em pó, electricamente carregada, que por diferença de carga adere ao cilindro fotorreceptor (onde se encontra a imagem latente a ser impressa) e, em seguida, é transferido para o papel que está carregado com polaridade oposta. Para a maioria das impressoras laser o toner é fornecido num cartucho, que é instalado na impressora. Quando esse cartucho se esgota é preciso ser trocado ou recarregado. De uma forma geral, podem ser impressas milhares de páginas com um cartucho de toner. No caso concreto da Xerox Workcentre 7655 um cartucho de toner dá para cerca de 30.000 cópias.

O toner não é considerado um produto perigoso, no entanto é de evitar a inalação de pó, pois pode provocar irritação do aparelho respiratório.

Após ter consultado a ficha de dados de segurança deste produto, no site da Xerox na Internet, fiquei a saber que o toner não representa grandes riscos para a saúde, sendo a maioria dos seus componentes de risco quase nulo. No entanto, como “o seguro morreu de velho”, tento manter a sala onde funcionam as máquinas o mais arejada possível, para evitar o odor desagradável que é emanado das máquinas em funcionamento. Era corrente dizer-se que a inalação de pó de toner fazia muito mal à saúde e que até poderia ser cancerígeno, o que não é verdade, a fazer fé na respectiva ficha de segurança. E, segundo essa mesma ficha, também representa pouco ou nenhum perigo para o ambiente.

São várias as informações sobre o produto que constam dessa ficha, entre as quais a informação toxicológica que é a seguinte:

Não se percebe toxicidade oral aguda
Não se percebe toxicidade aguda por inalação
Não irrita os olhos
Não se percebe toxicidade dérmica aguda
Não irrita a pele
Não sensibiliza a pele
Propriedades cancerígenas: nenhuma presente
Mutagenicidade: não há evidências de mutagenicidade em teste Ames

(Pode consultar aqui a ficha de dados de segurança do toner)

(Apenas um pequeno aparte para dizer que esta ficha de segurança se encontra disponível em doze línguas, das quais não faz parte o português, o que não deixa de ser esquisito, dada a grande dimensão da Língua Portuguesa.)

Todos os consumíveis usados da Worcentre 7655 são enviados para reciclagem, recorrendo para esse efeito ao serviço de recolha da Xerox, o que faço sempre existe um número de peças que o justifique.

Artigos relacionados:
A evolução dos meios e métodos de escrita
Este artigo foi extraído do meu Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, com adaptações.
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4 comentários:

  1. Pronto ... e se eu estivesse a procura de uma fotocopiadora dessas, depois desse artigo eu certamente compraria!
    José Alexandre, realmente um conhecedor da máquina , fiquei impressionada!
    Aliás sempre gostei de copiadoras que pudessem reproduzir com qualidade as páginas dos livros , o que é de grande ajuda para os estudantes universitários . Para mim os livros que utilizava no aprendizado da minha profissão eram sempre muito caros o que atrapalhava bastante.. o jeito era ter um livro fotocopiado, o que nem sempre tinha boa qualidade.

    Boa semana querido amigo, beijinho.

    Cintia

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  2. Cara amiga Cintia:
    A minha intenção, como deve compreender, não é fazer qualquer tipo de publicidade à máquina, mas sim dar a conhecer a minha experiência como utilizador de um equipamento profissional e, por acaso, falei deste como podia ou poderei vir a falar de um outro qualquer. Mas, na verdade, trata-se de um óptimo equipamento.
    Obrigado pelo comentário e um beijinho para si também.
    José Alexandre

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  3. Boa noite Amigo Alexandre
    Ao ler o seu artigo vejo agora como o tempo passou depressa.
    Lembro-me bem, assim como o meu amigo certamente, das velhas máquinas de stencil, onde se duplicavam documentos graças a uma manivela e um conjunto de folhas de papel impermeável com perfurações por onde passava a tinta á base de álcool...e assim se imprimia.
    Na BNL estive numa Unidade que imprimia os documentos desta forma, no início dos anos 70.
    Mais tarde surge o Offset...depois surgem as fotocopiadoras, e actualmente existe a tecnologia que descreve bem, da forma como o faz.
    São artigos como este que nos fazem olhar para trás no tempo e constatar quão antigos já somos.
    Afinal o mundo não parou...e nós nem demos por isso, pois tudo se passou tão rápido. E o que virá a seguir com o advento da informática...?!!
    Enfim...é o progresso e a evolução tecnológica a transformar este Planeta num mundo cada vez melhor...pena é que o Homem não evolua da mesma forma...espiritualmente falando, claro.
    Um abraço
    Camilo

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  4. Caro amigo Camilo:
    Em primeiro lugar os meus agradecimentos por mais este magnífico comentário.
    Lembro-me perfeitamente dessas antigas máquinas de stencil, aliás, no meu local de trabalho ainda existe uma dessas relíquias, mas que já não funciona, claro.
    É verdade que o mundo não para e, quem sabe se daqui a uma dúzia de anos, a máquina de que aqui falo não será também já um instrumento obsoleto...
    Um abraço.
    José Alexandre

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