Marco geodésico do monte sobranceiro à zona industrial da Pedrulha/Coimbra. Muitas daquelas fábricas que se avistam ao fundo já não funcionam, mas, em tempos, deram trabalho a milhares de operários. |
Quem viaja pelo país avista, junto às estradas, muitos edifícios de fábricas. Algumas dessas fábricas encontram-se em laboração, outras fechadas e imensas
em ruínas. Infelizmente esta é a realidade atual e, por isso, não é de admirar
o alto número de desempregados que procuram um posto de trabalho e não o
encontram. Desaparecem locais de produção e também lojas de comércio antigas e
tradicionais, mas em contrassenso surgem supermercados e lojas comerciais
chinesas onde se vende de tudo um pouco. Desse tudo, muito são coisas de pouca
utilidade ou utilidade duvidosa, o que torna esta realidade algo estranha e
descabida. Muito para vender e pouco dinheiro para comprar…
Há algumas décadas atrás, quando muito dinheiro vindo
da Comunidade Europeia chegava ao país, presumivelmente para promover o
desenvolvimento, começaram a aparecer algumas zonas industriais nos concelhos
para onde se procuravam direcionar investidores com a oferta de baixo custo de
terrenos e infraestruturas.
Foi um período áureo. Instalavam-se fábricas de
confeções de vestuário, de calçado, de materiais para construção… Os operários
enchiam as ruas e os transportes, na ida para o trabalho e no regresso a casa.
Saíam das fábricas em grupos, animados, comentando as peripécias da jornada de
trabalho… Simultaneamente executavam-se grandes obras, como pontes, estádios de
futebol, estradas e edifícios diversos que davam trabalho a muita gente.
Infelizmente, parece que alguns eram projetos mal alicerçados socialmente, mal
dimensionados e muitos sem garantia de sustentabilidade futura, que em vez de
serem solução, constituíram-se como mais um problema.
Entre essas fábricas que se encontram em ruínas,
veem-se muitas cerâmicas (já aqui falei sobre isso) mas há outras, como
serrações de madeira, por exemplo…
Uma pequena serração em ruínas. Uma imagem idêntica a outras que se encontram pelo país fora. Sinais de declínio de uma atividade que já conheceu melhores dias. |
Existiam muitas serrações de pequena dimensão que se
dedicavam à produção de madeira para caixas de frutas e legumes, para
carpintaria e também madeira destinada à construção civil, especialmente para
cofragens e andaimes. No caso das serrações de madeira para caixas o seu
declínio ocorreu mais cedo devido à substituição do material utilizado no
fabrico dessas embalagens, que passaram a ser feitas de plástico. Algumas, que
já serravam também madeira para utilizar na construção civil e outras que se
adaptaram a novas realidades conseguiram sobreviver, outras, porém, encerraram.
Com a redução da atividade no setor da construção civil e também com a adoção
de novos métodos de trabalho nas obras e a substituição da madeira por outros
produtos, como metal ou plásticos, muitas pequenas serrações viram-se em
dificuldades para escoar os seus produtos. Tal como as cerâmicas, (que até
recebem alguns produtos das serrações como a carrasca, serradura e lenha para
alimentar os seus fornos) as empresas de madeira sofrem com o abrandamento da
construção de edifícios, pois, em grande parte, é para eles que se destinam os
produtos que fabricam. A construção civil é um dos grandes motores da economia,
que dá trabalho direto e indireto a milhares de trabalhadores e dela dependem muitas
e variadas empresas e serviços. No caso das serrações de madeira a exportação
talvez seja a solução para algumas, mas muitas tem sido obrigadas a encerrar,
encontrando-se hoje com mato e silvas a invadirem os seus terrenos, o vento a
fazer voar os telhados das instalações, já de si precárias, tal como esqueletos
na paisagem, esquecidos… à espera de um novo destino…
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