Todos
nós já alguma vez tivemos e sempre viremos a ter problemas na canalização das
nossas casas. Pelo menos de uma torneira avariada, do autoclismo a verter para a
sanita ou um entupimento no esgoto do lava-mãos ninguém se livra. Todos esses
contratempos são de fácil resolução e, normalmente, todos somos capazes de os
resolver. O pior são os problemas de maior vulto, como uma rotura num tubo da
água que está embutido numa parede, debaixo do chão de ladrilhos ou até
entupimentos nos canos de esgoto que não se conseguem solucionar recorrendo aos
métodos habituas. Quando isso acontece é necessário recorrer a soluções
drásticas, como a quebra de azulejos e mosaicos que, para além de arrelias naturais,
significam muito trabalho e prejuízo económico.
Na
minha casa no que a canalizações diz respeito já aconteceu de tudo um pouco. De
entre os vários problemas que surgiram destaco os seguintes:
1-
Já tive uma rotura num tubo de ferro galvanizado (que me deu água pela barba
para solucionar).
2
- Já tive uma inundação devido a uma bicha que se rompeu.
3
- E outra derivada do rompimento de um tubo de cobre do esquentador de água.
4 -Também já tive problemas no sistema de
esgotos, onde tive de recorrer à quebra de alguns mosaicos numa segunda casa de
banho, para a sua resolução.
O
primeiro caso foi o mais difícil de todos. Tratou-se de um tubo que esteve
imenso tempo a verter, mas só me apercebi disso quando, inexplicavelmente, a
pressão da água começou a diminuir de tal modo que das torneiras já quase não
brotava nenhuma água. Para resolver momentaneamente o problema e como a rotura
era na tubagem da água fria, mudei a circulação da água para a tubagem da água
quente.
Continuava
a não notar nada de anormal como, por exemplo, o aparecimento de humidade no
chão ou nas paredes. Depois de alguns “testes” cheguei à conclusão de que a
rotura deveria centrar-se na casa de banho e teria de ser no chão, dado ser um
piso térreo, o que originava a que não se notasse nenhuma fuga. Resolvi fazer
um buraco na parede da banheira para espreitar para debaixo da mesma, pois
sabia que os tubos passavam por lá. Não era aí e o remédio foi refazer
novamente a parede. Felizmente tinha azulejos de reserva e também mosaicos do
chão, o que foi ótimo, pois como é sabido as fábricas só fabricam os diversos
modelos durante algum tempo, tornando-se muito difícil, mais tarde, encontrar
peças iguais. É por isso altamente aconselhável guardar sempre algumas peças,
pois poderão mais tarde vir a ser muito úteis.
Eu,
logicamente, imaginava que a rotura fosse numa união do tubo e, seguindo esse
raciocínio, comecei a abrir um buraco no chão no sítio onde havia uma
ramificação da tubagem; tinha chegado à conclusão que não havia outro remédio
que não fosse o de escavar nos locais onde, eventualmente, seguindo a mesma
lógica, poderia encontrar a rotura. Depois de partir dois ou três mosaicos
(eram mosaicos de 20X10) e o cimento do chão, ficaram à vista as uniões da
ramificação, mas estas estavam em perfeito estado. Estava para desistir e ir
procurar a fuga noutro lado, quando notei uma ligeira humidade no tubo e na
camada de cacos que tinham servido de base à camada de betão do pavimento.
às vezes é necessário recorrerà maceta e ao ponteiro para resolver problemas na canalização. |
Decidi
continuar na direção da humidade, abrindo um rasgo estreito procurando
danificar o menos possível os mosaicos. A humidade ia aumentando e comecei a
pensar que teria de abrir o rasgo até ao meio do corredor pois as próximas uniões
eram aí, onde os tubos faziam um ângulo reto. Tal não foi necessário pois
deparei com a rotura após ter escavado mais 30 ou 40 cm , tendo ficado bastante surpreso
pois esta era em pleno tubo onde não existia qualquer emenda. E o mais curioso
é que se tratava de um buraco onde cabia o dedo mindinho, não se notando no
resto do tubo qualquer anormalidade. Como é que aquele buraco ali apareceu é
que eu não consegui descobrir, mas provavelmente tratou-se de um defeito de
fabrico, pois esse buraco era único num tubo ainda são, como pude comprovar
após ter cortado cerca de 10
cm de tubo (5
cm para cada lado do buraco). Sei que guardei esse
bocado de tubo algures, e poderia ser interessante colocar aqui uma foto, mas a
verdade é que não o consegui encontrar.
A
partir daqui só restava reparar o tubo, o que fiz utilizando um pedaço de cano
de plástico preto de 3/4 com cerca de 20 cm . Esse tubo entrava no tubo de1/2 polegada
justo e foi só utilizar uma boa cola e enfiar um tubo no outro, entrando
primeiro numa ponta e depois na outra, aplicando de seguida duas abraçadeiras
Provavelmente um canalizador iria abrir roscas no tubo utilizando uniões de
ferro, mas eu achei que não era necessário esse procedimento, pois apesar de
não ser canalizador, já efetuei para mim e para outras pessoas muitas
reparações em tubagens antigas e sempre me saí bem.
Depois
de repor os mosaicos (mais uma vez faço notar a vantagem de ter peças guardadas
de reserva) respirei de alívio; aquela avaria foi bastante arreliadora, mas
consegui repará-la sem grandes danos e consequentes despesas, graças ao facto
de ter sido eu a construir a casa e de me recordar perfeitamente dos locais
onde passam todos os tubos de água e de esgotos.
O
segundo caso, apesar de já ter sido há muitos anos, ainda hoje me faz sorrir,
perante a minha ingenuidade ou, porque não dizer, a minha estupidez, pois
tratou-se simplesmente de uma bicha que adquiri numa loja de chineses por ser
mais barata, mas que não se aguentou mais de 24 horas. Por isso, é altamente
aconselhável adquirir produtos de qualidade, para não ter problemas. Não quero
com isto dizer que os chineses não tenham produtos bons à venda, mas artigos de
canalização ou de eletricidade para mim, nunca mais!...
No
terceiro caso, que foi a segunda inundação provocada pelo rompimento de um tubo
de cobre do esquentador, não me posso acusar de ter adquirido material de baixa
qualidade, se tiver em atenção que a marca do esquentador era uma marca de
qualidade ou pelo menos tida como isso, mas estas coisas acontecem e o
esquentador já tinha alguns anos de serviço. A reparação do tubo com solda própria
não foi difícil e o aparelho depois disso ainda trabalhou mais meia dúzia de
anos sem problemas.
A
lição que fica deste caso é que seria muito conveniente que, quando não se
encontra ninguém em casa, a torneira geral de segurança ficasse fechada, mas
todos nós sabemos que isso não é muito fácil de pôr em prática numa habitação
onde há muita gente, com uns a entrar e outros a sair numa correria constante.
No entanto, pelo menos, a torneira de segurança do esquentador é de todo
aconselhável que seja fechada quando o mesmo não está a ser utilizado.
No
último caso a culpa foi toda minha, pois quando instalei os tubos de esgoto
numa casa de banho exterior, na ânsia de gastar o menos possível não utilizei
os materiais adequados, como tubos com o devido diâmetro e o resultado disso
foi que, depois, tive de gastar muito mais. Neste caso, também não fiz o
planeamento correto da canalização dos esgotos uma vez que, na altura, não
existia rede pública de esgotos, sendo as águas sujas e os dejetos encaminhados
para uma fossa séptica. Quando construí a casa o sítio era algo isolado e
pensei que a rede pública de esgotos nunca aí chegaria, não me tendo preocupado
em deixar as coisas mais ou menos preparadas para um dia poder fazer à ligação
à rede.
Enganei-me,
pois os esgotos aparecerem inesperadamente devido a ter vindo a passar no local
uma conduta vinda de uma aldeia das redondezas. Esse facto, apesar de me
obrigar a uma grande despesa, veio a resolver muitos dos meus problemas, pois
as fossas, passados cerca de dez anos deixaram de dar resposta satisfatória e
tive de recorrer à aventura e usar alguns estratagemas, que roçavam a
ilegalidade e que me traziam pouco descansado (creio que isso dará matéria para
um próximo post).
Também
nesta casa de banho tive necessidade de quebrar dois mosaicos do chão para
fazer uma nova ligação à pequena caixa de limpeza sinfonada em pvc, tendo
valido o facto de também aqui ter material de reserva. Aliás, tenho guardadas
várias peças de todos os modelos de mosaicos e azulejos da habitação para fazer
face a possíveis eventualidades.
De
tudo isto resultou a aquisição de aprendizagens que me disseram que as canalizações
de uma casa (água e esgotos) devem ser instaladas obedecendo a normas de qualidade
e segurança severas de modo a evitar problemas futuros. No meu caso e uma vez
que fui eu que realizei todos os trabalhos apenas me posso queixar da minha
própria inexperiência, mas que aprendi com os erros, aprendi. Costuma dizer-se
que quando acabamos a casa é que a devíamos estar a começar, precisamente porque
sempre se cometem erros, mas a minha aprendizagem alcançada com os meus
próprios erros, para mim já não vai servir de muito, porque não conto fazer mais
nenhuma casa, mas posso sempre tentar ajudar quem ainda não
passou por essas experiências.
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