A
geada queima as batateiras, eu sei e toda a gente sabe que isso acontece,
portanto os batatais semeados em Janeiro e Fevereiro e até mais tarde, correm o
risco de um dia para o outro ficarem completamente chamuscados, mais ou menos
como ficavam as plantações de tabaco quando se encontravam na fase de secagem.
Semear
batatas muito cedo é um risco, ainda maior quando as sementeiras são feitas em
locais desabrigados ou em zonas muito frias. Ninguém consegue prever com exatidão
o tempo que irá fazer e tanto pode acontecer que o ano corra bem a esse tipo de
sementeiras, como vir a suceder que o trabalho tenha sido, de forma parcial ou
total, em vão. Se não houver geadas nem chuva em demasia, os batatais
desenvolver-se-ão bem, sem ser necessário recorrer a regas nem a grandes
tratamentos contra o míldio ou contra o escaravelho e obter-se-á uma boa
colheita em plena primavera.
Cerca de duas semanas depois. |
Todos
os anos semeio na minha chácara algumas batatas em fevereiro e tenho feito
colheitas razoáveis, mas sei que é um risco pois o local é desabrigado e embora
tenha árvores, estas são de folha caduca, não impedindo que a geada caia em
cima das batatas. Este ano semeei logo no início de Fevereiro e a coisa não tem
corrido muito bem, pois as batateiras já se queimaram por duas vezes. Da
primeira vez estavam a começar a nascer e ainda protegi algumas com toldos, o
que foi uma boa solução pois evitei que essas batateiras assim protegidas se
tivessem queimado, mas tive que as ter cobertas durante uma semana. Menos de um
mês depois voltou a cair geada durante dois ou três dias e, como as batateiras
já estavam mais desenvolvidas, não as cobri com receio de lhe partir os olhos,
tendo optado por uma ação completamente descabida, levado pelas “conversas de
taberna” que diziam que se as batateiras cobertas de geadas fossem regadas com
uma mangueira (tipo chuveiro), antes do sol nascer, não se queimavam. Foi isso
que fiz e o resultado não podia ser mais desastroso, pois quando acabei de as
regar ficaram logo murchas, não tendo sido preciso esperar pelo sol para isso
acontecer. É curioso como é que caí na esparrela pela segunda vez, pois já há
muitos anos tinha feito essa experiência e não me recordava que tivesse sido
bem sucedido.
Junto
às batatas tenho um faval que comecei a regar também, mas tive o pressentimento
que estava a fazer asneira e não levei essa ação por diante. Algumas horas depois
verifiquei que fiz bem em não ter regado as favas pois, na pequena área onde o
fiz, as faveiras murcharam começando as folhas a encaracolar e nunca mais
recuperaram na totalidade.
Passadas duas semanas depois das últimas geadas as batateiras já rebentaram novamente, mas
sem grande força, o que também é devido ao frio e à muita chuva que tem caído.
Como o tempo anda muito incerto é provável que ainda volte a cair geada o que
poderá ser fatal. Já tive batatais que se queimaram uma vez e até vieram a
produzir bem, mas estas já se queimaram duas vezes e se duas vezes é muito,
três é demasiado. E mesmo que não se queimem, se continuar a chover sem parar
provavelmente os frutos apodrecerão na terra. Vamos esperar para ver…
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