Aspeto final do trabalho com as pedras ainda com um tom esbranquiçado devido ao pó do saibro. |
Os
projetos ligados à construção civil, por mais pequenos que sejam, muito dificilmente
são dados como concluídos em definitivo. Quem tiver espírito criador está
sempre a imaginar algo de novo para fazer e mesmo que tenha decidido que
determinado trabalho atingiu os objetivos e que deve ser considerado como
pronto, rapidamente surgem novas ideias e outros pequenos projetos irão
aparecer. Isto é o que sucede comigo e é por isso que estou sempre ocupado,
tenho sempre muito que fazer e não me sinto bem se assim não for. Se não tiver
nada para fazer, rapidamente tenho que inventar alguma coisa.
Esta
conversa vem a propósito do artigo que publiquei há quinze dias atrás sobre aminha chácara. Nesse artigo dei a entender que as obras estavam prontas, mas
isso era o que eu pensava naquele momento porque, entretanto, surgiu a ideia de
fazer uma calçada defronte da pequenina casa de pedra, para dar um ar ainda
mais rústico ao local.
Dando
continuidade ao lema de utilizar materiais reciclados, fui à procura de pedra
para o efeito. Reciclar pedra parece um pouco estranho… afinal como é que se
recicla pedra? Bem… é muito fácil, é só ir à procura de pedras abandonadas que
já fizeram a sua servidão em casas que foram entretanto demolidas e que deram o
seu lugar a tijolos e outros materiais ou, então, extraí-las de terrenos
agrícolas, onde não estão a fazer nada.
Uma fase do trabalho. |
É
verdade que essas pedras conseguem-se de forma gratuita, mas para fazer uma
calçada elas tornam o trabalho muito difícil. De tamanhos muito variados e
muito irregulares só a muito custo se consegue fazer um piso aceitável. E nem
todas servem, porque é necessário que tenham pelo menos uma face minimamente
direita. Sempre achei o trabalho de calceteiro duro e difícil e, no entanto,
normalmente esses profissionais trabalham com pedras adequadas para esse
serviço e não com calhaus como os que eu utilizei. Não foi de estranhar por
isso que os 20 metros
de calçada levassem quase uma semana a fazer, contando com a procura e o
transporte da pedra para o local e que no final estivesse com uma terrível dor
de costas.
O trabalho em vias de conclusão. A motoenxada mais uma vez revelou a sua utilidade e um carrinho de construção caseira ajuda na distribuição do saibro. |
Numa
calçada comum, normalmente abre-se uma caixa no terreno, de acordo com a medida
das pedras a utilizar, de modo a dar para espalhar alguns centímetros de pó de
pedra ou saibro sobre o qual as pedras vão ser assentes e depois vai-se
retirando ou colocando um pouco mais de material pois as pedras, mesmo as que
são próprias para esse trabalho, têm sempre diferenças no tamanho. Mas essas
diferenças são pequenas e as pedras que eu utilizei eram de tamanhos muito
variados, algumas muito grandes, pelo que a solução para essas pedras maiores
foi escavar buracos para elas se encaixarem. Tentei escolher pedras o mais
regulares possível, mas quando fui para fazer a sua aplicação verifiquei que afinal
não eram tão boas assim, no entanto, como não me interessava um serviço
demasiado perfeito para que não perdesse a sua rusticidade, acho que atingiu o
objetivo.
No
final fiquei a pensar que as antigas estradas romanas também deviam ser assim
construídas e acho que a minha calçada ficou com o aspeto de uma calçada
romana. Fiquei com um sentimento de admiração pelo esforço que os antigos
construtores de estradas de Roma faziam para construir muitos quilómetros de
calçada e que deviam ser bem musculados para movimentarem aqueles calhaus.
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