Todo
aquele que amanha um pedaço de terra e cultiva a sua horta, por muito pequena
que seja, tem de ter necessariamente alguma água disponível para fazer as regas
de verão. Regar utilizando água da rede pública está fora de questão, porque
isso inviabilizaria economicamente qualquer tipo de agricultura. O mais comum é
extrair a água de um poço ou de um ribeiro e para isso é indispensável também
uma bomba, seja ela de que tipo for.
Quem
tem a sua horta junto à casa ou possui um terreno com poço e eletricidade, é
provável que utilize uma bomba elétrica, pois esse tipo de bomba torna-se mais
prática e também mais barata. Mas, quem não tem essa possibilidade, o mais
certo e ter que recorrer a uma motobomba de combustão interna. Ainda se
utilizam os velhinhos motores de rega que podem funcionar a gasolina ou a
petróleo, eu também os utilizei e ainda me lembro das arrelias que eles davam,
fosse porque não pegavam ou não ferravam ou, quando estavam a trabalhar,
paravam por dá cá aquela palha, isto para não falar da chatice que era
andar às voltas com os canos de um lado para o outro.
Hoje,
a agricultura caseira está mais confinada e mais reduzida, mas a necessidade de
regar continua e quem quer ter a sua horta, principalmente os agricultores mais
novos, que iniciam agora a sua atividade agrícola caseira, se não tiverem outro
meio são obrigados a adquirir um motor de rega. Claro que para uma pequenina
exploração caseira ninguém vai querer investir muito, até porque o retorno de
um investimento nesta atividade, por muito pequeno que seja, vai ser muito
difícil de conseguir. Parece-me que ninguém estará interessado num “calhamaço”
desses antigos para regar uma pequena horta e os fabricantes destas máquinas,
naturalmente atentos à evolução dos mercados e à tendência da procura, produzem
agora motores de rega mais pequenos e mais práticos e também de preço muito
mais acessível. Naturalmente, também neste campo, as tecnologias e os meios de
produção evoluíram e, por pouco mais de uma centena de euros, já se compra uma
bomba capaz de satisfazer as necessidades da pequena agricultura caseira ou de
jardinagem.
Para
quem vai adquirir pela primeira vez um pequeno motor de rega e não tem grandes conhecimentos
sobre o assunto, o mais natural é dirigir-se aos vendedores procurando
informação sobre o material. O problema é que a maior parte dos vendedores, ou
os seus colaboradores, também pouco ou nada percebem do assunto e pouca
informação podem fornecer e, se tiverem essa capacidade, tratar-se-á apenas de
dados teóricos. E se por acaso, na procura de um preço mais acessível, a compra
for efetuada numa grande loja ou num centro comercial onde se vende de tudo um pouco,
o comprador terá de se limitar a adquirir o produto sem que lhe seja feita
qualquer demonstração do funcionamento do equipamento ou prestado qualquer
esclarecimento, podendo apenas depois, eventualmente, se o produto não
funcionar proceder à sua devolução dentro de um prazo estipulado.
As
informações mais procuradas por quem vai adquirir um motor de rega serão, entre
outras, principalmente a potência do motor, a sua capacidade de trabalho, o
caudal de água, e o poder de sucção e de elevação da água.
Normalmente,
o volume de agua que o motor pode elevar do poço é logo medido a priori,
pelo diâmetro das bocas da bomba que se costuma medir em polegadas, mas existem
outras coisas que é importante saber como a profundidade a que o motor pode
sugar a água e a que distância a pode enviar através de um tubo.
Não
menos importante e ao que muitos não darão importância é saber qual o ciclo de
funcionamento do motor se é de 2 ou 4 tempos. As diferenças entre um e outro
são da maior importância, desde logo pela lubrificação do motor e do tipo de
combustível utilizado. Nos motores a dois tempos a lubrificação é feita através
da própria gasolina e por isso é necessário misturar óleo no combustível, o que
desde logo encarece o seu funcionamento, pois o óleo indicado para essa mistura
é bastante caro. Estes motores são menos duráveis do que os de 4 tempos e,
pormenor curioso, ainda têm tendência para ser mais caros.
O
ciclo a 2 tempos é mais utilizado em pequenos motores e é de funcionamento
simplificado, mas pode atingir altos valores rotativos, através de uma
aceleração rápida e é por isso utilizado em equipamentos como motosserras ou
roçadoras, mas num motor de rega não vejo grande vantagem nesse sistema.
O
ciclo de 2 tempos é mais visto nas pequenas bombas de 1 polegada , no entanto,
por preço idêntico pode ser adquirido um motor a 4 tempos com bomba de 1,5 polegadas . Por
isso, o possível comprador deverá informar-se primeiro convenientemente sobre
as vantagens de um e outro sistemas.
A
maioria das bombas utilizadas na pequena agricultura é de força centrífuga para
mover água. Força centrífuga é definida como a ação que faz alguma coisa, neste
caso a água, mover-se para longe do seu centro de rotação.
O impulsor que é girado pela força do motor e que em conjunto com a voluta faz a pressurização da água. Ao lado está o pequeno acessório denominado de voluta, com o interior à vista. |
Todas
as bombas centrífugas usam um impulsor e uma voluta para criar o vácuo parcial
e a pressão de descarga necessários para mover a água através da tubulação. O
impulsor e a voluta constituem o coração de uma bomba e ajudam a determinar o
seu fluxo, a pressão e a capacidade efetiva de manobra.
As
medidas da elevação da sucção e da elevação da descarga podem ser definidas
como estáticas ou dinâmicas. Estática indica que a medida não leva em conta o
atrito causado pela água que se move através da mangueira ou dos tubos. Medida
dinâmica indica que as perdas devido ao atrito foram consideradas no
desempenho.
Normalmente,
os motores de rega são colocados junto ao poço, o mais possível perto da água,
e assim deve ser para obter o maior desempenho possível, evitando perdas pelo
atrito. Neste caso, a medida da elevação de sucção é calculada com alguma
facilidade, e isso é importante porque a maioria dos motores apenas têm
capacidade para sugar a água até cerca de 7 metros de profundidade.
Para
medir a distância da elevação de descarga já se torna um pouco mais complicado,
pois isso envolve contas bem difíceis de fazer. Por exemplo: A minha horta
situa-se a cerca de 70
metros do poço e está a uma cota superior em 2 metros em relação ao
terreno onde está o poço. A mangueira de descarga vai a subir até à horta e,
neste caso, não se pode dizer que a bomba está a elevar a água até dois metros
de altura, porque isso seria se a água estivesse a subir da bomba na vertical,
num tubo com apenas dois metros. Como a água percorre 70 metros de distância
haveria que somar as perdas por atrito e assim obter a distância de elevação
dinâmica. As bombas centrífugas mais comuns têm um poder de elevação médio de
cerca de 30 metros ,
pelo que em subida ligeira ou em terreno plano poderão enviar a água a
distâncias consideráveis, mas, claro, quanto maior for o comprimento do tubo,
menor será o desempenho do motor e a força de descarga também depende da
profundidade a que o motor está a sugar a água.
A
altitude, em relação ao nível do mar, em que as bombas estão a funcionar também
pode influenciar o desempenho de motores a gasolina ou diesel, devido ao ar
mais rarefeito ou à falta de oxigénio no ar a maiores altitudes, podendo perder
cerca de 3% da sua potencia por cada 300 metros de altitude.
Outro
fator que pode influenciar negativamente o desempenho do equipamento, neste
caso, apenas da bomba, pode ser a temperatura da água, pois com o aumento dessa
temperatura a elevação útil de sucção vai diminuindo, porque água quente conduz
mais ar, fazendo a bomba perder capacidade de arraste. Se a temperatura da água
for elevada pode existir o risco de danificação da bomba. Claro que este último
caso não tem grande aplicação na agricultura, em regas, porque a água dos poços
ou dos rios é, naturalmente, fria e no caso de água depositada em tanques ou
outro tipo de reservatórios, ela não deve estar a uma temperatura tal que
prejudique a bomba e se o estivesse também não deveria ser lançada sobre as
culturas, como é evidente.
Recentemente
adquiri um motor de rega de 4 tempos de 1,5 polegadas . Já
possuía um pequeno motor de 1
polegada a dois tempos, mas este era insuficiente para a
minha atividade agrícola e senti a necessidade de adquirir um motor um pouco
mais potente. Deste modo posso relatar as minhas experiências adquiridas neste
campo e tentar ajudar quem pretender comprar um motor de rega e esteja com
algumas dúvidas, sendo que este relato é meramente informativo sem nenhum interesse
publicitário ou qualquer outro.
Motor de rega de ciclo 2 tempos, com bomba de 1 polegada
(Vantagens
em relação ao motor de 4 tempos, na minha opinião, baseada na experiência
prática):
-
Mais leve e fácil de transportar
-
Permite regular a aceleração, aumentando ou diminuindo o caudal de água, sendo
esta a maior vantagem que observei, no caso de regas utilizando a mangueira
como agulheta.
-
Como a mangueira e os tubos são de menor diâmetro, são mais baratos, mais leves
e fáceis de enrolar e transportar.
Motor de rega de ciclo 4 tempos, com bomba de 1,5 polegadas
(Vantagens
em relação ao motor de dois tempos)
-
Combustível utilizado: neste motor é usada gasolina simples (sem mistura) ao
contrário do motor a 2 tempos onde é obrigatório misturar óleo na gasolina.
Deste modo existe uma economia real no combustível.
-
Teoricamente existe a possibilidade de uma maior duração da máquina, que, em
parte, pode ser atribuída a uma melhor lubrificação do motor, que é feita pelo
óleo depositado no cárter.
Este
motor a 4 tempos é mais potente e tira mais água, mas isso não pode servir como
termo de comparação uma vez que são máquinas diferentes. Em relação ao consumo
de um e de outro eles são equivalentes, o que significa que o motor a 4 tempos
é mais económico, tendo em vista a relação potência/consumo.
Existe
um pormenor curioso em relação à capacidade da sua bomba, pois que ela sendo
considerada de 1,5
polegadas , o certo é que essa medida não é real, pois os
acessórios que ligam os tubos à bomba são de 1 polegada e 1 quarto,
existindo assim uma redução e os tubos utilizados, seguindo a lógica do
material, deverão ser também dessa capacidade, mas se forem de maior diâmetro, é
provável que isso seja mais vantajoso para o rendimento do motor, se este
estiver a empurrar a água para longe em terreno plano ou em descida.
Em
relação aos tubos, optei por adquirir tubos de plástico preto, principalmente
pelo seu baixo preço em relação a outros materiais. A mangueira do chupador
conviria que fosse de tubo flexível apropriado, mas esse tipo de mangueira é
muito caro, tendo optado também pelo tubo preto para o chupador, colocando
apenas cerca de meio metro de mangueira flexível na extremidade que liga à
bomba, porque o tubo preto é mais rígido e isso pode ser prejudicial para uma
vedação correta, além de ficar a forçar o acessório de ligação, que peca por
ser de plástico, podendo partir. Além disso a ligação entre esse tubo e a bomba
tem de ficar sem qualquer fuga, porque se isso acontecer a bomba pode não
ferrar.
Pequeno vídeo mostrando os dois motores em funcionamento
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ResponderEliminarA mangueira do chupador não pode ser flexível exactamente por causa do problema que refere. A substituição da mangueira em princípio deve resolver.
Eliminarboa tarde.num motor de 2T, dá para reduzir o caudal de saida do motor, por exemplo de polegada e meia para polegada, ou isso tem implicações com o funcionamento da bomba de agua?
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