O
aproveitamento do sol e do vento para a produção de energia está atualmente
muito em voga. A energia eletrica gerada é depois utilizada para diversos fins,
entre os quais se conta o aquecimento do interior das habitações. Neste caso, como
em outros, os elementos da natureza não estão a ser diretamente utilizados para
um fim específico e poderão não estar a ser devidamente aproveitados pois neste
processo ocorrerão sempre perdas de energia.
Ilustração de uma parede de Trombe, ventilada. |
O
sistema evoluiu da parede grossa com vidro na frente, em que a maior parte
do calor era perdido e não chegava ao interior do edifício, para a versão
moderna que possui ventilações no topo e na base da caixa de ar, que permitem o
arrefecimento rápido do colector e maximiza os ganhos obtidos. A parede de
Trombe moderna possui ainda entradas de ar no edifício permitindo um
aquecimento rápido da divisão através da simples circulação de ar aquecido
(convecção natural) na caixa de ar. O espaço pode assim ser aquecido através do
calor armazenado na parede ou, se a necessidade de aquecimento for maior,
utilizando o ar armazenado na caixa de ar.
Este
sistema, que foi desenvolvido em França por Félix Trombe, era já popular nos
anos 60 do sec. XX, mas a verdade é que em Portugal não me parece que seja
muito utilizado, talvez porque esse tipo de parede seja mais indicado para
climas muito frios e com abundância de sol no inverno. É certo que temos por cá
muitos dias de inverno com sol, mas as temperaturas não são tão baixas que
justifiquem utilizar esse sistema.
No
verão, como é evidente, as necessidades são opostas e há que utilizar meios
para manter as casas frescas. As construções modernas já contemplam paredes e
telhados bem isolados, mas nem todos têm esse tipo de casas, então, nesse caso,
o melhor é pintar os edifícios de branco, porque assim as paredes não absorvem
tanto o calor do sol consequentemente o ambiente interior estará mais fresco.
Uma vez resolvi fazer uma experiência com a absorção de calor pelas cores e
coloquei dois pedaços de chapa metálica, lado a lado, expostos ao sol, sendo
que uma dessas chapas estava pintada de branco e a outra de preto. Passado
algum tempo pousei uma mão em cada chapa e o resultado foi impressionante: a
chapa branca estava praticamente fria, enquanto a preta escaldava, quase
queimando e não dando para aguentar lá a mão. Claro que as paredes são feitas
de betão e não de chapa metálica, pelo que as diferenças não são assim tão
grandes, mas mesmo assim compensa ter a casa pintada de branco. As paredes que
se destinam a aquecimento (Paredes de Trombe) deverão, pelo contrário, ser
pintadas de preto e, como já disse em cima, deverão ser inatingíveis pelo sol
de verão.
No
que respeita ao inverno a velhinha lareira ainda, na minha opinião, continua a
ser a rainha do conforto, não só pelo calor que irradia, mas também pelo ambiente
acolhedor que cria, tornando-se nos dias frios de inverno uma companhia
inseparável. Infelizmente, nem todos têm condições para ter uma lareira em
casa, e os custos com o consume de lenha são elevados, pelo que há que procurar
sempre por alternativas sustentáveis.
No
livro “Vida” – Um guia de autossuficiência – encontrei a forma de construir um
aquecedor solar que pode ser construído com materiais de baixo custo, incluindo
materiais encontrados em sucatas…
Em
depósitos de ferro velho, num canto da oficina de sua casa ou
em lojas especializadas, você encontrará materiais básicos e de baixo custo
para a construção de um aquecedor solar. Apenas com a luz do sol, qualquer
ambiente pode ser devidamente aquecido.
Os
materiais para a construção do aquecedor solar poderão ser facilmente
encontrados em lojas especializadas, em depósitos de ferro velho ou, ainda, num
cantinho da oficina caseira (pedaços de canos velhos, parafusos, tábuas…).
Na
ilustração podem ser vistas as partes principais do aquecedor solar. É um
aparelho destinado a recolher a luz solar e fornecer calor ao interior das
casas por meio de tubos.
A construção do aquecedor solar
Monte
em caixilhos retangulares (de ferro ou alumínio) de mais ou menos 1,80 metros de altura
por 80 centímetros
de largura, dois painéis de vidro de 5 milímetros de
espessura, separados por um espaço de 6 milímetros , um do
outro. Esses painéis serão montados sobre as bordas de uma caixa do mesmo
tamanho. O fundo dessa caixa será revestido por um forro metálico.
Note
que os caixilhos retangulares deverão ter encaixes para segurar os vidros
firmemente na parte frontal da caixa. Então, um segundo caixilho deve emoldurar
o primeiro, preso firmemente a este, completando assim a borda, que deverá ser
de aproximadamente 4
centímetros . Agora, então, por detrás das caixas assim
montadas, pode-se usar um forro metálico.
Coloque
uma camada de lã de vidro forrando, por cima, todo o fundo do aquecedor para
obter um alinhamento interno perfeito. Esse isolamento é de importância
fundamental. Daí coloque uma folha de alumínio pintada de preto, pois essa é a
cor que mais absorve o calor solar. Tal folha deve ser colocada sobre o
isolamento. Chegou o momento de colocar centenas de latas vazias ou meias latas
(tipo latas de cerveja), com as suas bocas abertas, para “beber” os raios
solares. Deixe entre o topo dessas meias latas e o painel interno de vidro um
espaço de 1,2
centímetros . Deve-se dizer que cada unidade dessas
exige, em geral, 476 meias latas. Pinte as latas de preto também.
Ventoinhas
forçam a passagem do ar por meio do aquecedor, ou solário, e o conduzem pelas
tubulações até aos ventiladores no interior da casa.
No
topo do aquecedor, coloque uma caixa de alumínio horizontalmente. Essa caixa
deverá estar revestida nas laterais e na parte superior com lã de vidro. A
parte superior deve ser mais espessa. Nessa caixa é que estará ligado o tubo
que levará o ar quente para dentro de casa. Uma fresta de 2,5 por 60 centímetros na
largura do aquecedor será a passagem do ar quente. A entrada do ar frio estará
localizada na parte inferior.
O
ar entra na parte inferior, corre pelo aquecedor e sai na parte superior, num
percurso de 1,80 metros .
A
ventoinha que sopra o ar para dentro do aquecedor poderá estar localizada
dentro de casa ou então próxima do próprio aquecedor. A vantagem de estar
dentro de casas é que ela aspira o ar viciado, fazendo-o dar uma voltinha para
se aquecer.
Se
o interior do ambiente a ser aquecido for muito espaçoso e um só aquecedor não
for suficiente, você poderá fazer tantas unidades quantas forem necessárias,
ligando-as entre si pela mesma caixa metálica horizontal.
Na
parte inferior do aquecedor ficará um tubo que depositará, numa caixa
subterrânea (a um metro
de profundidade, a água produzida pela condensação do ar.
O
aquecedor deverá estar preso firmemente num poste de madeira, num ângulo de 60
graus e deverá estar voltado para nascente. Cada unidade dessas pesa 90 quilos
aproximadamente.
Referência bibliográfica:
ALZUGARAY, Domingo; ALZUGARAY, Cátia. Copyright Editora Três Ltda. São Paulo, Brasil. VIDA, Um Guia de Auto-Suficiência.
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