Antigamente
a construção de casas era feita recorrendo ao aproveitamento de materiais
existentes no local. As cabanas e casas nas florestas eram feitas de madeira
porque ali só existiam árvores, mas nas serras onde as pedras eram o recurso
mais abundante era com elas que se construíam as casas. Não existiam camiões,
nem outras máquinas para fazer o transporte e quando se construíam aldeias
inteiras em pedra, as paredes eram comuns entre uma propriedade e outra,
precisamente para poupar material e trabalho e ainda hoje existem muitas casas
nessas condições.
Algumas
dessas casas, construídas em sítio isolados, em plena serra têm por detrás um
motivo, ou até uma história, mas a sua edificação feita desse modo terá sido
motivada, em primeiro lugar, pelo recurso ao aproveitamento dos recursos
oferecidos pela natureza.
Casa da Fraga
A
Casa da Fraga, situada nas Penhas Douradas, serra da Estrela é uma dessas
construções em que existiu um motivo real e bem justificado para a sua
construção num local isolado e em altitude, devido aos ares saudáveis que se
respiram por essas bandas.
Em
finais do século XIX, no tempo em que esses bons ares eram recomendados aos
tuberculosos, quando na Serra da Estrela ainda não se faziam passeios, mas sim
expedições científicas, o escalabitano Alfredo César Henriques seguiu a
recomendação do médico Sousa Martins (impulsionador da construção de um
sanatório na Serra da Estrela para tratar doentes com tuberculose pulmonar)
tendo-se instalado nas Penhas Douradas.
César
Henriques construiu a Casa da Fraga e aí permaneceu durante dois anos para se
tratar da tísica pulmonar, estando a melhoria do seu estado de saúde na origem
das restantes construções que se encontram nas redondezas e que passaram a constituir
a estância de montanha das Penhas Douradas.
No
seu livro “Quatro dias na Serra da Estrella” Emygdio Navarro, 1884, faz
referência à Casa da Fraga, de César Henriques:
“(…)
casa em que habita A. César Henriques, e que é de um originalidade deliciosa.
Só a casa merece uma visita à serra! (…) Fomos andando. O observatório, com o
seu telhado negro de feltro breado, ficava-nos a uma centena de metros. Trinta
ou quarenta metros mais abaixo, estava um monte de poios de granito sobrepostos
uns aos outros como uma pilha de balas esphericas para uso de um canhão enorme.
Em cima dessa pilha fluctuava a bandeira, e insígnia do castellão, de César
Henriques, Mas a casa é que persistia em não se deixar ver! Nem casa nem
cubata. Pareceu-me que tínhamos mystificação. Passando em frente do observatório,
torneamos aquella penedia, seguindo um carreiro coberto de areia granítica, e
de repente estacámos todos. César Henriques ria com um franco rir de júbilo
satisfeito; gosando do seu triunpho a casa lá estava. Era a própria penedia dos
pois graníticos! (…) sala de jantar, servindo simultaneamente de sala de
entrada e de visitas; um quarto para arrumações; despensa; um gabinete de copa;
cosinha com sua chaminé; uma alcova para dormir, um espaçoso quarto para
dormir, com porta sobre uma varanda, d’onde se desfructa um panorama deliciosos
sobre o covão de Manteigas; um quarto para hóspedes, com entrada independente
do resto da habitação: pombal; galinheiro, e cavallariça! É espelêndido! Estes
diferentes aposentos, como bem deve supor-se, não são de uma grande vastidão;
mas servem perfeitamente ao fim, a que são destinados.”
Casa do juíz
A casa do juíz. Ao cimo a fenda nas rochas que dá acesso à casa. |
Uma
outra casa, edificada em 1910 quando a tuberculose ainda era uma doença terrível,
terá sido possivelmente construída com o mesmo fim: a cura dessa doença. Desta casa
que se situa na Nave da Mestra, não muito longe das Penhas Douradas, não se
conhecem grandes dados. Conhecem-se várias versões sobre a sua construção: terá
sido mandada construir pelo Dr. J. Matos com a finalidade do mesmo se isolar e
curar da lepra; outra versão diz que foi
para curar a tuberculose de que padecia e uma terceira que diz que,
simplesmente, a casa foi edificada como destino de férias do seu proprietário.
Existe
ainda uma outra versão popular que diz que na Nave da Mestra teriam sido organizados
encontros clandestinos entre personalidades distintas, utilizando-se a casa
como local secreto de reuniões republicanas, as quais terão sido organizadas
por Afonso Costa, um dos principais impulsionadores da implantação da Republica
em Portugal e uma das figuras dominantes da Primeira Republica.
Seja
como for a casa parece ter sido construída naquele local com os construtores
valendo-se mais uma vez da configuração dos enormes rochedos de granito,
mormente o bloco que compõe a cobertura da casa e, embora também se diga que
este terá ali sido colocado com recurso a guindastes, nessa não acredito, a
casa terá sido construída debaixo daquela rocha, aproveitando-se assim uma
cobertura resistente a qualquer tipo de estado atmosférico.
Dr. J. Matos - Barca Herminius - 1910 |
Esta
casa apesar de ser conhecida coma a casa do juíz, ela tem um nome e este encontra-se
gravado na pedra por cima: Barca Herminius. O significado deste nome poderá ter
a ver com o local, que também é conhecido como Vale da Barca e com a antiga
designação da serra da Estrela: Montes Hermínios.
Uma
curiosidade é que o acesso a esta casa pelo lado poente é feito através de uma
fenda nas rochas, passando-se precisamente por cima da enorme rocha que compõe
a cobertura da casa
Casa do Penedo
Numa
outra serra, em Fafe, existe também uma curiosíssima construção, talvez até
mais conhecida do que as anteriores, apesar de ter sido feita em tempos mais
recentes e de a sua história ser banal: foi construída simplesmente para ser
usada em tempos de férias pelos seus proprietários, mas é considerado um dos edifícios mais estranhos do mundo.
A Casa do Penedo, assim se designa a habitação,
situa-se entre Celorico de Basto e Fafe, mais propriamente na freguesia de
Várzea Cova, concelho de Fafe, na região norte de Portugal, devendo o seu nome
ao facto de ter sido construída entre quatro rochas de grandes dimensões que
integram a própria estrutura da casa.
A
Casa do Penedo integra-se completamente na paisagem rural envolvente. A sua
construção é inteiramente feita em rocha, à excepção das portas, janelas e
telhado.
O
interior apresenta também um estilo rústico, onde a mobília, as escadas e os
corrimãos são feitos de troncos. O sofá, pensado ao estilo rústico, é feito em
betão e madeira de eucalipto e pesa 350 kg , fazendo desta casa um local a
visitar e que tem despertado a curiosidade de muitos turistas, face à sua
originalidade e beleza.
Começou
a ser construída na primavera de 1972, quando a família Rodrigues quis realizar
o seu sonho, tendo a sua construção durado cerca de dois anos. Não se trata de
uma casa de turismo rural nem de um hotel e foi concebida para ser utilizada
pelos seus proprietários como local de férias.
Quando
olhada pela primeira vez, a casa parece saída de um mundo de fantasia. Parece
mais uma habitação pré-histórica à moda dos Flintstones e, por isso, tem sido
amplamente divulgada na Internet, sendo alvo da curiosidade de imensa gente
vinda de todo o mundo. Um ponto muito negativo é o facto de ter sido,
infelizmente, alvo de visitas indesejáveis, que arrastam consigo atos de
vandalismo.
Vídeo "Casas de pedra. O rústico sinónimo de belo"
Artigos relacionados
Hoje, vou falar de mais um pequeno trabalho de construção civil que realizei, utilizando técnicas próprias, imaginado de forma a ficar o mais económico possível, mas seguro e durável. Trata-se de uma escada exterior em caracol, com treze degraus que fiz para dar acesso a um terraço e que ficou com um aspecto que considero agradável.
Esta escada apesar da sua forma complexa não é difícil de construir, nem fica muito dispendiosa, se não fizermos contas ao trabalho...
Esta escada apesar da sua forma complexa não é difícil de construir, nem fica muito dispendiosa, se não fizermos contas ao trabalho...
Hoje vou falar de mais um pequeno projecto caseiro, realizado na área da construção e que foge um pouco às regras habituais, visto tratar-se de um pequeno tecto feito com azulejos, o que não é muito vulgar...
Hoje, vou falar de mais um pequeno projecto caseiro, que realizei com a finalidade de embelezar a entrada da minha casa. Trata-se de um arco a que tentei dar um ar de arquitectura românica, não sabendo se o consegui, mas acho que ficou com um aspecto visual agradável....