É incrível a quantidade de
coisas que se podem fazer recorrendo a materiais encontrados em sucatas, ou
mesmo no lixo. Por exemplo, de uma bicicleta velha podem-se extrair componentes
para construir moinhos para triturar cereais, bombas para elevar água,
carregadores de baterias e também cata- ventos para afugentar pássaros das
culturas…
Eu já fiz todas essas coisas
utilizando peças ou partes de uma bicicleta e, de todas elas, já falei no blog,
exceto da última que mencionei e dela vou dar conta neste post.
Todos nós gostamos de aves e
sabemos que elas precisam de se alimentar, mas preferimos que elas se alimentem
das culturas dos outros e deixem as nossas sementeiras germinarem e crescerem à
vontade. Talvez seja um pensamento um pouco egoísta, mas é a realidade sendo
por isso que em muitas hortas se vêm diversos artefatos para afastar os
pássaros e outros animais das culturas. Desses artefatos o mais conhecido e
simpático é, sem dúvida, o espantalho, ele procura imitar um ser humano e a sua
finalidade é simular a presença de um homem ou de uma mulher o que fará com que
as aves se afastem do local, pois elas se assustam com a presença das pessoas. No
entanto, as aves cada vez estão mais familiarizadas com as pessoas existindo
até pássaros, como o pisco, que procuram a companhia humana. Talvez por isso os
espantalhos já não são tão utilizados, estando a ver-se espalhados pelos campos
outros artefactos entre os quais os espanta pássaros eólicos…
Estes pequenos cata-ventos
podem também ter uma função decorativa e, quando instalados em terrenos agrícolas
isolados, seja numa chácara ou numa simples horta, os espanta pássaros podem
cumprir uma missão que os espantalhos não conseguem fazer: combater a solidão e
ser uma companhia do agricultor enquanto este realiza as tarefas agrícolas.
Como construí o meu espanta
pássaros eólico:
Peça central do catavento
A peça base deste cata-vento
é o centro pedaleiro de uma bicicleta. O quadro foi cortado deixando apenas uma
parte de um tubo, onde irá entrar um outro tubo mais estreito colocado na
torre, permitindo que assim o catavento gire livremente em busca do vento.
Turbina
Recipiente metálico onde vão ser chumbadas as hastes e a peça do crenque. |
Parte do crenque que encaixa no eixo. |
Hastes metálicas. |
A turbina é composta por um
cubo central, quatro hastes tubulares e quatro pás de alumínio, O cubo é um
recipiente metálico de pequena dimensão e nele foram feitos quatro furos em
diagonal para enfiar as hastes de modo a que as pás, aparafusadas aos tubos,
fiquem em posição oblíqua para que o vento faça rodar a turbina recebendo o
vento de frente.
As hastes metálicas foram
enfiadas no cubo central, onde foi também aplicada a parte do crenque que tem o
encaixe que entra no eixo de centro. Depois disso, o recipiente foi cheio com
argamassa feita de cimento e areia, em partes iguais, tendo a massa sido bem
socada de modo a penetrar alguns centímetros dentro das hastes tubulares. Desse
modo as hastes e a peça do crenque ficaram bem seguras podendo depois a turbina
ser encaixada no eixo e aparafusada, tal como acontece com os crenques das
bicicletas.
As pás foram feitas de
alumínio, extraído da parte interior de uma arca frigorífica e a sua dimensão é
de cerca de 30 cm por 15 cm na parte mais larga. As pás foram ligeiramente
encurvadas de modo a aturem com maior eficiência quando recebem o vento de
frente.
Recipiente de som (sino)
Pormenor do sino e badalos. |
O “sino” é um recipiente
metálico proveniente também de sucatas e nele foi, ao centro, feito um furo
para aplicação de uma mola, mola que depois foi aparafusada à haste traseira,
ficando o recipiente ligado pela mola. A mola destina-se a uma maior vibração
do som.
Badalo
O badalo, ou melhor os
badalos, pois são dois, não são mais do que quatro elos de corrente, enfiados
dois de cada lado numa pequena peça metálica, peça que depois foi aparafusada à
parte de trás do eixo central. Deste modo, conforme o eixo vai rodando os elos
vão caindo em cima do recipiente produzindo um som metálico, que convém não ser
muito intenso para não provocar incómodo às pessoas que estejam por perto. De
qualquer modo o som vai depender sempre do tipo de recipiente utilizado e
também do peso dos elos da corrente.
Orientador
Orientador. |
O orientador de vento foi
feito de uma placa publicitária de pvc que estava no lixo, mas esta peça pode
ser feita de metal ou de outro material qualquer. O orientador destina-se a
manter a turbina sempre de frente para o vento, fazendo o cata-vento rodar
lateralmente quando muda a direção do vento. Esta peça foi fixada às duas
hastes traseiras do cata-vento. De notar que não foram utilizadas soldas na
fixação destas hastes à peça central do cata-vento. A haste de cima foi
chumbada com cimento que foi enfiado no tubo e a haste que está em diagonal foi
segura à peça central através de uma abraçadeira, daquelas que são normalmente
utilizadas para fixar tubos às paredes.
Torre
Tubo afixado ao pau da torre. |
A torre não é mais do que um tronco de eucalipto, ao qual foi aplicado um tubo onde vai encaixar a peça central
do cata-vento. Esse tubo é ligeiramente mais estreito do que o tubo do
cata-vento, ficando os tubos embutidos em cerca de 30 cm. Para fixação do tubo
ao pau da torre foram utilizadas abraçadeiras, daquelas que são normalmente
utilizadas na montagem de antenas de televisão e que foram também provenientes
de sucatas. À falta deste tipo de abraçadeiras, o tubo poderá ser fixado ao pau
com parafusos.
Colocação em funcionamento
no terreno
Para colocar o cata-vento a
funcionar basta enfiar a peça central no tubo da torre e levantar o conjunto,
metendo o pau num buraco previamente aberto no terreno e depois colocar algumas
pedras no buraco, em redor do pau. Se houver a possibilidade de colocar o
cata-vento junto a uma árvore pode-se amarrar a torre à árvore ficando assim o
conjunto mais seguro para aguentar ventos fortes.
Vídeo sobre a construção do cata-vento.
Vídeo mostrando a colocação em funcionamento do espanta pássaros.
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Este foi o último engenho construído pelo autor do blog. Trata-se de um pequeno gerador eólico cujos principais componentes foram extraídos de uma velha máquina de lavar roupa. Não se trata de uma máquina para produzir grande energia, mas ela foi equipada com elementos refletores que transformam a sua aparência visual num espetáculo. Seja de dia, com a luz do sol, ou à noite com a iluminação local ou com a os faróis dos automóveis projetando a sua luz sobre o pequeno gerador, as suas pás brilham e lançam chispas douradas, o que transforma esta máquina num elemento muito decorativo.
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