O shaduf, é uma palavra de origem árabe, mas em
Portugal essa ferramenta tomou várias designações como: gaivota, cegonha, picota, burra, balança e outros, conforme as regiões
onde era utilizado. Este aparelho era constituído por um tronco enterrado no
solo, tendo no cimo uma forquilha que, por vezes, era feita pela própria
bifurcação das pernadas de uma árvore. Nesta forquilha colocava-se um pau com
cerca de cinco ou seis metros de comprimento que se movia num eixo colocado nas
duas hastes da forquilha e que tinha numa extremidade um contrapeso que,
normalmente, era uma pedra. No outro extremo do pau era pendurada, na vertical,
uma vara fina que tinha na ponta inferior um gancho onde se enfiava a asa do
balde. O contrapeso servia para ajudar a subir o balde cheio de água, mas para
o fazer descer tornava-se um obstáculo, pelo que o seu peso tinha de ser
regulado de modo a que tanto a subida como a descida do balde fosse feita com o
menor esforço possível.
Pode parecer, hoje, uma ferramenta obsoleta,
mas ela ainda é utilizada e pode ser muito útil para regar pequenas culturas,
em terrenos que tenham um poço pouco profundo, um rio ou um pequeno ribeiro, ou
até mesmo uma vala onde circule alguma água.
Eu adoro esta tecnologias antigas, sou
adepto de energias limpas e decidi construir uma ferramenta destas para retirar
água de uma regueira…
O trabalho seguinte foi fazer o estrado
por cima da regueira, tendo recorrido a madeira usada que tinha em armazém à
qual apliquei um banho de óleo queimado para ajudar à sua conservação. Na
regueira fiz uma pequena presa para fazer a acumulação de água, indispensável
para a ferramenta trabalhar.
De seguida, atei a corrente que tinha
enfiado no furo ao centro da vara à pernada da oliveira e só depois preparei o
encaixe para o balde. Primeiro ensaiei o instrumento para acertar o comprimento
da vara vertical e depois recorrendo a uma espécie de abraçadeira que tinha no
meu armazém de sucatas, fiz a aplicação do balde. De notar que o balde tem que
ter mobilidade para se poder fazer o seu enchimento com facilidade. Como o
balde que utilizei era um balde de tinta e eu não queria fazer publicidade
gratuita à marca da tinta, pintei o balde com tinta azul.
Bem, como vêem um instrumento destes é
bem fácil de fazer e acho que não me vou alongar com mais explicações. Acho que
é uma pena já não se verem muitos destas ferramentas ainda a funcionar, porque,
para além da poupança que proporcionam, podem ser muito úteis em determinadas
circunstâncias, por exemplo para quem tem pequenas hortas junto a pequenos rios
ou ribeiros e não quer estar a usar um motor que gasta combustível e causa
poluição, isto para não falar das arrelias que essas máquinas às vezes provocam
quando o motor não quer arrancar.
Já falei da construção da picota, agora
se a quiserem ver a funcionar é só abrir o vídeo…