A BIBLIOTECA ITINERANTE DE MIRANDA DO CORVO,
COMEMOROU MEIO SÉCULO DE EXISTÊNCIA
Tomei conhecimento desta notícia através do jornal local “Mirante”, de que vou reproduzir um pequeno excerto:
«A Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo, criada pela Fundação Calouste Gulbenkian e desde Novembro de 2001 integrada na Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, comemora no dia 10 de Setembro, 50 anos de actividade.
A efeméride é assinalada com uma exposição intitulada “50 anos a alimentar o espírito”, patente na Biblioteca Municipal local, para além de um almoço, uma cerimónia na Câmara Municipal e a recriação do primeiro percurso.
A “viagem” por esta biblioteca itinerante, que se mantém no activo, inclui uma circular a determinar que alguns livros não estivessem à vista (por o conteúdo poder incomodar o antigo regime) e folhas sobre pedidos de empréstimo de livros de estudo para quem tinha mais dificuldades económicas.
Durante décadas foi “o maior e, por vezes, o único contributo válido para que as populações que visitava pudessem ter acesso à cultura”, refere uma nota sobre a efeméride.»
Esta notícia fez-me recordar os meus tempos de infância e início da juventude, em que fui um leitor assíduo dessa biblioteca. Sentia-me feliz quando, de quinze em quinze dias, vestia a minha melhor roupa para ir à carrinha devolver os livros já lidos e escolher outros, envoltos em mistérios que iria desvendar até à próxima visita da biblioteca. Lembro-me que levava sempre o número máximo de livros permitido que, na altura, eram cinco. Tinha um enorme gosto pela leitura e “devorava” livros à noite, deitado na cama e iluminado pela pálida luz de um candeeiro de petróleo. Adorava os livros de Enid Blyton: “Os Cinco”, “Os Sete” ou “Uma Aventura”, cujas colecções li na totalidade. Também gostava muito dos livros de Júlio Verne e Emílio Salgari, mas, durante os anos que frequentei a biblioteca itinerante li obras de vários géneros e autores, atrevendo-me a dizer que terei certamente entrado na casa dos milhares de livros lidos.
A Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo teve um papel importante na minha aprendizagem, pelo que fico muito contente por saber que, após meio século, continua a ir ao encontro das pessoas transportando cultura, com todo o encanto e magia dos livros!
Tomei conhecimento desta notícia através do jornal local “Mirante”, de que vou reproduzir um pequeno excerto:
«A Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo, criada pela Fundação Calouste Gulbenkian e desde Novembro de 2001 integrada na Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, comemora no dia 10 de Setembro, 50 anos de actividade.
A efeméride é assinalada com uma exposição intitulada “50 anos a alimentar o espírito”, patente na Biblioteca Municipal local, para além de um almoço, uma cerimónia na Câmara Municipal e a recriação do primeiro percurso.
A “viagem” por esta biblioteca itinerante, que se mantém no activo, inclui uma circular a determinar que alguns livros não estivessem à vista (por o conteúdo poder incomodar o antigo regime) e folhas sobre pedidos de empréstimo de livros de estudo para quem tinha mais dificuldades económicas.
Durante décadas foi “o maior e, por vezes, o único contributo válido para que as populações que visitava pudessem ter acesso à cultura”, refere uma nota sobre a efeméride.»
Esta notícia fez-me recordar os meus tempos de infância e início da juventude, em que fui um leitor assíduo dessa biblioteca. Sentia-me feliz quando, de quinze em quinze dias, vestia a minha melhor roupa para ir à carrinha devolver os livros já lidos e escolher outros, envoltos em mistérios que iria desvendar até à próxima visita da biblioteca. Lembro-me que levava sempre o número máximo de livros permitido que, na altura, eram cinco. Tinha um enorme gosto pela leitura e “devorava” livros à noite, deitado na cama e iluminado pela pálida luz de um candeeiro de petróleo. Adorava os livros de Enid Blyton: “Os Cinco”, “Os Sete” ou “Uma Aventura”, cujas colecções li na totalidade. Também gostava muito dos livros de Júlio Verne e Emílio Salgari, mas, durante os anos que frequentei a biblioteca itinerante li obras de vários géneros e autores, atrevendo-me a dizer que terei certamente entrado na casa dos milhares de livros lidos.
A Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo teve um papel importante na minha aprendizagem, pelo que fico muito contente por saber que, após meio século, continua a ir ao encontro das pessoas transportando cultura, com todo o encanto e magia dos livros!
A carrinha actual da Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo
Artigo relacionado: A Quinta dos Livros
Interessante esta biblioteca
ResponderEliminarEu aposto na vida mesmo diante do
maior problema, porque descobri que cada novo
dia é uma folha em branco,onde posso escrever
o que quiser, criar e viver o presente que rabisco
com tintas coloridas, que chamo de Esperança!
Beijinhos
Amigo José.
ResponderEliminarEstive durante alguns anos ligados a essas bibliotecas como Funcionário da Fundação Gulbenkian. Tenho grande conhecimento, até que ponto elas eram importantes para as populações do interior. Lisboa não sabe o que é interior ou não quer saber. Também é verdade que quando foram extintas, foram oferecidas às Câmaras e algumas recusaram. Oferecidas com o carro, livros e apoios vários. Só era preciso um funcionário.
E assim se está fazendo o Portugal de Abril. Mas vejo que nem tudo é mau.
Agora um àparte: estive para ir para Miranda do Corvo, para essa Biblioteca Itinerante, antes de serem todas extintas.
Um abraço
victor Gil
Gostei muito de ler o seu artigo... Posso dizer sem dúvida alguma que o que mais moldou o meu carácter… foram os meus hábitos de leitura…
ResponderEliminarJá dizia Marcus Tullius Cícero –“Se temos uma biblioteca e um jardim, temos tudo…”
Desde muito tenra idade… que sempre li muito… e muito me faz confusão, quando reparo que hoje se lê muito pouco… diria antes… quase nada… Mais… quando era novo… no tempo de Salazar e Caetano… queríamos alguns livros para ler… e não os tínhamos… pois eram censurados… E como nessa altura, o dinheiro era pouco ou nenhum, para comprar livros… eu e dezenas de colegas amigos … como aliás, a maioria dos jovens pelo País fora, tínhamos que recorrer a bibliotecas públicas… No meu caso, da que adquiri mais livros para ler, foi da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian em Miranda do Corvo… Nunca me esquecerei do que devo na formação do meu carácter, àquela velha carrinha… que me trazia, a maioria dos meus sonhos…
Foi sem dúvida graças a ela, que eu ganhei o gosto pela leitura… Não via o dia do mês, em que a carrinha chegava… para poder escolher mais cinco livros… que era o máximo que emprestavam por mês… E como o gosto que grande parte dos meus amigos e eu tínhamos por ler, era tal… que os cinco livros… quando muito davam para cinco dias apenas… e era quando davam… então começávamos a trocar os livros uns com os outros… e assim podíamos ler uma dúzia ou mais de livros no mesmo mês… E eu que lia… até com uma pilha por baixo dos lençóis, para a minha Mãe não ver a luz acesa até tão tarde… chegando a haver dias em que lia dois livros… Então, para ter mais que ler… durante um período, só trazia livros com dois ou mais volumes… pois contavam apenas como um… pena que o stock de títulos com mais de um volume, tenha acabado tão depressa… O professor Henrique ???, até chegou a desconfiar que eu levava livros que nem lia… pois era muito novo para os entender… foram as minhas primeiras noções de Literacia… aprendi que não bastava ler… era preciso interpretar e compreender o que se lia… Então no mês seguinte perguntava-me um resumo de algum deles… poucas vezes o fez… permitindo-me a partir daí, ter acesso a qualquer das prateleiras… pois estas eram dispostas para acesso por idades… A partir daí… sentia-me quase como dono… daquelas filas de livros… sobretudo das de cima… a que só os “grandes” e mais velhos tinham acesso… era o Mundo a abrir-me as portas…
O meu muito obrigado, à Biblioteca Itinerante de Miranda...
Mário Direitinho Santiago
Caro Mário Santiago:
ResponderEliminarEm primeiro quero agradecer-lhe esta excelente participação no blogue.
Quase de certeza que estivemos juntos nessa saudosa biblioteca a escolher os nossos livros. Que saudades! Aquela carrinha fez história e deixou marcas positivas e indeléveis nas nossas vidas. Actualmente ainda vou, de vez em quando, à Biblioteca Municipal procurar alguns livros, mas sinceramente já não é a mesma coisa. A carrinha tinha a magia que aquele edifício não tem, apesar de ter também uma ligação inesquecível à nossa infância, pois foi ali que demos os primeiros passos na nossa aprendizagem.
Felizmente a Biblioteca Itinerante ainda continua a funcionar e oxalá que os seus leitores sintam o mesmo gosto e magia pela leitura que nós sentíamos naquele tempo.
Um abraço.
José Alexandre
Só agora, e por mero acaso, encontrei este blogue. O curioso da situação é que sou o responsável pela Biblioteca Itinerante de Miranda do Corvo (hoje na Fundação ADFP). Já Passaram 30 anos desde o dia em que comecei a trabalhar nesta Biblioteca (então ainda na Gulbenkian) e mais de 40 desde que a comecei a frequentar como leitor. A ela devo muito do que aprendi, quer através dos seus livros, quer através dos milhares de leitores que conheci e que tanto me tem ensinado. No próximo dia 19 de Maio vamos inaugurar um novo Bibliomóvel que permite o acesso às novas tecnologias e a possibilidade de ser frequentada por pessoas com mobilidade reduzida. Terei todo o prazer de vos fazer chegar fotos e outros elementos sobre a nossa Biblioteca. Podem contactar-me através do mail departamentocultural@adfp.pt ou telemóvel 918714606.
ResponderEliminarCarlos Marta
Boa noite,
ResponderEliminarNão sei se me reconheceu através do blogue, (tenho foto e dados sobre mim) mas eu ainda frequentei a Biblioteca já com o Carlos Marta responsável pela mesma, em conjunto com o seu pai. Penso que terá sido no final dos anos 70, início dos anos 80, já depois de ter cumprido o serviço militar. A Biblioteca Itinerante nº 18, da Gulbenkian, prestou um grande serviço ao concelho e deixou gratas recordações na minha memória e, certamente, na dos muitos milhares de leitores que ali iam em busca do saber, do sonho e da aventura! Pela minha parte estou-lhe eternamente grato.
Muito obrigado pela sua participação no blogue e desde já aceito e agradeço a sua oferta sobre as fotos e outros elementos da “Bibliomóvel”. Se por acaso tiver também fotos da antiga Biblioteca da Gulbenkian e elementos sobre a sua história que me pudesse facultar, poderia publicar um post no blogue sobre isso, caso não visse inconveniente.
Os meus melhores cumprimentos.
José Alexandre