Era
uma vez no Oeste…
Sobre
a terra do Tio Sam.
Seriam
realidade ou ficção,
As
lutas que se travaram…
Toda
aquela confusão.
O
xerife, o pistoleiro,
A
Guerra da Secessão.
O
rancho e o vaqueiro,
O
bom, o mau e o vilão.
A
história do Oeste
É
a história do cinema
Que
até em países do Leste
Criou
mitos, personagens,
Heróis,
vagabundos e ladrões.
Tudo
mostrou em imagens
Que
apaixonaram multidões.
Criou
Django e Ringo,
Entre
muita outra gente.
No
meio de tanto gringo
Havia
um cowboy insolente
A
que chamaram Trinitá.
Muitos
assaltos a bancos
E
duelos ao sol.
Muitos
pum-pum e bang-bang
Fizeram
parte do rol.
Havia
sempre um pistoleiro
No
meio de muita trapaça,
Mas
também um cavalheiro
E
uma dama com graça.
Neste
poema estou a citar
Muitas
palavras que terminam em “eiro”.
Por
isso não me vou calar
Sem
falar do garimpeiro…
Da
febre do ouro,
E
do dinheiro…
E
já que falei no vil metal
Lembro
também o banqueiro,
E
o batoteiro.
Espero
que não levem a mal…
Estou
a ficar cansado
Da
poeira do caminho.
Vou
parar por um bocado
Para
dormir um pouquinho.
Não
quero parecer chateado
Por
fazer uma pausa.
Mas
o que eu mesmo queria
Era
ter uma casa,
Na
pradaria…
Quando
chegar à cidade, já farto de correr
Que
ninguém tenha inveja
Se
for ao saloon beber,
Uma
cerveja…
Ah!..
e já me esquecia de dizer,
Vou
dar água ao meu cavalo…
(Esta não rima mas é verdade)
Há
tempos atrás escrevi pela primeira vez, sobre cinema, no “Meio Século”. Na
verdade, não foi bem sobre a sétima arte de que falei, foi antes o relato de
uma aventura um tanto “trágico-cómica” que envolveu a minha primeira ida a uma
sala de cinema para assistir a um filme. Resolvi voltar ao tema, abordando-o de
uma forma pessoal e nem poderia ser de outra maneira pois… quem sou eu para
falar de cinema? … Tudo o que dissesse num contexto mais crítico ou técnico
teria de ser rebuscado noutros sites e para repetir o que outros já disseram
ainda que mesmo por outras palavras acho que não valeria a pena o esforço.
Há
dias encontrava-me a rever uns escritos antigos da minha autoria, quando um
deles, dos anos 70, que se encontra dactilografado, me deu a ideia de escrever
este artigo no blogue. Trata-se de um pequeno trabalho sobre o Oeste Americano
e é calcule-se... o preâmbulo de uma revista que eu tinha em mente editar,
imaginando que teria muitos leitores. Andava tão entusiasmado com as historias
do velho Oeste que, nessa altura, se já houvesse Internet e blogues, teria
criado um para falar sobre o assunto, de certeza.
Enfim... fantasias da juventude, influenciadas pelos livros e filmes de western, género
que na época teve grande sucesso. Creio que essa influência se estendia, nos
anos 60 e 70, a
muitos adolescentes e jovens pois era comum organizarmos brincadeiras nas ruas,
campos e florestas, imitando o que víamos nos filmes de western, a que
chamávamos “brincar aos cowboys”. Lembro-me que até fabricávamos pistolas e
espingardas de madeira e os que tinham mais posses compravam cinturões com
cartucheiras e revólveres de fulminantes que produziam algum barulho e um
ligeiro cheiro a pólvora. Claro que os que tinham pistolas de madeira tinham
que imitar o som dos disparos e, quem era “atingido”, tinha que fingir de
morto.
Tudo
isso faz parte do passado, mas não faz mal nenhum recordar e até acho que neste
blogue com a sua aparência rústica que lhe dá o fundo em madeira, não fica mal falar
um pouco de western, esse género de filmes que pregava multidões ao pequeno
ecrã de televisão ou à tela do cinema, nas décadas de 60 e 70.
Os estúdios de cinema de Almería, funcionam agora como Parque Temático e atração turística. |
O
sucesso das séries de western na televisão e das grandes metragens no cinema,
fez a sua realização extravasar as fronteiras dos Estados Unidos e chegar mesmo
à Europa, sobretudo a Itália, onde se produziram muitos filmes de cowboys para cinema,
género que foi apelidado de western à italiana, western spaghetti, ou mesmo, no
Brasil, bang-bang à italiana. Estes filmes eram, na sua maioria, rodados no
deserto de Tabernas que fica situado no sul de Espanha, uma zona desértica da
província de Almería que tem muitas semelhanças com terras do sudoeste
americano. Ali foram construídas três cidades que serviram de cenário a muitos
filmes de cowboys e não só, pois lá se filmaram grandes metragens de outros
géneros como Lawrence da Arábia em 1962 ou, mais recentemente, Indiana Jones e
a Última Cruzada, que data de 1982.
Depois
do grande sucesso de séries de televisão americanas como “A Caravana”, “High
Chaparral” e sobretudo do imortal “Bonanza”, entre outros, mas também de
grandes metragens com destaque para as obras de grandes realizadores como John
Ford e Howard Hawks havia que rentabilizar o género também na Europa e os
italianos fizeram-no com êxito, tendo produzido cerca de 600 filmes entre 1963 e 1977.
O
realizador Sérgio Leone foi o obreiro de alguns dos filmes mais famosos do
western spaghetti, entre os quais se destacam três filmes que ficaram conhecidos
como a trilogia dos dólares, constituída pelos westerns: “Por um punhado de
dólares”, “Por uns dólares a mais”e o “Bom, o mau e o vilão” todos ele
interpretados pelo ator americano Clint Eastwood.
A
exibição destas películas, atraía muito público jovem aos cinemas e eu, tal
como já fizera em relação às “Sandálias do Pescador”, muitas vezes me desloquei
na companhia de amigos, a pé ou de bicicleta ao cinema mais próximo que ficava
a cerca de 12 km ,
para assistir àqueles filmes, muito movimentados cheios de acção, algum humor e
muita violência à mistura.
Acho
que estes filmes se diferenciavam um pouco do género americano por serem mais
violentos, mas também pela sua dose de humor e pelas bandas sonoras, muito
originais, onde existia uma mistura de sons onde entravam instrumentos tão
diversos como a guitarra eletrica, a trompete ou a flauta e até sons de assobios,
tiros, chicotadas, etc.
Estes
filmes eram interpretados por atores de diversas nacionalidades e entre eles
muitos americanos como Clint Eastwood, Lee Van Cleef, ou Henry Fonda, Porém,
outros nomes se foram celebrizando neste género, como os italianos Mario
Giuseppe Girotti (Terence Hill), Carlo Vicente Pedersoli (Bud Spencer), Franco
Spartanero (Franco Nero), o ítalo-brasileiro Anthony Steffen e Giuliano Gemma,
sendo este último, talvez, o que mais cativou a simpatia do público jovem,
exactamente também pela sua juventude, agilidade acrobática, habilidade e
rapidez a manejar o “colt” e também porque fazia sempre ou quase sempre o papel
de bom da fita. Giuliano Gemma foi um ídolo de muitos jovens em finais dos anos
60 e 70 e interpretou vários filmes de western spaghetti, que obtiveram grande
sucesso como “Uma Pistola para Ringo” e “O Dólar Furado” de 1965, “Sela de
Prata” de 1978 e muitos outros. Em 1985, deu vida a “Tex Willer” naquele que
foi o seu último filme no género de western.
Giuliano Gemma |
Nos
seus primeiros filmes o ator aparecia no elenco como Montgomery Wood, talvez
porque o seu nome genuinamente italiano destoasse um pouco do que era o pano de
fundo daqueles filmes: a história da colonização do Oeste Americano no século
XIX e início do século XX. Pelo mesmo motivo os atores, independentemente da
sua nacionalidade, exprimiam-se em inglês embora me lembre de ter assistido a alguns
falados originalmente em italiano, mas todos eles legendados em português.
Mas,
Giuliano Gemma acabou por conseguir que o seu nome verdadeiro aparecesse na
ficha técnica dos filmes e nos cartazes publicitários, sem que isso beliscasse
o seu sucesso e a consagração como ator principal de filmes de western spaghetti
e também o seu aparecimento ao lado de grande estrelas internacionais como Kirk
Douglas, Henry Fonda, John Huston e muitos outros.
Pelo conteúdo da publicação dá para notar que realmente voce se empolga com esse tema! Eu lembro das brincadeiras dos meninos, que nessa época de minha infância não deixavam as meninas brincarem com eles :)
ResponderEliminarE lembro de alguns desses filmes que voce citou, principalmente Bonanza...
Legal tudo que escreveu José Alexandre e, nem precisou pesquisar hein?! ;D
beijinho amigo e boa semana!!
Olá amiga querida,
EliminarÉ verdade, Em algumas brincadeiras não eram admitidas meninas e nessas dos cowboys, nem pensar; era só mesmo para rapazes. No entanto havia brincadeiras em que também entravam meninas como o jogo do lencinho que era assim:
O jogo do lencinho era um jogo antigo que consistia na formação de uma roda composta por um número indeterminado de jogadores, estando todos virados para o centro da mesma.
Desses jogadores era escolhido um que era o portador do lencinho e que corria à volta da roda, pelo perímetro exterior, deixando cair o lencinho junto a um jogador que se encontrava na roda, à sua escolha. Este teria que se aperceber, pegar imediatamente no lenço e perseguir o jogador que o deixou cair, dando uma volta completa à roda antes que o jogador inicial conseguisse fazê-lo.
Ganhava o que conseguia preencher o lugar desocupado.
O que acontecia era que quem transportava o lencinho o deixava sempre cair junto do menino ou da menina que trazia "debaixo de olho" isto é: com quem queria namoriscar.
Será que aí no Brasil também jogavam ao lencinho?
Beijinho e bom trabalho.
Boa noite Amigo José Alexandre
ResponderEliminarMais um tema interessante sobretudo para quem vivenciou a nossa infancia tão cheia de magia onde se dava largas á imaginação quando o filme acabava.
A cowboyada continuava nas ruas e nas esquinas aos bang-bang. Eu tinha um actor favorito, o John Wayne, entre outros. Vi muitos filmes épicos do Oeste. No cinema do meu bairro, ao sábado á noite, víamos 2 filmes por 2$50 no 3º Balcão. Era uma festa. Não era o Cinema Paraíso, mas quase.
Grande filmes, lembro-me da Conquista do Oeste, Os 7 Magníficos e os outros que já mencionou.
E livros, creio que li quase toda a colecção do Mundo de Aventuras, trocávamos livros uns com os outros. Foram tempos fantásticos. A juventude de hoje não teve a mesma experiencia que nós. Ficámos a conhecer o mundo pela tela do cinema.
Parabéns pelo artigo, mais um que fica debruado a Ouro, na galeria temática do Meio Século.
Um abraço
Camilo
Olá amigo Camilo,
ResponderEliminarHavia dois géneros de filmes de que eu gostava muito. Um deles era o western, o outro eram os filmes de capa e espada, principalmente os filmes de corsários e piratas. Adorava a série "Os Corsários" e o Sandokan (quem não se lembra do Sandokan?)e também "devorava" os livros de Emílio Salgari.
Agora os tempos são outros e só raramente vou ao cinema, mas que tenho saudades dos filmes do nosso tempo, isso tenho.
O amigo Camilo tinha sorte em ter um cinema no seu bairro e com preços de pechincha mesmo para a época. Nós por aqui tínhamos que andar 24 km (ida e volta) para ir ao cinema à Lousã, ou então optar por ir de comboio e voltar a pé para casa, porque no regresso já não havia transporte.
Mas mesmo assim foram bons tempos que recordo com saudade.
Um abraço.