Para um bom trabalhador qualquer ferramenta serve…
Colher de pedreiro decorativa. |
Era
muito comum ouvir-se esta frase quando alguém apreciava a boa qualidade de um
serviço, efetuado com uma ferramenta inapropriada ou de má qualidade. Claro que
não é a ferramenta, por muito boa que ela seja, que faz um bom trabalho se esta
não for manejada por alguém com habilidade para o efeito, mas o certo é que
ajuda muito trabalhar com ferramentas de boa qualidade e adequadas para o tipo
de trabalho que se faz, no momento.
Isto
é válido para qualquer tarefa que se execute, especialmente se estivermos a
utilizar ferramentas manuais. O trabalho poderá não ficar melhor, mas será
feito mais rapidamente com boas ferramentas…
Uma
profissão em que se utilizam muitas ferramentas manuais é a de pedreiro. Este é
apenas um, de entre muitos ofícios que são exercidos utilizando esse tipo de
ferramentas e, falo dele especificamente, por dele ter conhecimento pessoal.
Neste tipo de trabalho, da qualidade das ferramentas pode depender, para além
de um menor esforço nas tarefas, também, por exemplo, uma parede bem aprumada,
um reboco bem desempenado, ou um chão bem nivelado.
Há
umas dezenas de anos atrás, as ferramentas eram todas muito caras e o preço não
significava que fossem de boa qualidade. Era habitual que as pessoas de menores
recursos recorressem aos vizinhos pedindo emprestados alguns utensílios de que
tinham necessidade e que não podiam comprar, como um martelo, uma colher de
pedreiro, um nível ou uma serra. Existia uma espécie de permuta de empréstimos,
pois quem pedia também emprestava, dependendo das ferramentas que possuía. Esta
cooperação comunitária era muito boa, mas tinha os seus inconvenientes, o maior
dos quais era muitas vezes quem emprestava ter que ir pedir a sua própria
ferramenta a quem a emprestara, e isso acontecia com frequência, pois não era
raro este esquecer-se de a entregar.
Eu,
pessoalmente, nunca gostei de pedir nada emprestado a ninguém e quando comecei
a construir a minha casa comprei apenas uma colher de pedreiro, um martelo
picadeira e um nível de bolha de água. Arranjei eu próprio uma talocha de
madeira, (de resto nessa altura utilizavam-se muito esse tipo de talochas) e
também um prumo, servindo-me de um pedaço de tubo que enchi com cimento,
deixando ao centro um pequeno gancho para atar um cordel. Com um pedaço de madeira
quadrado com a medida condizente com o diâmetro do tubo, resolvi o problema.
Quanto à talocha de madeira, o maior inconveniente que tinha era ser muito
pesada, mas lá me fui desenrascando. A qualidade do trabalho não ficou afetada,
mas poderia ser feito com menos esforço se nessa altura tivesse boas
ferramentas.
Com
o surgimento das lojas dos trezentos, assim chamadas porque vendiam tudo ou
quase tudo a trezentos escudos, sendo portanto lojas anteriores à entrada do euro
em Portugal e que apareceram na década de 90, começaram a aparecer ferramentas
mais baratas. Uma colher de pedreiro ou um martelo a 300 escudos, que na moeda
atual corresponde a 1,50 euros, podiam ser consideradas ferramentas de baixo
custo embora, evidentemente, a sua qualidade não fosse a melhor, mas existiam
exceções, pois ainda tenho um martelo comprado nessas lojas, há cerca de 20
anos, que tem sido ótimo e muito resistente, dado que eu utilizo este tipo de
ferramentas com alguma intensidade.
Infelizmente
as minhas antigas e rudimentares ferramentas já desapareceram há muito tempo e
lamento não tê-las preservado, pois poderiam ter algum valor museológico
pessoal, mas ainda guardo algumas colheres de pedreiro dos tempos da construção
da minha casa e de quando exercia essa profissão.
Curiosamente
tenho duas colheres dentadas para aplicação de azulejos, do tempo em que ainda
se utilizavam os pentes de plástico para aplicação do cimento cola, que eram
entregues gratuitamente com o produto. Nessa altura, penso que ainda não tinha aparecido
as talochas dentadas de metal, tive a ideia de transformar duas colheres normais
de pedreiro em colheres dentadas para aplicar o cimento cola nas paredes.
Funcionavam muito melhor do que os pentes de plástico e davam para distribuir e
dentar a massa. Como eram duas a profundidade dos dentes era desigual e
utilizava a que melhor servisse para o trabalho do momento. Ainda as utilizo
ocasionalmente.
De
resto, a colher de pedreiro é a ferramenta mais importante e a que melhor se
identifica com a arte. Não é por acaso que o seu nome está ligado à profissão e
na hora de adquirir um destes utensílios, principalmente aquele que se destina
aos trabalhos de maior volume, como o reboco de paredes ou tetos, é de toda a
conveniência escolher uma colher de boa qualidade, pois isso irá facilitar a
execução do trabalho.
Já perdi a soma - empresto minhas ferramentas e não voltam mais.
ResponderEliminarEmpresta ferramenta e conplicado poque as vezes so vai e não vem quando presisa tem que comprar outra.
ResponderEliminar