Em maio deste ano, vários jornais da região das Terras de Sicó publicaram a notícia de que os moinhos de vento das Corujeiras iriam ser recuperados. Já existiam apoios monetários para essa recuperação e um desses jornais afirmava até que as obras já estariam em andamento.
Sete anos separam estas duas fotos. A única diferença entre elas é que, agora, a estrutura do moinho ao fundo, junto ao marco geodésico, já desapareceu.
Há sete anos atrás escrevi neste blog um artigo sobre estes moinhos e agora, movido pela curiosidade de saber se as obras já se teriam iniciado, voltei ao local, tendo ficado um pouco desiludido porque ainda nada ali foi feito, mas também é preciso ter em conta que o anúncio da recuperação dos moinhos ainda só foi feito há pouco mais de dois meses.
A única diferença que encontrei ali foi que, para além do aumento da degradação deste complexo moninológico, um dos moinhos que ainda se encontrava de pé ruiu entretanto e foram retirados os escombros de um outro moinho cuja estrutura era de madeira, sendo, portanto, de funcionamento diferente dos restantes. a sua estrutura tinha duas rodas de pedra e girava em volta de um eixo cravado no solo. Rodava sobre um círculo também construído em pedra, podendo assim as suas quatro velas triangulares receberem o vento de frente, fazendo rodar o seu eixo horizontal.
O outro modelo de moinhos existente nas Corujeiras é menos visto nos montes da região, serão talvez únicos na zona e até no país, dadas as suas caraterísticas invulgares que, no que respeita ao capelo, se podem assemelhar aos moinhos mediterrânicos, uma vez que a sua rotação para colocar as velas na posição desejada é feita através da sua cúpula móvel que roda em cima de uma calha circular. Mas, na elaboração destes moinhos deve ter existido um cruzamento de engenharias, pois a armação para as velas é metálica, fazendo lembrar a tecnologia dos moinhos americanos. O interior do moinho, onde a rotação para as mós, que se encontram em nível semi-subterrâneo, é transmitida por um espigão de ferro, também lembra a tecnologia vinda das terras do Tio Sam.
Um outro moinho, que se encontra um pouco mais distante e que é o que se encontra ainda em melhor estado de conservação, lá continua sem grandes alterações visíveis.
Por enquanto, estas palavras de Miguel Torga continuam a fazer todo o sentido:
“ As velas voaram, o grão deixou de cair da moega, a fome mudou de rumo e da fábrica alada ficou apenas, à margem da estrada da vida, uma caricatura espectral…”
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