A AUTO-SUFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O livro de John Seymour “Manual Prático da Auto-suficiência”, aponta o caminho para nos podermos tornar, na medida do possível, auto-suficientes, tirando partido de tudo o que a natureza nos pode dar. O autor dedica algumas páginas do livro ao possível aproveitamento dos diversos elementos naturais como forma de obter energia, que pode contribuir para essa auto-suficiência, pelo menos de modo parcial.

Hoje em dia está muito difundido o uso de painéis solares para aquecimento de água e é comum verem-se muitos telhados de vivendas com esses sistemas instalados e até edifícios públicos, como hospitais ou lares de idosos, que aproveitam o sol para esse fim, utilizando um grande número de painéis.

Uma instalação de microprodução de energia bastante completa.
Esses sistemas no nosso país permitem, no período que vai desde Março a Outubro, praticamente sem recorrer a outros meios, o aquecimento de água necessário para o consumo de uma habitação. Nos restantes meses do ano será necessário complementar o sistema com outro tipo de equipamento para ajudar a aumentar a temperatura da água, o que não impede contudo, visto o sol ser uma energia gratuita, de ser muito vantajosa a utilização destas instalações. No meu caso pessoal, apesar do meu equipamento solar para aquecimento de água ser semi-artesanal e bastante rudimentar, consigo durante esses oito meses, quase ininterruptamente, a auto-suficiência total nesse campo. Nos restantes quatro meses, infelizmente, devido às insuficiências do sistema, optei por prescindir do seu uso, devido ao perigo de rebentamentos das tubagens, causado pelo congelamento da água.

Um sistema de painéis que giram, acompanhando o sol.
Menos comuns são os painéis solares fotovoltaicos para produção de energia eléctrica, talvez porque ainda comportam um investimento demasiado elevado para a maioria das famílias portuguesas. No entanto já se começam a ver também algumas instalações desse tipo, muitas vezes com a companhia de pequenos geradores eólicos. Quem sabe se o futuro das energias naturais, não passa mesmo pela produção individual o que de certo modo está de acordo com a visão de John Seymour, pois ele escreveu no seu livro que: “Uma das características das fontes naturais de energia é a de se adaptar muito melhor a uma pequena exploração do que a uma de grandes dimensões. Extrair-se-á, por exemplo, muito mais energia de uma determinada ribeira, disseminando uma centena de pequenas barragens e rodas de água, que construindo uma única, mas enorme, que faria rodar uma quantidade de enormes turbinas. Igualmente se pode captar a energia eólica, mas unicamente com miríades de pequenos moinhos de vento; não com um moinho gigante comparável a uma central eléctrica. Numa cidade, cada casa poderia ter um telhado solar e dele extrair uma boa parte da sua energia; mas um colector solar, suficientemente grande para alimentar uma cidade inteira, será sempre um produto da nossa imaginação.”

Um sistema de painéis fotovoltaicos e um pequeno gerador eólico.
Deste modo a auto-suficiência total em energia poderá ser completamente atingida e até ultrapassada uma vez que o sistema poderá ser ligado à Rede Eléctrica de Serviço Público (RESP) e o excesso de electricidade produzida deve ser obrigatoriamente comprado pela Rede. No entanto essa instalação também poderá ser independente, havendo nesse caso a necessidade de recorrer a baterias para armazenamento da energia produzida.

O decreto-lei nº 363/2007, de 2 de Novembro, veio simplificar o regime de licenciamento da microprodução de electricidade, criando também dois regimes de remuneração: o regime geral e o bonificado. O primeiro para a generalidade das habitações e o segundo para quem utilizar o sol também para aquecimento de água, e que tenha para isso em funcionamento um sistema solar térmico. Pretende-se assim promover o uso de água quente solar, complementando o decreto-lei nº 80/2006, de 21 de Abril, que estabelece a obrigatoriedade de instalação destes sistemas nos novos edifícios.

Infelizmente, a auto-suficiência em energia ainda está muito longe de poder ser alcançada por todos, pois os investimentos são muito elevados, não estando ao alcance da maioria e também nem todas as pessoas vivem numa vivenda ou num local onde possam instalar esse tipo de sistemas. Por outro lado se começasse a existir uma grande disseminação de sistemas individuais de produção de energia, os grandes poderes instalados neste ramo, com a sua grande sede e apetência pelo lucro, iriam certamente reagir e impedir que isso acontecesse.

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1 comentário:

  1. Acho super importante essas fontes, ainda que no brasil isso não seja tão utilizado como na Europa, cada vez mais temos adequação dos nossos sitemas e casas para receber esses benefícios, mas voce tem razão José Alexandre, é caro mesmo!

    O que impede de ser utilizado por todos que gostariam..em uma próxima vez que eu for reformar a minha casa, pretendo colocar equipamento para aquecimento solar, vou economizar muito... aqui tem sol o ano inteiro =D

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