Terras
de Sicó, serra ou serras do Sicó, maciço de Sicó... são várias as designações
que são atribuídas a uma região que abrange seis concelhos. Mas… onde fica
exatamente Sicó? O site da Associação de Desenvolvimento “Terras de Sicó” tem a
seguinte descrição sobre a localização e dimensões deste território:
Mapa das Terras de Sicó. |
«O
território "Terras de Sicó" situa-se na Região Centro de Portugal,
englobando a totalidade da área dos Municípios de Alvaiázere, Ansião,
Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure em torno do maciço da Serra de Sicó,
somando um total aproximado de 1.500 km2.».
Cremos que existe alguma confusão quanto a saber o que é e onde fica exactamente a
serra de Sicó. Geologicamente considera-se uma serra como sendo um conjunto de
montes ou montanhas, mais ou menos agrupadas, enquanto que a designação de
maciço será mais para um grupo compacto de montanhas. No caso desta serra de Sicó
ela será um conjunto de vários montes e montanhas um tanto dispersas e algumas
delas são conhecidas por outros nomes como serra de Alvaiázere, serra de
Ansião, serra do Rabaçal, serra de Janeanes, ou Monte de Vez, entre outros.
No
entanto, é uma elevação situada a poucos quilómetros a este de Pombal que é
mais conhecida pelo nome de serra de Sicó. Pelo menos é a ideia com que fica
quem, em pleno IC8, avista uma placa com essa indicação e vê a serra onde se
destacam no cume várias antenas de radiodifusão. Infelizmente quase todos os
sítios altos se encontram enfeitados com esse tipo de adorno e também agora com
os geradores eólicos que apareceram como cogumelos nas nossas serras.
Placas indicando a direção da serra de Sicó. |
Apesar
da designação de serra de Sicó, atribuída a essa montanha que tem 553 metros de altitude,
ela não é, contudo, a mais alta deste conjunto montanhoso. O ponto mais alto,
com 618 metros ,
é na elevação conhecida como serra de Alvaiázere que fica na parte oriental do
maciço e, como o nome indica, próximo da vila de Alvaiázere.
Apesar do solo calcário, no sopé da serra encontram-se vales férteis. |
Seguindo
a direção indicada pela placa que aponta para Sicó, segue-se durante mais de um
quilómetro por piso asfaltado, até que surge uma nova placa apontando para um
desvio em toutovenant. Se ignorarmos
esse desvio e continuarmos pelo asfalto, vamos encontrar, a menos de um quilómetro, as
instalações de uma pedreira. São várias as pedreiras que se encontram nas montanhas
da serra de Sicó, o que não é para admirar dada a geologia do terreno,
intensamente calcário.
Seguindo
pela estrada de toutouvenat em breve a paisagem começa a alargar-se
avistando-se a cerca de cinco quilómetros, para poente, um parque eólico de
média dimensão e um pouco mais longe o casario da zona de Pombal. Para oriente
as montanhas de Ansião e Alvaiázere, que fazem parte do chamado maciço de Sicó,
erguem-se imponentes, mas sobranceiras a longos vales o que realça a ideia de
que se trata de facto de um conjunto montanhoso pouco interligado.
Vêem-se
rochas calcárias por todo o lado, mas que, contudo, deixam espaços para o
afloramento de vegetação e sobretudo muitas oliveiras de pequeno porte.
Miradouro no cimo da serra e também o edifício inacabado que, depois de algumas pesquisas, concluímos que se destinava a uma Capela. |
No
cimo da serra foi instalado um miradouro, igual a muitos outros que se
encontram em sítios elevados desta região. Tem um relógio e sol e vistas para
oeste vislumbrando-se ao longe uma linha no horizonte para lá da qual se
adivinham as águas azuis do oceano Atlântico. Ainda mais para cima avista-se um
edifício em tijolo, inacabado, com um aspeto um tanto misterioso. Furando a placa do
telhado, ostenta o que parece ser uma grande chaminé, mas depois de entrar no
edifício, que se encontra abandonado verifica-se que, possivelmente, se trata
de um mirante. Conjeturando sobre a finalidade daquela construção inacabada, as
probabilidades apontam para um possível projeto turístico que terá falido ainda
antes de iniciar a atividade. Estas suposições estavam erradas, em parte, como
vim a descobrir mais tarde; afinal o edifício destinava-se a uma Capela, o que,
provavelmente e como acontece em outros montes e serras (algumas bem próximas),
iria trazer romarias ou pelo menos maior número de visitantes ao local, não
estando, portanto, o aspeto turístico completamente fora de contexto.
Ainda
mais para cima vamos encontrar um espaço terraplanado, antes de chegarmos à
vertente norte da montanha que, em descida abrupta, forma um quase precipício,
o que impede que daquele lado da montanha existam acessos para o fundo do vale,
que dali se avista formando um quadro de uma beleza imensa. O espaço
terraplanado é uma pista de parapentes e, de resto, o local (pelo menos aos
olhos de um leigo na matéria) parece ser ótimo para a prática desse desporto.
A
cerca de 500 metros
dali, o complexo de antenas parece uma visão que se intromete naquela paisagem
simultaneamente agreste e idílica. Aquelas torres metálicas e os pequenos
edifícios que têm na base destoam da ambiência do local, parecendo que estão
ali a desafiar e a fazer uma intrusão na natureza.
Parque de antenas, torre de vigia e marco geodésico. |
Aquele
parque de emissores faz lembrar um pouco o parque do Trevim, na serra da Lousã
e, embora seja mais pequeno e não tenha grandes edifícios como o Trevim, os
dois têm algumas semelhanças, nem que seja pelo local onde estão instalados, ou
seja, em sítios isolados e de grande beleza paisagística. Não nos pareceu estar
envolto em mistério como aconteceu quando visitamos o Trevim (Veja Instalaçõesmilitares na serra da Lousã”), mas isso deveu-se ao facto de estar um dia de
sol magnifico, que contrastava com o dia de chuva, neve e nevoeiro que estava
no dia em que fomos ao Trevim.
Ali,
como acontece no cimo de quase todos os montes, foi construído um marco
geodésico. Este marco é de formato piramidal, idêntico ao do Trevim e, tal como
ele tem ao lado um marco mais pequeno de forma cilíndrica. Ao lado está uma
moderna torre de vigia de incêndios, também esta de forma circular. Como
curiosidade refira-se que estas torres são autónomas em termos energéticos,
utilizando energias renováveis, como a solar, têm um máximo de 25 metros de altura,
fechadura magnética e uma resistência a ventos até 200 quilómetros por
hora.
Iniciámos
a descida da montanha agora pela vertente leste em direção a Ramalhais. Ao
longe as serras de Ansião e Alvaiázere, recortadas no céu azul pareciam
desafiar a uma visita. Mentalmente aceitámos o desafio; afinal acabávamos de
subir apenas a uma das montanhas da serra de Sicó e esta nem sequer era a mais
alta.
De facto a Serra de Sicó é um tesouro por descobrir, além da paisagem merece especial atenção a flora riquíssima em plantas aromáticas mediterrânicas, entre elas destaca-se a erva de santa maria que dizem ser a responsável pelo inegualável sabor do queijo do rabaçal. É uma serra linda que marca a zona de transição entre o norte continental e atlântico e o sul mediterrânico.
ResponderEliminarParabens pelo seu artigo, quando puder escreva também sobre as plantinhas que atapetam o Sicó.
Um abraço
JA
É verdade que a Serra de Sicó é muito bonita e registo com agrado a sua sugestão para escrever sobre a sua flora. Já estão no blog alguns artigos sobre a região e espero escrever mais, o problema é a falta de tempo, pois para escrever este tipo de artigos recorro a pesquisas próprias no terreno e isso dá algum trabalho e leva o seu tempo, mas o que importa é esses artigos sejam apreciados e relevantes para quem os lê.
EliminarObrigado e um abraço.