Esta foi a primeira ponte construída em cimento armado. O seu autor foi Joseph Monier. O guarda-corpo foi feito a imitar troncos e ramificações de árvores. Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/monier/monier_parte1.pdf |
Edifícios,
pontes, estradas, reservatórios… até navios!... Tudo se faz com recurso ao
betão armado. A história do cimento perde-se nas brumas do tempo e na imensidão
do universo. Já os construtores no Antigo Egipto o utilizaram para construir as
pirâmides e os romanos para erguer o Coliseu. No entanto, o cimento como hoje o
conhecemos apenas surgiria no século XIX, quando em 1824, o construtor
inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila,
transformando-as num pó fino. Aspdin percebeu que obtinha uma mistura que, após
secar, se tornava tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A
mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano,
com o nome de cimento Portland, por apresentar cor e propriedades de
durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.
Menos
de duas décadas depois Joseph-Louis Lambot, um agricultor francês, começou a
introduzir varas de ferro na argamassa de cimento na construção de tanques e é
de sua autoria o primeiro barco construído em betão armado, no ano de 1848.
Poucos
anos depois um outro francês de seu nome Joseph Monier, começou a fabricar
vasos para flores, reservatórios, lajes e pontes usando o mesmo sistema e por
isso é atribuída a ambos a autoria da descoberta do betão armado.
Viaduto em construção no Vale do Espinhal, com cerca de um km. de extensão, atravessando terrenos agrícolas. |
Em
finais do século XIX, começaram a ser ensaiados novos métodos de utilização do
aço no betão através do tensionamento das varas, mas sem grande êxito, porém a partir
de 1920 o betão pré-esforçado (Portugal) ou concreto protendido (Brasil)
conheceu um grande desenvolvimento graças ao trabalho desenvolvido pelo
engenheiro francês Eugene Freyssinet que desenvolveu vários estudos e chegou à
conclusão que o método só poderia ter êxito se fossem aplicadas elevadas
tensões no aço.
O
certo é que o betão pré-esforçado é hoje utilizado na construção civil, seja em
lajes aligeiradas de pequenas vivendas, em prédios ou em grandes obras como
pontes e outras estruturas de grande envergadura.
Foi
graças às vigotas pré-esforçadas e também pré-fabricadas que muitas habitações
populares se têm construído beneficiando de uma menor exigência de mão-de-obra
devido à facilidade de construção das lajes de piso e dos próprios telhados,
que passaram a dispensar os tradicionais vigamentos em madeira, que eram menos duráveis,
se deformavam com facilidade e não permitiam sótãos limpos como agora, isto
para não falar de um maior risco de incêndio. Essas vigotas vêm das fábricas já
cortadas à medida para os pisos a que se destinam, acompanhadas pelas
abobadilhas de barro ou de outros materiais como argila expandida e facilitam
muito o trabalho de cofragens e, no caso dos pisos de telhado, permitem a
formação das cimalhas.
Outra grande ponte ou viaduto ligando dois montes e passando por cima de uma estrada e também do rio Dueça, numa zona onde, recentemente, ocorreu um grande incêndio. |
É
também graças ao betão pré-esforçado que hoje, na construção de estradas, se
encurtam distâncias com o recurso a pontes e viadutos que atravessam rios,
ravinas, campos agrícolas e muitos outros acidentes geográficos, permitindo o
aparecimento de vias rodoviárias rectilíneas. Em terrenos muito acidentados e
onde há alguns anos atrás poderia parecer impossível a abertura de uma estrada devido
aos muitos obstáculos a transpor, com o emprego do betão armado e pré-esforçado
e também com o recurso a moderna maquinaria pesada, construir estradas e pontes
é hoje uma tarefa mais facilitada e rápida.
Um
exemplo de uma estrada em terrenos difíceis é o novo IC3 entre Coimbra e Tomar
que se encontra actualmente em construção. Numa distância de apenas cerca de
oito km (a parte que eu conheço) estão a ser construídas pelo menos cinco
grandes pontes ou viadutos e dezenas de outras estruturas idênticas de menor
dimensão. Nesta estrada é bem visível a “força” do cimento armado nos grandes
pilares e tabuleiros das várias pontes e viadutos que passam por cima de
estradas rios e ravinas, ligam encostas de montes, modificando a paisagem e
que, a curto prazo, irão alterar também as condições ambientais e até o modo de
vida de populações.
Esta
estrada avança inexoravelmente e não existem obstáculos naturais, políticos,
económicos ou históricos que a consigam deter ou retardar. A tão falada e sentida crise
económica passa-lhe ao lado e ela, por sua vez, já passou por cima de uma vila
romana descoberta na zona de Lamas onde, depois de algumas escavações que
envolveram dezenas de pessoas durante alguns meses, acabou de vez com esses
vestígios do passado, pelo menos na área que agora ocupa e a glória de Lamas
como possível descendente de Roma, parece ter sido muito efémera.
Pequeno vídeo com máquinas em movimento na
construção de um túnel para passagem de um ribeiro
As
estradas modernas onde não podem existir cruzamentos nivelados, mesmo em terrenos
planos obrigam à construção de muitos viadutos devido à necessidade de
passagens superiores ou inferiores a estradas secundárias e, assim, as entradas e
saídas da estrada principal obrigam também a um grande volume de trabalho com a
construção de acessos e a alteração de traçados de vias já existentes, tudo com
grande movimentação de terras e a ocupação de enormes áreas de terreno. Em
zonas montanhosas e acidentadas os trabalhos são redobrados e é aí que mais se
nota o “poder do cimento”.
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Olá meu amigo!
ResponderEliminarMuito interessante essa publicação, como sempre voce vai atrás, pesquisa e mostra coisas que ´pouco se vê. Achei a ponte da primeira foto muito bonita!
Tenha uma ótima semana, beijinho
tin